XXXVIII.✓

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Estou no quarto do hospital com o delegado Taylor Scott dando meu testemunho. Jessie pediu pra falar tudo o que aconteceu, não omitir absolutamente nada. E foi isso que acabei de fazer.

— Vou analisar seu caso, Kendall. — Concordo. — Pode chamar a senhorita Jessica, por favor? — Ele pede quando uma enfermeira entra. Minutos depois a Jess aparece e senta ao meu lado, nossas mãos entrelaçadas. — Chamei você aqui pois preciso informar sobre a suposta proteção que tiveram.

Assentimos e eu aperto a mão da Jessie.

— O policial Cooper que estava supostamente investigando sobre o ocorrido anos atrás, foi investigado e encontramos o seu envolvimento com essa quadrilha. — Arregalo os olhos e Jessie me olha assustada.

— O quê? Mas ele ofereceu proteção por mais de dois anos... — sussurra.

— Sinto muito, senhorita Jessica, mas ele não fez isso. Vocês​ só ficaram protegidos quando estavam dentro do condomínio, mas quando saiam ficavam a sorte.

— Mas e a outra? A assistente dele, Michelle?

— Ela não tem envolvimento algum, foi apenas usada por ele. Por ser um policial reconhecido por seus bem feitos, não era suspeito. As investigações deles não deram em nada e até hoje ninguém mais havia sido preso.

Eu me acomodo sentindo meus músculos, minha barriga e minhas costas reclamarem de dor. Jessie me olha e me apoia me ajudando.

O delegado continua explicando sobre os envolvidos no caso, nos deixando cada vez mais abismados com tamanha frieza deles. Muitos são professores, trabalham em lares de adoção e outros até mesmo empresários conhecidos. Sei que eu já fui envolvido com eles, porém eu ainda não sabia o real motivo de tudo aquilo. Não sabia como aquelas pessoas chegavam lá e meu maior erro foi fechar os olhos pra tudo que indicava a resposta.

°

Acaricio o braço da Jessie que está dormindo do meu lado, seu corpo sobre a cama ocupando pouco espaço por ser pequeno e agora estar ainda mais magro. Seu rosto está todo machucado, cheio de hematomas e alguns inchaços. Porém está bem melhor em comparação há uma semana atrás, quando eu a vi naquele maldito lugar. As cenas vão inundando minha mente me fazendo fechar os olhos e segurar a mão da Jess com firmeza​. Quando eu vi aquele cara fazendo aquilo com ela... parece que estavam partindo meu peito ao meio, nunca senti tanta dor na minha vida. Seus olhos eram sem vida, como se tivesse só seu corpo sobre aquela mesa. Mas em nenhum momento senti nojo dela, e sim daqueles desgraçados naquele lugar. Nem mesmo quando ela arrancou o pau do cara com a boca, confesso que fiquei com muito medo e paralisado. Ela parecia um animal selvagem, mas fiquei extasiado ao ver o sofrimento daquele filho da puta. Mas quando o Thereese apontou a arma pra ela, eu apenas agi. Meu corpo me comandava e eu só pensava em impedir aquilo. Foi quando eu quase morri. Mas graças aos médicos estou vivo e me recuperando bem, mesmo que lentamente.

Respiro fundo e com dificuldade eu abraço a Jess fazendo ela ficar mais confortável sobre a cama. Fecho os olhos sentindo o cheiro dos seus cabelos e sua pele suave contra meus dedos.

— Que cena mais linda — ouço Estevan e abro os olhos sorrindo para o meu irmão entrando na sala com os braços cruzados.

— Eu sei que somos lindos, cara — sussurro. Ele para ao nosso lado, observa a Jessie, acaricia o ombro dela me fazendo sorrir, por mais que não admita sei que ele gosta dela, afinal, é a melhor amiga da sua mulher. Depois ele me olha e toca minha mão em volta da cintura da Jess.

— Você é um bastardo sortudo mesmo, além de sobreviver, não teve sequelas maiores. — Ele balança a cabeça negativamente e sorri. — Fico feliz que esteja bem, irmão. — Bagunça meu cabelo.

Indecência✓ - Livro 3 da série Corrompidos. Onde histórias criam vida. Descubra agora