Vozes e sussuros

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   "Matar... sangue... posso sentir o cheiro do sangue..."
--Vocês não estão ouvindo isso? Escutem com atenção! É um sussurro, está falando sobre morte... e sangue!
  Harry Potter se mostrava indignado. Ele podia ouvir os sussuros pronunciando palavras claras, por que seus amigos não eram capazes de ouvi-los?
--Harry... não há voz nenhuma! Acho melhor ir se deitar... pode ser que esteja cansado. Quero dizer, não deve ter sido fácil ficar quase doze horas trancado em uma sala ajudando o professor Lockhart a... -mas Hermione Granger foi interrompida pelo amigo, que agora gritava em um misto de súplica e insatisfação:
-- Não Hermione! Sei do que estou falando! Ouçam... talvez se fizéssemos silêncio vocês possam...
Mas Harry fora interrompido por um grito de pavor que vinha do corredor leste.
-- Veio dali... Harry... é melhor irmos para o dormitório... não queremos encrenca não é?- Ronald Weasley estava pálido e com uma expressão assustada no rosto.
-- Deixe de ser medroso Rony, temos que ver o que está acontecendo! Vamos.
Depois de proferir tais palavras de encorajamento, Hermione puxou os amigos pelo braço em direção ao grito. Quando chegaram ao destino, se depararam com a gata do zelador Filch, Madame Nor-r-ra, pendurada pela cauda a um candelabro apagado... completamente petrificada. Nenhuma palavra era dita. Os únicos sons presentes eram as respirações aceleradas dos alunos, por conta do choque. Não tardou muito, e o zelador vinha correndo em direção à sua gata, gritando desesperado para que os alunos se afastem. Todos ao redor deram alguns passos para trás, e logo trataram de sair do local o mais rápido possível, menos três deles. Harry Potter estava petrificado, sua mente trabalhando em alta velocidade, tentando ligar os sussurros que havia ouvido ao repentino ataque da gata, a fim de encontrar alguma pista que denunciasse o dono da voz fria e baixa que presenciara pouco antes, mas sem sucesso. Rony, a seu lado, tentando convencer o amigo de sair dali e Hermione tentava consolar Filch, que chorava descontroladamente ajoelhado no chão de pedra, se perguntando por quê.
  Logo, o professor Dumbledore se aproximou, com suas enormes vestes arrastando pelo chão com incrível velocidade, porém, aparentando a mesma calma de sempre. Não demoraram a aparecer duas pessoas atrás do velho professor: Minerva McGonagall e Severo Snape.
  Enquanto o professor Snape ajudava o diretor a acalmar Filch, que soluçava e culpava constantemente os meninos pelo fatal acontecimento, a professora Minerva solicitava a presença deles em sua sala.
  Durante o caminho até a sala de McGonagall, Harry não conseguia raciocinar direito, seus pensamentos não se alinhavam. "Ouvi uma voz...meus amigos não...um grito...madame Nor-r-ra petrificada... Filch chorando... professor Dumbledore... sala da Minerva...". Sem nem que percebesse, Harry entrou na sala da professora e se sentou em uma das cadeiras dispostas em frente à sua mesa.
-- Muito bem. Quero que me expliquem calma e ordenadamente o que houve lá. O que fizeram com a gata?
-- Não fizemos nada professora! Estávamos no corredor discutindo sobre a detenção de Harry até que ouvimos um grito e corremos até lá- apressou-se Hermione, omitindo espetacularmente sobre as vozes que Harry alegara ter ouvido.
-- Quando chegamos lá havia um aglomerado de gente em volta da gata, que já estava petrificada- completou Harry depressa, diante da cara severa da professora.
-- E como me explica, senhor Potter, que os senhores eram os únicos que encontramos quando chegamos até o corredor?
-- Os outros saíram... eu... não consegui me mexer.-confessou ele com toda a sinceridade que encontrou. A professora deu um suspiro.
-- Acredito em você, senhor Potter, mas deve ser mais cuidadoso! Pelo amor de Deus, uma gata estava petrificada e vocês eram os únicos que...
  A diretora da Grifinória nunca chegou a terminar a frase, pois naquele exato momento, um garoto de cabelos loiro-platinados invadira com violência a sala da professora. Draco Malfoy estava ofegante, com uma das mãos no peito, como se precisasse recuperar o ar. Ele só conseguiu arfar algumas palavras:
-- Professor... Snape... mandou...avisar...Willow...voltou... enfermaria!
  Aquelas palavras aparentemente não só fizeram sentido para a professora, como também a sobressaltaram. Num pulo, ela estava de pé encarando Draco, e no segundo seguinte murmurou um "estão dispensados" e saiu correndo descompensada pela porta de sua sala, rumo aos corredores que levavam à enfermaria.

Willow Black LestrangeOnde histórias criam vida. Descubra agora