Travessa do Tranco

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  No Beco Diagonal, com um saco generoso de galeões e um Draco muito emburrado, Willow seguia para comprar seus materiais. Eles já estavam atrasados, o primeiro dia de aula era no dia seguinte.
  Willow estava para começar seu quinto ano, e Draco, o quarto. Enquanto compravam uniformes, Draco observava sua prima. "Você realmente tem um corpo lindo, Willow". Então ele sentiu nojo, afinal, isso o fez lembrar de Granger "Deve ser a falta de sono. É isso, preciso descansar".
  Willow aproveitou que Draco fora comprar seus livros, e se esquivou sorrateiramente dos bruxos que faziam compras animados, até chegar a uma passagem escura, de pedras empoeiradas e mal organizadas, com uma placa antiga e surrada, cujo nome pintado, que já quase não aparecia, revelava o título "Travessa do Tranco".
  Andando decidida pelo lugar que já conhecia tão bem (sua mãe a levava quando ela tinha 6 anos, antes de ter sido presa) Willow Les...Black observava, pelo caminho, a índole dos bruxos que ali haviam. Havia uma bruxa de cabelos pretos embrenhados e roupas sujas e rasgadas. Aquela era Clarie (uma antiga bruxa das trevas, que usou uma maldição de modo errado, e acabou enlouquecendo). Ela brincava alegremente com um esquilo morto, encolhida em um canto sujo da Hells Drink (uma loja de venenos e misturas amaldiçoadas) enquanto gargalhava por algum motivo desconhecido. Willow riu. Clarie era um amor de pessoa, quando não estava tendo uma de suas crises de pânico.
  Sob uma velha estátua de um dementador, feita de pedras da época medieval, estava John, um homem que nunca falava, ele sempre fazia negócios com Rodolfo Lestrange (vulgo pai de Willow) mas nunca abria a boca para assunto nenhum senão negócios.
  Ela assistiu uma disputa de varinhas, que resultou na morte de um dos desafiantes. Viu poções desconhecidas (provavelmente entorpecentes) serem digeridas e adicionadas à bebida de alheios. Viu uma bruxa de aparência severa, decepando uma coruja e coletando seu sangue. Bom, aquele lugar não era para amadores.
  Finalmente, o destino. Borgin & Burkes. Willow andou contente entre as prateleiras escuras e empoeiradas. O lugar era confortável, embora escuro e frio, mas ela já estava habituada. O Sr. Borgin estava sentado ao fundo da loja, atrás de um balcão empoeirado, fumando um caximbo e lendo um artigo.
  Levantou a cabeça assim que percebeu a presença da garota, que vagava tranquilamente entre as prateleiras, olhando os produtos sem tocá-los "é esperta o bastante para não encostar em nada".
-- Willow! A quanto tempo minha querida! Não te vejo desde que tinha nove anos! Está linda!
-- Gentileza sua, Borgin. Estava com saudades! - ela respondeu sorridente, para agradar o velho.
-- O que procura?
-- Algo que eu possa carregar... mas que suporte uma magia extremamente poderosa. - ela sorriu divertida. "Ela vai fazer merda" concluiu Borgin, mas a atendeu mesmo assim. Afinal, quem era ele para recusar a fortuna dos Lestrange?
  Longe dali, acabando de comprar seus materiais, estava Draco. Totalmente perdido. "Cadê a Willow? Como eu perdi a Willow? Ela chama mais atenção que o Hagrid". Ainda desorientado, ele andou até uma loja sobre artigos de quadribol, para passar o tempo. Enquanto ele olhava as vitrines da loja, para checar as novidades, ele avistou de longe Granger e seus pais trouxas. "Não era pra essa nojenta estar com os Weasley?" Decidiu ignorá-la completamente, se esforçando para não pensar na Copa Mundial. Logo, ele estava preocupado com sua prima.
  Decidiu procurá-la, andando pelas lojas e tentando lembrar-se de alguma que ela gostava, mas Black não se sentia confortável no Beco Diagonal, ele sabia disso. Teria ela ido embora e deixado ele ali? "Ela seria perfeitamente capaz de uma coisa assim" pensou o loiro.
  Passou pelos Granger, e ignorou completamente a garota de cabelos cacheados e olhos castanhos, mas percebeu uma coisa que inesperadamente o deixou irritado: ela nem reparara em sua presença.
-- Hey! Draquinho! Por que a cara de quem comeu e não gostou? - uma voz sarcástica e divertida.
-- Finalmente, Willow, onde foi que você se enfiou?
  -- Fui comprar uma coisinha! - ela sorriu doce - Vai dizer que não é um amor? - disse mostrando o colar prateado que estava em seu pescoço, no formato de um círculo, com uma pequena pena desenhada de preto no centro. Parecia ter custado uma fortuna.
-- É lindo, Black. Vamos embora?
  "Credo, que mau humor" ela assentiu e foram andando calmamente até seu tio, que os esperava para partir "Não é normal ele me chamar de Black... é melhor eu não encher".
  De volta à mansão, de malas prontas, Draco Malfoy e Willow Black já estavam prontos para partir, rumo a um novo ano em Hogwarts. Narcisa se despedia de Draco com fortes abraços, enquanto Lúcio anunciava algumas coisas.
-- Esse ano será especial. Vocês terão uma grande surpresa. Será anunciado no Grande Salão, durante o jantar. O ministro me informou que será realizado em Hogwarts esse ano o Torneio Tribruxo.
  Draco o olhou assustado, mas admirado, com os olhos brilhando em espectativa. Willow prendeu o riso "É, tio Lúcio, você sabe guardar segredo. Adeus 'grande surpresa'. Hahaha".
-- Enfim, espero que tenham um ótimo ano. - Seu tom era o mesmo frio e sem expressão de sempre.
-- Obrigada, tio Lúcio! Você realmente nos deixou animados! -Sorriu cínica a morena. Draco entrou na grande lareira, citou a estação de trem e foi engolido por chamas verdes.
  Imediatamente, Lúcio e Narcisa adotaram uma expressão severa.
-- Willow, te queremos de volta para as férias de natal. É bom que esteja aqui.
  Desconfiada, já que aquela família não comemorava o natal, ela franziu a testa, mas concordou levemente com a cabeça e partiu, sendo tomada por uma explosão de labaredas verdes, assim como o garoto, e aparecendo minutos depois em outro lugar, que não a fria e escura mansão, mas sim, um lugar caloroso, contente e movimentado, que era a estação de Trem, com a grande locomotiva vermelha apitando, e familiares se despedindo, e amigos se cumprimentando. Como Willow invejava essas famílias, elas jamais imaginariam. Mesmo assim, suspirando profundamente, ela embarcou na grande locomotiva.

Willow Black LestrangeOnde histórias criam vida. Descubra agora