Surpresa

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  Draco acordou sobressaltado. Sonhara com sua prima, ela havia caído em um buraco profundo e escuro na Floresta Negra. Respirou fundo e convenceu a si mesmo de que fora apenas um sonho. Levantou-se enquanto todos ainda dormiam, e constatou que era de madrugada.
  O sono não vinha novamente, portanto, ele foi obrigado a caminhar um pouco, isso o acalmaria. Caminhou descalço pelos corredores escuros do castelo, usava apenas uma calça preta de pijama. Não gostava de dormir de camisa. Deixara sua varinha no quarto, por isso andava em completa escuridão. Ele se orientava apenas por sons, e por sua mão que deslisava em uma das paredes.
  O castelo estava mais silencioso que o normal, já que a maioria dos alunos voltara para suas casas, o que fez Draco voltar a pensar em sua prima. Com a intenção de desviar esses pensamentos, o loiro começou a caminhar mais rapidamente, quando esbarra bruscamente em alguma coisa e cai no chão. Escuta livros serem derrubados e uma varinha iluminada cai ao seu lado.
  Ele rapidamente pega a varinha e aponta para frente, mas não consegue ver ninguém, só uma montanha de livros esparramados pelo chão. Ele ouve uma respiração ofegante se afastando, e um nome rapidamente vem à sua cabeça "Potter".
  Ele estica a mão e ela esbarra em algo sólido, porém macio, ancioso para revelar o rosto do inimigo e denunciá-lo para Snape, que com certeza tiraria pontos da Grifinória por isso, ele puxa a capa de invisibilidade. Mas qual não é sua surpresa, ao se deparar com olhos castanhos, ao invés de verdes.
-- Granger!?
-- Psiu! Fale baixo, Malfoy! Quer nos denunciar?
-- Não tente me dar ordens, Sangue-Ruim! O que faz aqui?
  Hermione, que estava recuperando seus livros caídos, olha para o loiro à sua frente. Não com os olhos cheios de lágrimas, mas com ódio profundo exalando deles.
-- Quem é você para me falar de sangue, Malfoy? - empurra-o com força contra a parede e sussurra - Cria de comensais!
  Draco se sobressalta e a empurra instantaneamente. "O-o que? Como uma trouxa sabe sobre c-comensais"
-- O-o que disse?
-- O que ouviu! - ela se afasta e recupera sua varinha em um movimento rápido.
  Com um feitiço seus livros já estão em seu dormitório, e em um reflexo de raiva, Draco vai para cima dela. Ela desvia, e aponta a varinha para o peito do garoto que, desarmado, recua.
  Eles escutam passos e vozes pelo corredor. Malfoy e Granger congelam no ato. São os monitores-chefes. A garota se esconde imediatamente sob a capa de invisibilidade, deixando Malfoy para fora. Mas ele não tinha escolha, teria que se esconder também.
  Entrou em baixo da capa junto de Hermione, ele sabia que ela os denunciaria se fisesse algum barulho, por isso tapou a boca da garota com uma mão, e com a outra segurou sua cintura, para que ela não gritasse ou se debatesse.
  Hermione prendeu a respiração. A capa não era grande suficiente para abrigar os dois confortavelmente, portanto um estava colado no outro. Draco suavizou o aperto em sua cintura conforme os monitores se afastavam. Ela finalmente respirou, e pôde sentir um cheiro refrescante de menta. Uma mão de Draco ainda estava em sua boca, e ela não pôde respirar o quanto precisava.
  Ela estava desconfortável. Os dois estavam tão próximos... Hermione sentia alguns dos cabelos platinados do garoto roçarem sua nuca. Draco estava bem confortável. Sentia cheiro de morango e chocolate. Lembrou-se do episódio na copa de Quadribol e largou a grifinória bruscamente.
  Retiraram a capa e a garota inspirou o ar fresco profundamente, o que fez mais barulho do que o planejado.
-- Quem está aí? - ouviu-se a voz do zelador.
