As aulas foram passando, e o natal se aproximando. Muito bom para alguns, triste para outros e para poucos, aterrorizante. A AD continuou seus encontros, Draco e Hermione também. Quanto mais o tempo passava, menos feliz ele ficava, ao perceber que não só ficava ansioso para a meia noite, como também ficava cada dia mais curioso com a gifinória.
Ele percebeu detalhes, poucos detalhes, que nunca havia reparado antes, como por exemplo: a cara de concentração dela quando lia algum livro, o modo como ela levantava a cabeça e empinava o nariz convencida quando realizava bem um feitiço, a risada dela quando ele era jogado no chão e suas bochechas que coravam constantemente com as brincadeirinhas de duplo sentido dele.
Seria Grander tão inocente quanto aparenta ser? Ou ela escondia alguma coisa? Talvez ela transasse com Weasley-Pobretão. Ou até mesmo o Super-Cicatriz. Não, duvidava que eles dessem conta. Ele constantemente evitava olhar em seu rosto, e vivia afastando pensamentos indevidos quando ela deixava de lado a Granger educada, certinha e chata, para virar a professora confiante, mandona e boca-suja. E que boca. Chega Draco, mas que merda.
O natal finalmente chegou e ele teria um tempo longe da Sangue Ruim. Agora seus problemas seriam outros. No salão da Sonserina, sua prima o esperava. Malas prontas e, com o perdão da palavra, o cu na mão. Nunca era uma boa notícia quando ela era convocada para o "natal" na Mansão Malfoy. Pelo menos Draco estria com ela dessa vez. Infelizmente, ele provavelmente seria obrigado a ficar trancado no quarto enquanto ela era torturada. Mas tudo bem. À noite ela iria até o quarto dele, e ficariam horas conversando, como sempre faziam, tentando confortar um ao outro, convencer um ao outro que, no final, ficariam bem.O loiro finalmente apareceu, vestido todo de preto, pronto para embarcar, e eles foram, sem trocar uma palavra, até o trem. A viagem foi nauseante para Willow, que logo se sentiu claustrofóbica na cabine com os sonserinos, disposta a andar o trem todo se precisasse, para acalmar-se. Ela passou pela moça dos doces, entrou na cabine da Grifinória. Andava calmamente, até que as pessoas começaram a cochichar. Então ela sentiu um calor estranho dentro dela, e logo a cabine a estava matando sufocada. Ela sentiu uma ardência profunda na tatuagem e ouviu uma voz viperina em sua cabeça, cochichando. "Espero que estejam vindo". Ela respondeu baixo, quase inaudível "Estamos MiLord".
O ar faltou, o mundo rodou, tudo nela era mal estar, ela não aguentaria mais dois passos. O calor se tornou insuportável, as vozes estavam distantes e alucinógenas, e a marca em seu braço queimava como fogo. Ela se sentiu cair. Mas algo, alguém, a aparou. Ela sentiu-se ser colocada em uma almofada macia, e se permitiu dormir, tentando se livrar da dor de cabeça.
Algum tempo mais tarde dispetou, alarmada, para descobrir que estava em uma das cabines e que o trem ainda andava. A cabine estava vazia, mas havia um pano molhado em sua cabeça, e uma capa apoiada no banco à sua frente. Lá fora chovia, e ela reparou com alívio que nada mais doía. Nem sua cabeça, nem seu braço. Olhou em volta curiosa, e viu detalhes em azul e prata por toda a extensão da cabine. Estava na Corvinal? Mas que diabos... ela havia passado nas mãos de uma boa parte da Corvinal, era verdade, mas nunca se lembrou de nenhum dos nomes das pessoas com quem dormiu e duvidava que eles também se lembrassem dela a ponto de se importarem em ajudá-la.
Não muito tempo depois a porta foi aberta, e um cheiro forte de baunilha se espalhou por ela toda. Uma garota de cabelos longos e cacheados, brancos como a neve, entrou e se assustou com os olhos abertos da sonserina.
-- Lovegood?
-- Ah! Olá! Eu fui buscar algo pra comer, você estava fraca. - ela sorriu docemente, estendendo alguns doces para Willow. - trouxe essa sopa também, é melhor comer antes dos doces, eles podem te deixar enjoada.
-- Obrigada.Era uma palavra estranha. Obrigada. Mas ela sentiu q deveria dizê-la, afinal, a garota cuidou dela perfeitamente. Se sentou com cuidado, aceitando a tigela de sopa, que estava quente. Lembrou-se vagamente de Naguini, mas logo afastou o pensamento. Comeu a sopa devagar, mantendo a cabeça baixa, um pouco envergonhada. Logo, terminou e olhou para a garota. Ela tinha um corpo magro, porém bem desenhado, sua pele era branca como a neve, combinando com seu cabelo, e seu rosto era calmo e sereno, enquanto ela mexia em um pano e colocava alguns cubos de gelo por cima dele. Ela cantarolava uma melodia desconhecida e até engraçadinha enquando dobrava o tecido sobre o gelo, concentrada em sua antividade, mas ao mesmo tempo tranquila.
