Indecência✓ - Livro 3 da série Corrompidos.

XLVIII.✓

Já faz um mês que a Jessie está estranha, essa semana ela acordou gritando umas três vezes, mas nunca me diz com o que sonha. Estou preocupado demais com ela, pois se fechou e está se afastando de todo mundo, inclusive da Louise e da Lexa. Já conversei com a Mirella e nem ela sabe o que está acontecendo, nós dois concluímos que pode ter envolvimento com os acontecimentos de tempos atrás, quando fomos pegos pelo Ivan. Não queria trazer a tona esse assunto novamente para a Mirella, mas tive que fazer, percebi que ela ficou muito abalada. Estevan ficou puto comigo, claro, ao ver sua amada mais calada e reclusa, porém ela não se deixou abater por muito tempo e logo já voltou ao normal.

Estou levando as meninas para a escola e a Jessie para o seu trabalho, ela está ao meu lado olhando as ruas movimentadas. Comprei esse carro depois que vendi o meu apartamento, não dava pra ficar andando de ônibus sempre que íamos juntos a algum lugar, porém minha moto continua protegida no estacionamento do prédio.

— Como estão na escola? Já se adaptaram? — Pergunto quebrando o clima.

— Mais ou menos — Lexa fala. — Mas o Aley está nos apresentando aos seus amigos.

— Ele está sendo bem legal com a gente — Louise fala e eu sorrio.

— Ele é um garoto incrível. — Olho para a Jessie. — E você? Como está indo no trabalho? — Ela me olha e sorri, porém não chega aos seus olhos.

— Está tudo bem, Ken — sua voz é suave, toco seu joelho e acaricio fazendo ela por sua mão por cima e apertar de leve retribuindo a carícia.

Paro em frente a escola e as meninas logo abrem a porta saindo.

— Até logo, se cuidem e nada de se aproximarem dos meninos — falo sério, mas elas​ riem.

— Tomem cuidado — Jessie fala.

— Ta bom, tchau!

— Tchau! — Falam ​já correndo pra dentro dos portões da escola.

Avanço novamente, mas dessa vez na direção da academia da Jessie.

— Agora quer me contar o que está acontecendo ou vai continuar fingindo que está tudo bem? — Meu tom não é delicado.

Olho pra ela rapidamente e a ouço respirando fundo.

— Ken, não quero falar disso — sussurra me fazendo estacionar no acostamento e me virar pra ela, seguro sua mão e a encaro fixamente.

— Você precisa, Jessie. Eu sei que tem algo de errado contigo, não só eu notei isso, mas a Ella, o Otavio e até as meninas! — Respiro fundo quando ela afasta meu toque.

— Eu preciso ir trabalhar, Keel.

— Não coloca essa muro em volta de você de novo, Jessie. Fala comigo, por favor. — Ela bufa e me encara enraivecida.

— Quer que eu fale? O.k., vou falar — diz áspera e sei que eu vou sair machucado. — Bom, faz algumas semanas que eu venho tendo esses sonhos... pesadelos. Eu revivo tudo que aconteceu, cada mínimo detalhe de tudo, desde de quando eu fui levada para aquele maldito bordel até quando eu estava naquela fábrica em Jacksonville — fala amarga. — Toda noite eu sou obrigada a lembrar de tudo como se fosse minha punição por algo que eu não sei. E toda manhã quando acordo e sinto seus braços eu mim eu tenho vontade de correr, de me afastar. — Engulo a seco. — Mas então eu percebo que é você, o Kendall, meu Ken — abaixa o tom de voz e a cabeça. — Eu quero relaxar, mas não consigo, simplesmente não dá. — Ela me olha. — Eu não quero você me tocando, Keel, não quero! — Diz exasperada.