Potter?

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  Depois de se recuperar do pequeno susto, Harry virou-se para dar de cara com um rosto pálido, porém bonito, e cabelos cacheados pretos, totalmente embaraçados.
-- Potter! Bom ver você! Pode me ajudar a carregar alguns livros até a biblioteca?
-- Ah! Black! Oi... ahn... posso sim, claro! -pegou alguns dos muitos livros que a sonserina carregava e a acompanhou pelos corredores do castelo.
-- Ah! Harry Potter! O menino que sobreviveu! Sabe, fiquei realmente surpresa quando escutei que você estava no castelo pela primeira vez. -"Quem não ficou?" Pensou ele desanimado.
-- Entretanto, não me parceu... você e seu primo me marcaram desde o primeiro momento.
-- Ah... esqueça isso... você sabe, o orgulho dos Malfoy... Draco realmente ficou chateado quando você recusou aquele aperto de mãos...
-- Está me dizendo que tudo que ele têm feito desde que cheguei nessa escola foi por causa de um maldito aperto de mãos?
-- Claro que não, mas isso ajudou em uma pequena porcentagem.
-- De qualquer modo não me importo. Não gostaria de ser visto como amigo do Malfoy. Sem ofensas...
-- Não ofendeu. Tenho que confessar que ele realmente é irritante quando tem vontade...
-- Bom, mudando de assunto... para que todos esses livros? -Willow pareceu pensar um pouco antes de responder.
-- Na verdade não deveria dizer isso, mas estou ajudando o professor Moody... sou algum tipo de "aluna preferida". -Harry riu- O quê? Duvida que uma Lestrange possa se dar bem com um Auror? -Ele olhou-a surpreso. Ela não costumava pronunciar o sobrenome em voz alta. Depois seu olhar se tornou sujestivo - Tudo bem, você me pegou! Ele me detesta, estou cumprindo uma detenção e você não deveria estar me ajudando.
  Potter riu e revirou os olhos. Ela sabia trapacear muito bem.
-- Pronto para a segunda tarefa, cicatriz?
-- Na verdade, não tenho ideia do que fazer para não morrer afogado.
-- Uh... isso não parece muito promissor...
-- Não é... preciso ficar uma hora em baixo da água...
-- Hey! Eu sei como ajudar! Li alguma coisa parecida nos livros de Herbologia.
-- Ahn... por que você me ajudaria?
-- P-porque... bom, o outro campeão de Hogwarts é Cedrico Diggory e, sinceramente, não confio nossa vitória a um lufano...
  "Claro" pensou Harry. Quando chegaram à biblioteca, Willow explicou tudo a ele sobre a planta, e onde encontrá-la (no estoque de Snape) enquanto organizava os livros na prateleira com sua varinha.
  Se despediram e ela seguiu para a sala de Moody, não antes de desejar "boa sorte Testa-Mágica".
  Seu humor continuava o mesmo desde que chegara, mas é claro, só os sonserinos perceberam. Ela desfilava pelos corredores como sempre fez, misturando o sexy com o sarcástico. Era sem dúvidas uma bruxa e tanto.
  Hermione e Víctor Krum saíam sempre que possível. Nessas ocasiões, Draco se tornava estranhamente amoroso e apaixonado por sua namorada Pansy. Mas quando os passeios acabavam, ele voltava a ser o mesmo Malfoy de sempre. Frio e sigiloso.
  Embora muitos caracterizassem o loiro como uma pessoa má, ele na verdade era muito carinhoso com quem queria. Estivera preocupado desde que Willow chegara das férias. "Ela anda séria..." concluia ele sempre que a via pelos corredores sem quebrar alguma coisa ou incomodar Pirraça (que anda mais com os gêmeos Weasley, já que a morena abandonara o cargo de pegadinhas).
  Ó sim. Salazar, ela estava esquisita. Durante muito tempo ficava conversando com o professor Moody, e durante a segunda tarefa estava torcendo para Potter (não demonstrava, claro, mas Draco sentiu-a suspirar aliviada quando ele ganhou o segundo lugar por seu gesto heroico).
  Alguns dias depois da segunda tarefa, Willow passou quase duas semanas sem comparecer em nenhuma aula do dia. Draco não a via a dias, e não prestava atenção em nada ao redor, somente em procurar um rosto pálido e cabelos pretos cacheados. Onde estaria ela?
  Por fim, quando desistiu e resolveu relaxar, furtou o pomo de ouro da maleta do capitão de seu time de quadribol e saiu com sua vassoura em diração ao campo. E lá estava ela. Vestida de preto, cabelos desgrenhados, baixa estatura e corpo definido. Sentada no meio do campo, olhando para suas mãos. Draco soltou a vassoura e permitiu que o pomo voasse quando saiu correndo em direção à prima.
  Quando se aproximou o suficiente para ver seu rosto, o loiro deu dois passos para trás, chocado. Depois de longos minutos de boca aberta, sem falar nada, abaixou-se para ficar em frente a ela.
-- Willow? P-por que está chorando? -sim, é exatamente o que você está pensando. Ele nunca a tinha visto chorar.
-- Não se preocupe, Draco, vá embora. -sua voz saía fraca.
-- Ninguém me tira daqui.
  Ele ficou em silêncio, dando a ela um tipo de espaço pessoal. Ela olhava para baixo e mexia no colar prateado que comprara na Travessa do Tranco, lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Logo depois ouvem-se passos, e uma figura morena, com um uniforme vermelho aparece.
-- Potter? O que está fazendo aqui?
-- Bom... vim treinar um pouco... mas... parece que o campo está ocupado. Por que está chorando, Black?
-- Não é da sua conta!
-- Bom, só tentei ser simpático. A propósito, Malfoy, Hermione estava te procurando.
-- Granger? O que ela quer?
-- Me pergunto a mesma coisa.
  Draco deixou a prima com o garoto, que ficou em pé, observando por um minuto. Por um lado queria ficar ali e ajudar, como um gesto de gratidão por ela ter ajudado na prova. Por outro, tinha medo de ser atacado a qualquer momento, então apenas ficou em pé olhando-a.
  Assim parecia uma garota tão frágil... tão... comum. Além disso, ela já se mostrara generosa  com ele. Mas por outro lado, ele já a vira estuporar um garoto e quebrar a mesa da Sonserina por um simples sobrenome, já fora humilhado por ela muitas vezes, e ela já havia sido sentenciada a um ano em Azkaban. De onde, a propósito, também tivera voltado tão fraca e indefesa.
  Virou as costas e seguiu para o castelo, mas não sem ser interrompido pela voz chorosa da garota:
  -- Potter?
  -- Sim?
  -- Você acha que sou má?
  E assim, incapaz de se decidir ou formular uma resposta, Harry foi obrigado a ignorá-la e continuar andando em direção à escola.

Willow Black LestrangeOnde histórias criam vida. Descubra agora