É noite e provavelmente o velho está para chegar, meu plano será posto em prática nem que eu precise morrer no processo.
A porta é aberta e ele entrega a gororoba que chama de alimento. Como na marra com ele sorrindo e me olhando.
- Acho que amanhã vão te tirar daqui, vadia. Alguém vai te comprar ou vai ser levada para as exposições - comenta e eu não respondo, só entrego o prato. O homem pega e se vira abrindo a porta, levanto e paro atrás dele segurando firme a colher com o cabo pontiagudo.
- Você se esqueceu de uma coisa - comento.
- O quê? - Se vira e eu junto as forças de todo o meu ser e cravo minha única arma na sua garganta.
Ele cai no chão se contorcendo, eu chuto seu rosto com força ouvindo sons dos ossos quebrando e puxo pra fora o cabo da colher, fazendo o sangue esguichar em mim. Meu estômago fica embrulhado com o cheiro e eu termino de abrir a porta. O corredor tem diversas portas e não tem ninguém lá fora, vou caminhando até ouvir barulhos bem altos e começo correr na direção oposta até uma porta branca. Abro e entro fechando atrás de mim. Tem várias roupas, bolsas, calçados e alguns outros objetos nesse lugar. O cheiro é de mofo e velhice.
Sinto meu corpo gelado, seguro com força a colher entre minhas mãos muito trêmulas.
Deus! Eu matei um homem!
Meus lábios tremem e meu coração parece querer pular do meu peito.
Sou uma assassina!
Por mais que ele realmente merecesse morrer... Eu o matei. Eu tenho o sangue dele nas minhas mãos. Eu.
Caio no chão respirando fundo e ouvindo uma correria fora da porta.
Você precisa se recompor, Jessica!
Fecho os olhos com força e levanto caminhando até uma estante, tento arrasta-la até a porta sem fazer muito barulho, mas devido aos barulhos lá fora ninguém notará. Derrubo ela deitada contra a porta e me afasto indo para o canto da parede. Seguro com força a colher na frente do meu corpo tentando me proteger. Meu braço está latejando tanto que quase não consigo permanecer em pé. Uma gritaria lá fora, barulho agudos de... tiros?
Merda, o que está acontecendo? De jeito nenhum vou abrir essa porta, ainda preciso tentar escapar por algum maldito lugar.
Olho em volta e começo a andar entre as estantes repletas de caixas de papelão, roupas, cadernos.
Que diabos é essa tralha toda?
No fundo encontro uma janela minúscula, porém maior que a outra do lugar que eu estava. Tento abri-la, mas está emperrada, com uma mão só não vou ser capaz.
- Droga, droga, droga, droga. - As lágrimas começam a sair assim que estico meu braço e seguro no ferro da janela. - Você consegue, Jessie.
Então uso toda minha força e puxo pra cima. Sinto algo dentro do meu braço se desconectar e rasgar, o grito sai da minha garganta arranhando tudo. Caio no chão chorando tamanha dor que sinto, abraço o braço que agora dói feito o inferno.
Vamos, preciso continuar...
- Ah! - Solto um ofego quando levanto, não consigo mexer meu braço, parece estar pegando fogo de tanta dor.
Deus me ajuda!
Subo sobre a estante e respiro fundo mordendo meu lábio para conter outros futuros berros. A janela da para um beco, não faço a menor ideia de onde, mas antes que eu possa pular a altura um tanto quanto considerável, alguém esmurra a porta.
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Indecência✓ - Livro 3 da série Corrompidos.
Roman d'amourLivro III da série Corrompidos, não é necessário ler os livros antigos para entende-lo. Ela atiça Ele provoca Ela odeia Ele gosta Ela foge Ele procura Ela quer Ele precisa Ela anseia Ele busca Ela impede Ele errou Ela não esquece Ele sabe Ela te...