Não foi difícil convencer Yamato a receber o protocolo da viagem, mesmo estando completamente fora do prazo. Dispendioso, sim; difícil, não. Bastou alguns minutos de chantagens emocionais, recordações das tantas vezes que Naruto havia o ajudado com processos e editais e, claro, o café expresso que o loiro sabia que era o favorito do mais velho. Naruto sabia conseguir o que queria, não era por menos o seu sucesso nos tribunais.
O percurso até a cidade onde iria ocorrer o congresso não era muito demorado, cerca de duas horas de viagem, apenas. Como estavam indo para o evento em nome da universidade, foram todos – Sasuke, Naruto e Konohamaru – em um veículo da própria instituição, conduzido por um funcionário. A rica programação abarcava três dias da semana, mas, devido às agendas cheias tanto de Naruto como de Sasuke, eles permaneceriam apenas por dois dias.
Embora no relógio tenha passado horas, para Naruto a viagem pareceu durar poucos minutos, pois ele apagou de sono e só retomou à consciência com o sacolejo de Konohamaru em seus ombros, avisando-o que eles já tinham chegado ao hotel. Demoraram pouco ali, apenas o suficiente para fazerem o check-in e aguardar Naruto lavar o rosto para tentar ficar apresentável e não parecer que há instantes atrás ele estava praticamente roncando no carro.
Pelas experiências que Naruto tinha de suas graduação e pós-graduações, os eventos de Direito eram sempre bem arranjados, até os mais simples. Como sempre, a ostentação na área era algo imprescindível para manter o famigerado status. Todavia, aquele congresso tinha uma suntuosidade particular – o que era de se esperar, na verdade, visto que era internacional. No moderno edifício onde iriam acontecer as atividades do evento, as paredes espelhadas e o impecável carpete vermelho abrigavam mulheres e homens de variadas idades, desde jovens graduandos, como Konohamaru, até adultos e pessoas já mais maduras, provavelmente no fim de suas carreiras profissionais. Estudantes, promotores, juízes e advogados em seus ternos, vestidos, sapatos e penteados luxuosos, pareciam mais atores de um filme de grandes empresários prestes a fecharem negócios bilionários, ao invés de sujeitos que pretendiam divulgar suas pesquisas e trocar conhecimentos com os colegas de profissão.
O lugar era amplo e refinado. Para além do grande salão de recepção, onde acontecia o credenciamento dos participantes, haviam várias salas e auditórios onde ocorriam simultaneamente apresentações de trabalhos, palestras, conferências e debates sobre diversos temas. A programação esquematizada para os três dias era cheia e trazia grandes nomes entre os palestrantes e conferencistas, profissionais nacionais e internacionais bastante conceituados dentro da área. O loiro lembrava que participar desses eventos era sempre muito enriquecedor para a formação acadêmica, já que era a oportunidade de ouvir diretamente excepcionais profissionais e receber contribuições para seus estudos. De tal forma, era com compreensão e certa nostalgia que ele observava Konohamaru olhando com apreensão a grandiosidade do congresso, enquanto repuxava a barra do próprio blazer, em nervosismo.
– Vai dar tudo certo. Você trabalhou muito no artigo, não tem como dar errado. – Naruto comentou, dando um rápido e leve tapa em uma das mãos de Konohamaru, assinalando que ele já estava amassando a própria roupa, de tanto repuxá-la. Estavam os três frente ao painel informativo, que continha o mapa das salas e auditórios, com cada uma das atividades que estavam sendo realizadas. Após alguns segundos frente aos números confusos das salas, Naruto desistiu de tentar entender as informações e passou a vagar os olhos pelo salão, reparando com um pequeno sorriso alguns garçons estrategicamente posicionados que serviam bebidas e aperitivos para os participantes.
Segundo depois, quase tendenciosamente, os olhos azuis repousaram sobre a figura de Sasuke. Todos estavam formalmente vestidos – sim, Naruto abriu mão de suas camisas coloridas e estampadas, porque já sabia o que esperar de um evento daquele porte –, mas havia alguma coisa no Uchiha que conseguia fazer ele se destacar dentre todos aqueles engravatados. Mesmo que o moreno só estivesse com mais um de seus elegantes ternos pretos, e com sua costumeira expressão fechada, existia um ar enigmático em sua volta que parecia colocar todos num campo magnético, no qual todas as atenções eram atraídas para si.
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Diké
RomanceEntre os gregos antigos, recorriam ao culto da deusa Diké aqueles que clamavam pela Justiça, sabendo que a divindade impiedosa não pouparia os corações nefastos e traiçoeiros. A musa tornou-se então o símbolo mor daqueles que em seu ofício lutam pel...