A mentira e a carta

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  Hermione estava petrificada, o basilisco infelismente a encontrou antes de poder entregar o papel para seus amigos. Mas ao contrário do que todos pensavam, ela estava plenamente consciente. Ela via seus melhores amigos visitando-a e trocando as flores do vaso ao lado de sua maca. E também viu quando Willow entrou sangrando na ala hospitalar. Draco sempre a seu lado.
-- Willow, quer que eu busque comida?-ele perguntava em uma noite de chuva, em que Harry e Rony não apareceram para visitá-la. Provavelmente pelo excesso de deveres de casa.
-- NÃO! Já te disse para parar de me tratar como um bebê!
  Draco revirou os olhos e suspirou. A teimosia da prima era inacreditável, ele virou para o lado, para examinar melhor o aposento. Encontrou então, deitada ali, totalmente petrificada, Granger. A cor sumiu competamente de seu rosto, ficou mais branco do que ja era, se é que isso era possível. Willow percebeu e interrompeu o transe do loiro:
-- Gosta dela não é?
-- Um pouco, mas você sabe...
-- Sangue ruim- completaram juntos. Draco deu um suspiro longo de frustração e Willow disse quase que num sussuro:
-- Vamos dormir.
  Draco saiu da ala hospitalar, e assim que passou pela porta a mudança de aparência foi quase evidente. Antes cansado e preocupado, agora adotava uma pose de deboche e superioridade, e caminhava decidida e tranquilidade até seu salão comunal.
  Hermione ouvira perfeitamente cada palavra, e jazia estupefada e petrificada na maca em frente à de Willow, que disse depois de um tempo com uma voz tranquila:
-- Sei que ouviu cada palavra Granger.
  Willow dormiu tranquilamente, embora Hermione estivesse transtornada de mais para descansar. O que Draco vira nela? Nem mesmo Harry e Rony a achavam interessante. Embora fossem seus amigos, Hermione não se esqueceu do ano passado, durante o episódio com o trasgo.
   No dia seguinte Harry encontrou o papel na mão da amiga, para o alívio dela. Hermione já tinha esquecido a revelação de Draco, afinal, ele mesmo dissera, não poderia ter nada com ela, era uma sangue-ruim. O mais interessante para ela era ouvir coisas que os outros revelavam, sem saber que ela estava consciente.
  Ela ouviu de tudo naquela ala hospitalar, desde informações inúteis, como o namoro de Dino com uma corvina, até informações interessantes, como a senha do salão comunal da Lufa-Lufa.
  A única pessoa que aparentemente tomava extremo cuidado com o que deixava escapar era Willow, que, Hermione não entendia como, tinha plena conciência de que ela estava acordada. Black tinha uma rotina estranha, concluíra Granger: ela acordava, checava se o ferimento havia melhorado, pegava o Profeta Diário, que era entregado sempre pela mesma coruja, pulava todas as notícias que não tinham a ver com Azkaban, suspirava aliviada e conferia novamente uma carta, que havia recebido dias antes. Então Malfoy chegava, ela agilmente escondia a carta e eles começavam a conversar, os dois se alfinetando. Parecia ser uma brincadeira de família.
  Madame Pomfrey finalmente chegara com a poção de mandrágoras pronta, e Hermione fingiu que despertara de um sono longo e profundo, todos ao redor pareciam aliviados, mas a sonserina, que já estava de pé pronta para ir para seu dormitório original, levantou uma sobrancelha, lançando a Mione um olhar debochado. Ela ignorou e seguiu para o salão principal, onde abraçou Harry e Rony que a esperavam com um sorriso no rosto.
-- Precisava ter visto Mione! Harry salvou Gina, o professor perdeu a memória por causa da minha varinha quebrada e tinha uma cobra enorme!
-- Pelo jeito conseguiram se virar com o basilisco! -ela exclamou sorridente.
-- Não teríamos conseguido se não fosse você! É um gênio! Onde conseguiu a as informações sobre o basilisco? -Harry parecia muito animado. Hermione pensou um pouco e respirou fundo. Era melhor não tocar no assunto com seus amigos, eles não entenderiam. Ela tomou fôlego e mentiu descaradamente:
-- Biblioteca! Estava na biblioteca na sessão reservada e encontrei um livro sobre basiliscos, então arranquei uma folha fui procurar vocês... só que ouvi um deslisar atrás de mim, e usei meu espelho para olhar... dei de cara com olhos muito feios e amarelos... e depois...não me lembro de nada até Madame Pomfrey me acordar.
  Não houve dificuldade alguma em fazer Harry e Rony acreditarem. Logo estavam comendo tranquilamente, como se nada tivesse acontecido.
  As férias chegaram juntamente com a libertação de Dobby,o elfo doméstico, e com a tremenda fúria de Lúcio Malfoy, por ter sido vencido novamente pelo "menino que sobreviveu". Fúria essa, que ele descontava em Draco, que passava mais de 15 horas por dia trancado no quarto, com medo que seu pai o encontrasse e o castigasse novamente por alguma coisa estúpida, como por exemplo, por ter deixado o chão do banheiro molhado depois do banho.
  Willow não tinha condições nem vontade de ficar com seus pais. "Vigaristas mal amados. Filhos de um dementador. Apodreçam em Azkaban e façam isso sem mim" pensava ela. Foi muito bem recebida na Mansão Malfoy por sua tia Narcisa, que era toda orgulhosa da sobrinha que tinha. Ela lia e relia a carta que lhe fora mandada, pedindo que, no ano seguinte, visite a cela 385 da prisão. Isso a deixara muito intrigada, pois ela sabia que as celas de seus pais eram 476 e 482. Segurança máxima.
  O mais estranho, pensava ela, era a assinatura: de um parente um tanto quanto distante.

Willow Black LestrangeOnde histórias criam vida. Descubra agora