XXVII.✓

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Acordo atordoada e vejo que ainda está amanhecendo, olho para o lado e o Ken não está em lugar algum. Pego meu celular pra ver o horário e sinto um papel em baixo dele, ainda são quatro horas da manhã. Ligo o abajur e pego um envelope laranjado, franzo a testa sem saber que merda é essa. Por algum motivo meu peito contrai em aflição.

— Ken? — O chamo e nada. — Ken? — Falo um pouco mais alto. — É surdo, é? Kendall!

Bufo abrindo e vendo que dentro tem dinheiro, muito dinheiro.

— Que porra é essa? — Sussurro deixando sobre a cama, visto uma camiseta do Ken que estava no canto da cama, quase em baixo, e levanto me espreguiçando. — Keel? Cadê você?

Saio do quarto e ligo a luz da sala, ninguém, nem na cozinha ou no banheiro. Arregalo os olhos e começo a lembrar dele falando comigo em algum momento da noite. Ele disse... Que me amava e pediu desculpas. Mas pelo quê? Será que ele...

— Não, Ken, não. — Corro de volta para o quarto e abro o guarda roupa vendo que a maioria das roupas dele sumiu, além da sua mochila. — Você não seria tão filho da puta, Kendall!

Pego meu celular e disco para o número dele, chama inúmeras vezes até cair.  

Abro a porta do apartamento e pego o elevador, quando saio o porteiro me encara espantado, claro, devo estar toda descabelada e com a cara amassada além de ter só essa blusa cobrindo meu corpo.

— Vo-você... — gaguejo de tamanho nervosismo. — Você viu o Ken? O Kendall? Aquele cara tatuado que...

— Sim, eu o vi, senhorita.

— Onde?

— Saiu faz algumas horas. — Arregalo os olhos.

— O quê? — Meu coração falha uma batida.

— Ele saiu... — Seu olhar é de pena. — Com uma mochila, parecia que ia viajar.

Meu corpo cede e eu desabo no chão sem forças, o homem vem me socorrer falando alguma coisa que eu simplesmente não consigo entender. Meu corpo está todo dormente. Apenas balbucio que está tudo bem e subo para o apartamento. Me jogo sobre a cama e abraço meus joelhos, então me permito chorar. Choro tanto que penso que todo o líquido do meu corpo saiu por meus olhos e quando vejo, meu celular está despertando, ainda preciso trabalhar. Com meu peito doendo, meu corpo fraco, minha cabeça prestes a explodir, eu vou para o meu apartamento e tomo um banho, estava praticamente vivendo com o Keel, no apartamento dele. Várias coisas minhas estão lá. Passo uma maquiagem afim de disfarçar meu rosto inchado e saio do prédio, pego um ônibus e chego na loja.

O tempo voa, me disperso dos acontecimentos enquanto estou na loja, na hora do almoço eu fico num café ao lado só esperando dar a hora de voltar. Tento desviar meus pensamentos da noite passada, do Kendall, mas falho miseravelmente. Agradeço quando meu horário de almoço acaba e eu tenho que voltar.

°

Entro no apartamento do Keel e minha boca se abre para chamá-lo, então eu acordo. Não foi um pesadelo. Uma onda de desespero me invade ao constatar que agora estou sozinha, quando vejo estou entrando na empresa do Estevan.

— Senhora? Posso ajudar? — Uma mulher de meia idade muito elegante me pergunta.

— Preciso falar com o Estevan. — Minha garganta arranha. Ela franze o cenho e disca algo no telefone.

— Seu nome, por favor.

— Jessica. Jess.

Minutos depois sou liberada e subo o elevador até o andar onde um rapaz me recepciona alegremente.

Indecência✓ - Livro 3 da série Corrompidos. Onde histórias criam vida. Descubra agora