Ela levantou-se calmamente e sentou-se ao lado de Willow, segurando seu braço esquerto. A morena levantou-se assustada, puxando o braço da mão da loira em posição de defesa.
-- Não precisa se preocupar, Lovegood, eu estou melhor.
-- Willow, ande logo, preciso colocar gelo, ou então vai doer pela tarde inteira.
-- É minha cabeça que dói, não o braço.
-- Não seja tão teimosa, venha logo!
-- V-você não entende Lovegood...
-- É claro que eu entendo! Venha, rápido! Pode ser que piore mais tarde se não colocar gelo nela.
-- N...nela?
-- É, a tatuagem. Pare de ser infantil, você sabe que ela estava queimando. Me deixe ajudar!Black estava pasma. Estagnada. Como ela sabia? Um arrepio subiu por sua espinha. Estava fodida. Espere até Potter saber, espere até McGonagall saber, espere até Dumbledore saber. Estava morta. Tinha certeza. Seu rosto com certreza empalideceu, pois a garota a olhou preocupada, e a puxou para o assento sem que ela conseguisse reagir.
-- Está doendo de novo?
-- N-não... - foi só o que conseguiu pronunciar, enquanto observava estática a loira levantar sua manga, sem nenhuma expressão de surpresa no rosto, e pressionar sua bolsa improvisada de gelo sobre sua Marca Negra. A morena tensionou o corpo e Luna rapidamente lançou um Abaffiato na porta da cabine, bem na hora, pois a sonserina soltou um urro de dor.
-- Shhhh, calma. Eu sei que dói, aguente firme, logo o gelo vai anestesiar sua pele.
Era agonizante, horrível, ela começou a sentir seus músculos tensionados tremerem pelo esforço de suportar a dor. Olhou para cima, na tentativa de impedir as lágrimas que se acumularam nos seus olhos de caírem, mas a loira abaixou sua cabeça suavemente segurando seu queixo e delicadamente limpou suas lágrimas com um sorriso terno.
Willow fez cara feia, irritada por ter derramado lágrimas na frente de alguém, permitindo-se sentir finalmente a prometida sensação de anestésico do gelo, mas sua careta fez Luna rir.
-- Você ainda é humana apesar de tudo, sabia? Acho que devia ter alguém pra te lembrar disso algumas vezes.
Black abaixou a cabeça, envergonhada, mas tudo que a loira fez foi mudar algumas vezes a posição da compressa de gelo até deixá-la dentro de um pacote, sem perguntas, sem julgamento. Willow olhou para seu braço, sua tatuagem era em tom preto forte, mas havia parado de queimar e se movimentar, o que era um bom sinal. Por Deus, afinal, quem era essa garota?
-- Como... como soube?
-- Eu me pergunto como os outros não sabem. Às vezes as pessoas são cegas, mas essa é uma escolha delas, então não me intrometo.
-- O que quer dizer?
-- Quem quer saber, sabe.A sonserina tinha que confessar que essa conversa não fez muito sentido para ela, mas isso não vinha ao caso. A garota era corvina e parecia saber o que estava dizendo, então ela preferiu não contestar, e apenas mudou o assunto da conversa.
-- Vai contar ao Potter?
-- Por que contaria?
-- Está brincando? Eu sou uma comensal. Isso não te assusta? Não quer gritar por ajuda, me expor para toda a escola? Contar para um dos professores para acabar com minhas possibilidades de ajudar Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado?
-- Eu não faria isso. Harry tem seus próprios problemas, e além disso, eu já disse, sabe sobre você qualquer um que quiser. Acontece que as pessoas estão com medo, por isso preferem não ver.
-- Eu... não entendo...
-- Ouça. Há uma profecia, e ela se cumprirá, não importa o que aconteça, não vamos mudar isso. O futuro foi escrito, então, nos resta viver o presente. E no presente, você estaria encrencada se uma notícia dessas vazasse.Fazia sentido. Por mais maluca que ela fosse, falando com essa voz cantarolada, parecendo fora da realidade, suas palavras eram sábias e ela era sim, muito inteligente. "O fururo foi escrito, então, nos resta viver o presente" era a melodia que ecoaria na cabeça de Willow sempre que ela entrasse em pânico, numa voz calma e doce, para mantê-la sã.
Luna sorriu alegremente e se levantou, tirando o Abaffiato da cabine e a abrindo, já dando seus primeiros passos para fora da mesma.
-- Até mais, Willow! - disse contente, mais uma vez se referindo à morena pelo primeiro nome, o que não passou despercebido.Antes que a garota saísse e se perdesse na multidão de alunos que saíam do trem que acabara de chegar na estação, a sonserina a puxou pela sintura com um pouco mais de força que o necessário, o que fez seus corpos trombarem e seus rostos ficarem alarmantemente próximos.
-- Obrigada... - disse pela segunda vez no dia - Luna.
A garota sorriu inocentemente, pegando seu malão e se dirigindo à saída do trem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Willow Black Lestrange
FanfictionBellatrix aparentemente teve uma filha com Rodolfo... ela pode ser bem diferente do que todos imaginam... mas como saber? Ela foi criada de modo a saber atuar. A historia poderia ter sido bem diferente se ela tivesse sido citada nos livros. Ela é ap...