Dor

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  Depois de muito tempo pendurado gritando, Draco finalmente desmaiou. Acordou na enfermaria mesmo sem saber como fora parar ali. Não se importava com isso, só pensava em dar uma boa lição na prima. As aulas chegaram ao fim, e os alunos se preparavam para voltar para suas casas.
  No salão da Sonserina, Willow Black organizava seu malão suspirando. Não queria voltar para a Mansão Malfoy. Sentia muito calor, mas não podia retirar a blusa de manga comprida enquanto uma certa tatuagem se movia lentamente em seu braço esquerdo. Ao seu lado, Astória também se preparava para a partida animada, tagarelando sobre as férias que passaria fora do país.
  Willow revira os olhos, enquanto deixava o resto de sua mala se arrumar sozinha e observava a luxuosa janela de vidro que cobria mais da metade da parede de seu quarto. A Sonserina sempre foi a mais deslumbrante das casas. Seu salão comunal era, sem dúvidas, o mais belo de todos. Por localizar-se nas masmorras, bem abaixo do lago negro, o clima ali era frio. Sua iluminação fraca, e suas cores verdes davam um ar ainda mais gélido ao local. Mas isso nunca foi um problema para os sonserinos, que desfrutavam de sofás de luxo, candelabros de prata, poltronas de veludo e todo o conforto sofisticado que Salazar não abrira mão. Além disso, cada dormitório recebia a luz esverdeada do sol que passava antes pelo lago negro até chegar nas bem lacradas janelas de vidro dos quartos, que tinham um belíssimo deslumbre do interior do lago e suas criaturas (isso sem falar a estonteante iluminação de luz refletida nas águas verdes do lago, que deixava as paredes com um tranquilo movimento de luzes e cores calmas).
  A morena suspirou e deitou-se em sua cama, olhando para o teto, enquanto a única colega de quarto que ainda não havia saído continuava tagarelando para as paredes, enquanto pensava que Willow prestava atenção no que ela dizia. Uma batida na porta foi ouvida, e Black levantou-se para atender, dando de cara com um Draco mal humorado chamando-a para seguir para o trem. Ela riu da situação do loiro, que depois de tanto tempo desmaiado, ficara mais branco que o normal.
  -- Draquiiiinho!! Veio me visitar antes que eu fosse embora, foi? - Astória disse manhosa.
  -- Na verdade, só vim buscar essa vadia que eu chamo de prima porque ela está me atrasando - Willow riu alto da fúria na voz do garoto.
  -- Credo Draquinho, não vai nem se despedir de mim? - Astória continuava seu jogo.
  Draco revirou os olhos internamente pelo apelido ridículo e pelas claras investidas da garota.
  -- Você sabe que eu adoraria, Asty... -disse sedutor - Mas se eu tentar entrar vou levar um choque terrível, você sabe como Salazar foi rigoroso quanto à proteção dos quartos femininos. Mas quem sabe ano que vem você não faça uma visitinha no meu dormitório. - piscou, vendo a garota se derreter, e puxou a prima pelo braço, para conseguirem uma boa cabine.
  -- Que porra de ideia foi essa de me deixar se cabeça para baixo? Eu poderia ter morrido!
  -- Exagerado. Foi só uma brincadeirinha inocente. Além do mais, você ainda está vivo.
  -- Não seria capaz de viver sem mim.
  -- Experimente me chamar de Lestrange de novo.
  -- Pare com essa merda, é o seu nome, você sabe disso. Também não estou muito satisfeito com "Malfoy".
  -- Ah, cale essa boca, filhinho de mamãe, você não tem nada do que reclamar. Agora solte meu braço, está queimando!
  Draco soltou imediatamente, havia se esquecido desse "detalhe". Assim que acharam a cabine de seus amigos, entraram.
  A viagem foi tranquila, apesar do constante medo dos alunos de todas as casas em relação à volta de Lord Voldemort. Para Harry, isso significava mais trabalho. Para Rony, significava mais "cuidado" de sua mãe e, consequentemente, mais broncas. Para Hermione significava mais perigo a seus pais. Para Draco, menos atenção de sua família, mas para Willow...
  Para Willow Black, as preocupações nem sequer chegam perto de ser fúteis. Aquilo, para ela, significaria tortura. Tanto física como psicológica. Dali para frente, ela não só teria que aceitar sua família, mas fazer parte dela. Teria não só que seguir ordens, mas concordar com elas, afinal, sabia que o Lord tinha passe livre por sua mente, e que isso significava que seus pensamentos rebeldes a fariam ser atingida constantemente pela maldição Cruciatos.
  A Marca Negra queimava em seu braço, mas não era física a dor maior. Agora precisaria proteger Draco. Proteger de Voldemort, de seu pai, de seu próprio sofrimento. Por mais que Narcisa Malfoy fizesse o possível e impossível para proteger seu filho, não seria capaz de confrontar seu marido. Willow sim. Ao contrário da tia, não tinha sequer vestígios de laços afetivos com Lúcio Malfoy, tampouco tinha medo dele.
  Assim que chegaram na mansão, mais fria e sombria do que o normal, viram a figura despenteada e cínica de Bellatrix Lestrange, sentada em uma poltrona.
  -- Vem, vamos para o quarto, Draco.
  Sem questionar, o garoto seguiu a prima pelas escadas acima. Mas uma voz os interrompeu.
  -- Não vai cumprimentar sua mãe, filhota? -- Bellatrix riu divertida.
  Willow virou-se, com os olhos brilhando em malícia, um sorriso cruel brincando em sua boca.
  -- Oh, oi mamãe! Não sabia que estava aí... pensei que agora que tem oportunidade, estaria correndo atrás de seu antigo namorado!
  O sorriso de Bella se desfez imediatamente, e ela se levantou cautelosa.
  -- Draco suba!
  -- Willow...
  -- Eu disse SUBA! Se descer estará encrencado. Tenho que conversar com minha mãe, ande logo.
  --  Eu...
  -- Draco Malfoy, para seu quarto imediatamente. E NÃO SE ATREVA A DESCER.
  Ele obedeceu a prima, mesmo que não quisesse. Subiu o mais rapidamente possível, e se trancou em seu quarto. Prestou atenção, mas não pôde ouvir a conversa direito. Houveram vários sons de coisas quebrando, e alguns feitiços sendo gritados.
  -- CRÚCIO!
  Quando os gritos de sua prima começaram, lançou um Abaffiato na porta de seu quarto. Não conseguiria ouvir isso. "Uma briga saudável entre mãe e filha..." pensou cansado, indo em direção ao banheiro, tentando não se lembrar de que Willow estava sendo torturada na sala de baixo.

 

Willow Black LestrangeOnde histórias criam vida. Descubra agora