A investigação

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Pela primeira vez Tamires sentiu duvida se havia feito o certo em deixa-la, assim que as duas entraram, Tamires seguiu pela rua a pé, seu peito doía, queimava, era algo sufocante, sentia seu peito esmagado, até pelo simples fato de respirar lhe doía, sentia vontade de gritar até a dor sumir... E soube assim o que é ter seu coração partido.
Em sua cabeça, duvidas, crise de identidade, sensações novas estavam a enlouquecendo, " por que doí  tanto? Meu Deus eu não comigo conter minhas lágrimas, se ao menos eu fosse alguém melhor, talvez a merecesse ..."
Caminhou até um hotel de beira de rua onde passou a noite, pela manhã chamou um taxi para ir para o aeroporto.

Eu acordei bem cedo, deixando um bilhete para Cris e fui trabalhar, senti saudades de dirigir meu próprio carro.
Na ida o transito estava lento, então comecei a observar as pessoas em seus carros, a minha frente havia uma mini van com um menino no banco de trás arrancando meleca do nariz, do meu lado direito uma mulher retocava a maquiagem olhando no retrovisor do carro enquanto falava ao telefone, no meu lado esquerdo havia um táxi, com um motorista talvez um pouco velho de mais para ainda ter habilitação, olhei por curiosidade o seu passageiro, mas não deu para ver o seu rosto, estava de cabeça baixa usando o capuz e uma jaqueta preta, me fez automaticamente lembrar de Tamires, parecia muito com suas roupas, seu jeito de se vestir... Droga, não posso permitir que os pensamentos sobre ela invadam minha cabeça logo cedo.
Quando o trânsito andou, por curiosidade olhei novamente para o passageiro do táxi, "não é possível, é ela... Mesmo de capuz e óculos escuros" o táxi andou e eu tentei chegar mais perto para ver novamente, mas não consegui, "não deve ser ela afinal, ela nunca anda de táxi, esta sempre com sua moto, nesse momento minha mente foi invadida por um turbilhão de lembranças ... Como uma vez em que  andamos de moto a luz do lua, ficamos por horas em silencio apenas apreciando a noite .... Não posso pensar nela não posso pensar nela ... Só faltava essa agora, eu começar a vê-la em outros rostos... eu não posso pensar nela". Segui meu caminho e deixei o táxi para trás.

Ao chegar na delegacia havia uma pilha de fichas para examinar, hoje ficarei de castigo na cadeira.
Em casa Cris é acordada por seu celular tocando, era Jéssica.

- Oi, você me acordou Jéssica...- disse Cris ainda se espriguiçando.
- Eu queria te ver, faz tempo que não nos vemos, e eu sei que você esta com Liny, mas umas cervejas conversas atlas não fazem mal a ninguém.- disse Jéssica.
- Ta bom, mas eu só vou por que vou acabar ficando o dia todo sozinha, vou só tomar café, vou almoçar com você. - disse e desligou a ligação.

Quando Cris chegou na casa de Jéssica, ela a recebeu calorosamente com um abraço, tinha algumas garrafas de cerveja à sua espera, vídeo game, música boa e muita conversa para o dia todo, tudo que Cris mais gostava.

Enquanto Cris estava se divertindo com Jessica, eu estava muito ocupada resolvendo casos de 2008, mas não parava de pensar naquela pessoa no banco de trás daquele táxi. Tinha certeza que era ela, mas não pode ser ela, não pode ser ela .... Tamires esta morta e enterrada pra mim, a final ela disse que nunca voltaria.
Meus pensamentos estavam a mil por hora, ate que me dei em conta que o sargento Moura estava me chamando para  fazer uma patrulha em um bairro onde havíamos recebido algumas denuncias. O sargento Moura é jovem, porém aparentava ser mais velho por estar sempre carrancudo com um ar sempre mal humorado. 
- Está tudo bem chefe? - Perguntou ele enquanto abria a porta.
- Esta sim sargento Moura, você  se importa se eu for dirigindo? Preciso esfriar a minha cabeça um pouco é muito trabalho acumulado. - Disse dando um sorriso falso no rosto fazendo assim com que acreditasse.

Fizemos a primeira ronda em um bairro, só faltava 55 claro que eu dividi as turmas então assim fica mais fácil e rápido, no caminho de volta pra delegacia recebemos uma emergência.
Fomos correndo para o local, a pericia já estava recolhendo as provas um assassinado brutal executado com maestria, digno de uma pessoa que conheço bem. Meus devaneios foram interrompidos quando um dos investigadores chega perto de mim com um pacote de evidencia que contia a bala que atravessou o corpo da mulher e ficou presa dentro da grade do ar condicionado, provavelmente a bala e que também provavelmente tirou sua vida, não Tamires não usa arma, não segue seus padrões. Quando voltamos para a delegacia estávamos no carro, eu, o sarjeto Moura e investigador Oliveira. No caminho apenas se ouvia no carro o rádio de comunicação, enquanto dirigia meus pensamentos estavam distantes, era madrugada o sinal de trânsito piscava em amarelo, passei sem atenção, só vi o momento em que dois faróis cresciam em nossa direção com tanta velocidade que parecia os olhos de um animal faminto, o carro foi atingido em cheio na parte traseira , o carro girou quatro vezes, quando acordei estávamos de cabeça para baixo, o sargento gritava e agonizava de dor no banco traseiro.
Soltei  o sinto e cai com tudo em cima do ombro direito, a dor me consumiu  imediatamente e eu urrei tentando conter a dor, logo percebi que a dor não vinha do meu obro e sim do meu peito perto da clavícula, onde havia um pedaço de metal do tamanho de uma mão enfiado na minha pele. Quando pude olhar o banco traseiro percebi que apenas o sargento Moura gritava, pois o investigador Oliveira já não estava mais ali, uma barra de ferro havia atravessado sua cabeça tão rápido que deixaram apenas seus olhos abertos estáticos e desmaiei novamente.
Quando abri meus olhos novamente já estava em uma cama de hospital, com uma bolsa de sangue pingando vagarosamente ao meu lado, uma enfermeira veio até mim....

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