Enquanto isso

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   Antes do natal... do outro lado do castelo...

  Harry acorda suando, totalmente desesperado, um mal estar se instalando por todo seu corpo. O que foi isso? Havia sim passado por vários pesadelos desde que teve alguma ideia do que ele significava para o mundo bruxo. Já havia sonhado com o dementador que atacou Duda, já havia até mesmo delirado acordado com o dia da terceira tarefa do Torneio Tribruxo, mas isso... isso era demais.
   O rosto do Sr.Weasley não saía de sua visão enquanto corria para o banheiro e vomitava. Havia sangue, haviam gritos, havia pavor no olhar de Arthur e havia ele. Harry. A cobra que o estava perseguindo. O barulho todo acordou Rony, que, mesmo sem conseguir extrair uma única palavra do amigo, o ancorou até os corredores, onde felizmente encontrou a professora McGonagall.
   Encaminhado para a sala dos professores, sem seu amigo, Harry pôde contar tudo a Dumbledore, tirando um peso de seu peito, mas não a culpa de sua mente. Tudo aconteceu rápido demais, confuso de mais, Harry não pôde fazer mais nada a não ser aceitar passar o natal longe dos tios, já que o diretor decidira que não era seguro. Ele não estava realmente reclamando, principalmente depois da reação deles por ter usado magia mesmo que tendo salvo seu próprio filho, o que o irritou. Mas a verdade é que não sabia mesmo o que estava acontecendo.
   O que pôde entender era que voltaria normalmente com o trem, para que não desconfiassem de nada, e então o buscariam. Quem? Ele não sabia. Para onde? Ele não sabia. Por que? Ele não sabia. Ele só sabia que recebeu muitos agradecimentos por ter sonhado com aquilo. Aparentemente havia salvo o senhor Weasley. Mas por que se sentia culpado ao invés de feliz?
   Os dias se passaram sem que o sentimento ruim o abandonasse. Ele pensava na cena constantemente, com um embrulho no estômago. Sabia que Arthur fora levado para o St.Mungus e que estava bem agora, mas ainda assim isso não o acalmava. Então, o natal chegou.
   O salão da Grifinória era só alegria, todos se arrumando para voltar para suas casas para o natal, alguns conversavam animadamente em frente à lareira, alguns jogavam xadrez de bruxo, alguns carregavam seus imensos malões para fora do salão e tinha Harry, que estava sentado em um dos sofás, observando a alegria alheia, segurando seu malão, com aquela sensação ruim no peito. Logo Rony e Hermione foram se juntar a ele, e seguiram para as carruagens que levavam ao trem.
   A viagem pareceu longa para Harry, que estava tendo vertigens com o balançar do trem. Ele levantou-se com a esperança de tomar um ar, e esbarrou em alguém na saída de sua cabine. Willow Black, da Sonserina, andava pelo vagão da Grifinória, e parecia não ter notado que acabara de trombar nele. Ele seguiu-a por um momento, chamando por seu nome, mas ela não parecia ouvir, continuava andando escorada nas paredes, como se não conseguisse se equilibrar sozinha. E então, na entrada da área da Corvinal, ela desmaiou, e foi ancorada por uma garota loira. Ela sorriu para Harry, que provavelmente estava branco e disse, numa voz calma:
  -- Está tudo bem, eu assumo daqui, ela não tem comido bem ultimamente, bem que eu avisei ela...
   Ainda confuso, ele concordou, e andou na direção contrária atrás da senhora dos doces. É melhor comer mesmo, no estado em que se encontrava não ia demorar muito para acabar como Black, desmaiado no chão.
   A viagem longa finalmente terminou, e Harry foi levado à casa dos Dursley pela senhora Weasley, que me prometeu que eu não ficaria lá por muito tempo. Ela estava pálida e abatida, não parecia aquela mulher calorosa e feliz de sempre, provavelmente por estar preocupada com seu marido no hospital.
   Alguns dias depois... bom... na verdade foi uma confusão tremenda. Na casa dos Dursley apareceram bruxos e mais bruxos para aparentemente escoltar Harry até um endereço que anotaram em um pedaço de papel. Entre eles estava Olho-Tonto Moody, uma mulher de cabelos rosa e Lupin. Ele estava tremendamente feliz em vê-los, pois foi trancado em seu quarto pelos tios e não se aguentava de aflição por não poder falar com Rony ou Hermione.
   Os bruxos o levaram de vassoura a uma rua desconhecida por ele, toda cautela possível, já que, depois do episódio dos dementadores, o ministério não estava nem um pouco feliz com ele, por ter usado magia na frente de um trouxa. Uma injustiça, pensava ele, já que se não fosse por isso, esse trouxa estaria vagando por aí sem alma no momento.
   A rua estava cheia de pessoas, não sabia dizer se eram bruxos ou trouxas, mas andavam para lá e para cá ignorando a presença deles. Eles pararam entre duas casas grandes, que pareciam ter mais de um andar. E então Moody mandou-o ler o papel. Largo Grimmauld, número doze. Número... doze? As casas eram 11 e 13, o que... e então, uma terceira casa começou a surgir lentamente entre elas, e ele pôde ver o número 12. Ficou espantado, mas não exitou em seguir os outros para dentro, até porque estava congelando depois de voar à noite em sua vassoura.
   A casa era grande, empoeirada, e assim que eles entraram, uma ilusão de poeira e vento fantasmagóricas quase desmaiaram Harry de susto, mas tudo valeu a pena mais tarde. Sírius o esperava, assim como todos da família Weasley, para um jantar quente e delicioso, conversas amigáveis, e, é claro, as brincadeiras de Fred e Jorge.
   Ele não se sentia confortável, se sentia culpado pelo que tinha acontecido, vendo toda a família se ruivos ao redor de seu pai machucado, mesmo que eles constantemente o tentassem confortar, dizendo que ele ainda estava vivo por sua causa, ou algo do tipo. Os adultos o tiraram da mesa de reuniões, o que o deixou estressado, considerando que ele era o centro da profecia.
   Resumindo, chegamos à parte desconfortável, onde ele se apega a seu padrinho, volta à escola, começa as aulas de Legilimência, e sonha com Voldemort e Sírius. Onde toda a confusão começa.

Willow Black LestrangeOnde histórias criam vida. Descubra agora