-- Merda! É o Filch! A gente tem que sair daqui! - Draco sussurrou e eles saíram correndo. Em poucos minutos estavam perdidos. Haviam corrido sem luz por todo o caminho, para não correrem o risco de serem descobertos.
-- Malfoy! Ali! A biblioteca!
  Entraram na porta indicada pela morena, e se trancaram la dentro, suspirando.
-- O que faz acordada a essa hora, Granger?
-- Pergunto o mesmo, Malfoy!
  Eles se encararam momentaneamente, e Draco achou que não teria problema responder.
  -- Sem sono.
  -- Com fome.
  -- E o que fazia com aquela montanha de livros?
  -- Ahn... - Ela havia mentido. Estava pesquisando sobre dragões para ajudar Harry na primeira tarefa - Não resisti e passei na biblioteca.
  Draco revirou os olhos "Sabe-tudo". Os dois estavam presos ali temporariamente, e para se acalmar do susto, a grifinória resolveu procurar algum livro que ainda não conhecia. Foi quando o loiro, que estava espiando uma fresta da porta para certificar-se de que Filch não os tinha visto, olhou realmente para ela.
  -- Q-que porra de pijama indecente é esse, Granger?
  Ela mesma não lembrava o que estava vestindo. Seu pijama não era nada parecido com as roupas comportadas que ela usava durante o dia. Era mais confortável assim, ela pensava. Usava apenas um short curto verde e uma regata vermelha, grudada no corpo (além de uma pantufa) lembrava um morango.
-- E-eu... - corou, e cobriu-se imediatamente com a capa da invisibilidade, deixando apenas sua cabeça flutuante visível - Ora, o sujo falando do mal-lavado. Olhe- se no espelho, Malfoy.
  Ele também esquecera que estava sem camisa, mas, ao contrário dela, ele não se importava. Riu sarcasticamente. A garota ainda estava vermelha, mexendo nos livros da estante, quando ele se aproximou silenciosamente por trás e colou o corpo dela ao seu.
  Hermione se arrepiou, e Draco riu baixo.
-- Se afaste, Malfoy. Filch já deve ter ido.
  Ele pensou. Realmente, e não seria nada agradável para sua reputação ser pego grudado a uma Sangue-Ruim. Ele se afastou, tentando convencer a si mesmo de que simplesmente não se importava, e seguiu para fora da biblioteca. Irritado e excitado.
-- Boa noite, Sangue-Ruim.
-- Noite, Doninha Quicante.
  Em algum lugar, distante de Hogwarts, estava uma mansão sombria e gélida. Uma mansão silenciosa e elegante, onde estavam reunidas algumas pessoas.
  Willow fora mandada para seu quarto assim que chegara, e permanecera trancada ali desde então. Ela ouve algumas poucas batidas na porta e levanta-se da cama, suspirando indisposta. Ela destranca a fechadura e abre, dando de cara com Lúcio Malfoy.
-- Willow, minha querida. Queira se dirigir à sala principal da mansão.
-- Eu já estou indo, "Lúcio, meu querido".
  Seu tio bufou zangado, e desceu as escadas, sem esperar pela sobrinha. Willow suspirou pesadamente, nervosa, e seguiu-o com passos leves e calculados. Quando chegou na sala, viu um círculo de pessoas conhecidas, dentre elas, Narcisa e Lúcio Malfoy. Ela andou vagarosamente dentro do círculo, olhando para os rostos de cada um, sua capa preta deslizando no chão.
  No centro do círculo, pôde ver que havia uma única pessoa vestida de capa preta e um capuz, lhe cobrindo o rosto. Ficou de frente para ela, sendo observada por todas as outras pessoas. O ser encapuzado levandou levemente a cabeça, e sua boca pôde ser vista. Se abrira em um sorriso amarelado, cheio de dentes podres.
  Ele levantou os braços calmamente, segurou seu capuz e o tirou, fazendo com que Willow desse três passos para trás, assustada.
  -- Mãe !?

Willow Black LestrangeOnde histórias criam vida. Descubra agora