Diké

Prólogo

"Diké é a divindade grega que representa a Justiça e os Julgamentos. Filha de Zeus e Têmis, é a vingadora das violações da lei e inimiga da mentira, protegendo o sábio emprego da justiça. Diké pune sem escrúpulos os injustos, cravando sua espada no coração dos mentirosos. É representada descalça e com os olhos abertos, para que possa buscar a verdade.

A deusa tem em suas mãos uma balança e uma espada, com as quais julga, defende e protege o direito. Uma sem a outra são incompletas: sem a balança, a espada é apenas força bruta; sem a espada, a balança é imponente. Complementam-se, cabendo à Diké usar com destreza sua espada com a mesma sabedoria com que avaliava sua balança."

Enquanto devoravam livros e mais livros sobre mitologia grega e símbolos do Direito em seus tempos de faculdade, Uzumaki Naruto e Uchiha Sasuke não imaginavam que um dia suas jornadas iriam se encontrar. Também sequer imaginavam o quão difícil seria seguir os ensinamentos de Diké; parecia que a deusa havia abandonado seus filhos e os deixado encarregados de exercerem sua própria função. A Justiça era o objetivo, a força que os mantinham sãos em meio ao caos, mas era ela, ou melhor, na busca de alcançá-la que eles sucumbiram à dor e ao perigo.

– Tem certeza que quer fazer isso? – Ouviu a própria voz tremer ao dirigir-se ao homem em pé a sua frente. Recuou, sem perceber, do toque em seu rosto, se afastando por reflexo quando a gaze embebida com antisséptico tocou o ferimento em seu supercilio, tentando limpar a região. Com o corpo dolorido, observava com pesar o outro homem igualmente machucado. Reprimiu um lamurio de dor quando sentiu novamente o toque sobre o corte aberto e viu o tecido gradualmente obter uma coloração avermelhada por causa de seu sangue. Contudo, o que mais lhe prendeu a atenção foi a confirmação do outro para sua pergunta.

– Fazer o que é certo, sempre. – Em outra situação, ouvir sua costumeira frase ser repetida daquela forma lhe arrancaria facilmente um sorriso sincero. Mas agora, sob o olhar angustiado e distante do homem a sua frente, tudo que sentia era um aperto cruel em seu coração. E naquele momento, desejou que Afrodite, com seu amor, e Diké, com sua justiça, dessem as mãos para protegê-los.

Esperava que estivessem mesmo fazendo o certo.