O apartamento de Uchiha Itachi poderia ser considerado um deleite para os olhos dos arquitetos e designers de interiores. O aposento era bastante extenso e sofisticado, diferente da propriedade do Uchiha mais novo – não que o apartamento de Sasuke fosse singelo, longe disso. Também não poupava nos artigos luxuosos, na mobília e na decoração. Afinal, os Uchihas não tinham preocupação com dinheiro, além de serem excepcionais em seus trabalhos, ainda eram os dois grandes herdeiros do empresário Uchiha Fugaku, não havia motivos para se privarem de tudo que poderiam usufruir. Ocorria que Sasuke, racional do jeito que era, não encontrava sentido em possuir um apartamento gigantesco se apenas ele moraria ali, e julgava como desnecessário o fato do apartamento do irmão mais velho ser praticamente o dobro do tamanho do seu.
Os dois domicílios eram muito semelhantes no tocante à decoração, numa apropriada metáfora para se refletir sobre as semelhanças entre as personalidades dos dois irmãos. Entretanto, apesar de seguir uma linha minimalista e uma tabela de cores neutras, o apartamento de Itachi expressava mais vida, dando realmente ares de um lar, e Sasuke não sabia explicar de onde vinha aquela sensação, se era por causa das plantas espalhadas pela casa, pelas fotografias expostas na sala ou somente pela essência de Itachi impregnada em cada cômodo daquele apartamento ridiculamente gigante.
Quiçá, não fosse nada disso.
Talvez fosse apenas o costume de Sasuke associar Itachi a um refúgio.
De qualquer forma, mesmo com a sensação de acolhimento, o semblante do mais novo estava fechado enquanto ele desviava constantemente seu olhar para os três picos de irritação do dia: a volumosa lista de convidados da festa de aniversário de Itachi, o próprio Itachi a sua frente e, por fim, seu primo Shisui, ao lado do irmão mais velho. O Uchiha mais jovem estava indeciso sobre o que reclamar primeiro.
Itachi, por outro lado, estava calmamente acomodado na mesa de jantar, apoiando o cotovelo na superfície de madeira e repousando o queixo em sua mão, enquanto olhava pacientemente o mais novo, como sempre dispensando qualquer verbalização dele para conseguir entender o que se passava na mente do moreno. Sorria com o canto dos lábios, quase em divertimento, aguardando Sasuke dar início aos resmungos.
– Ninguém faz festa de aniversário de 34 anos, Itachi. – Iniciou, pragmático. Shisui se obrigava a se distrair até com o teto para fugir das lamúrias de Sasuke, pois não queria ser o próximo alvo do mais novo. – E essa lista de convidados está ridícula, desnecessariamente longa, tem pessoas aqui que você nem sequer conhece. – Sasuke desviou o olhar do irmão mais velho e se pôs novamente a observar os nomes listados, franzindo as sobrancelhas enquanto procurava algum sentido naquelas duas folhas.
– Mas eu conheço o Naruto, otouto. – Itachi respondeu com o tom pretensamente calmo que usava quando queria disfarçar seu divertimento e sarcasmo ao provocar Sasuke. Conteve-se ao ver imediatamente o olhar do mais novo se erguer novamente em sua direção, e as feições raivosas de seu irmão o obrigaram a exercitar seu auto controle para não deixar escapar um riso.
– Não me recordo de ter mencionado algum nome em específico. – Rebateu, seco, com a expressão especialmente mais séria que costumava utilizar quando queria intimidar as pessoas a sua volta, mas que nunca funcionava com Itachi. Nenhuma das suas armas conseguia funcionar com seu irmão mais velho, na verdade, e Sasuke confessava que nunca aprendeu a lidar com isso. Não conseguia intimidar Itachi, não conseguia fazer com que ele o temesse. O Uchiha mais velho ainda o tratava e o provocava quando como eles eram dois adolescentes. Sasuke revirou os olhos pela expressão forçadamente serena do outro e desviou o olhar, virando o rosto para o lado e mirando a ampla sala de Itachi, lugar que seria ocupado pelos convidados dentro de algumas horas.
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Diké
RomanceEntre os gregos antigos, recorriam ao culto da deusa Diké aqueles que clamavam pela Justiça, sabendo que a divindade impiedosa não pouparia os corações nefastos e traiçoeiros. A musa tornou-se então o símbolo mor daqueles que em seu ofício lutam pel...