Por um Fio

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O ar me faltava mas, pude sentir seu abraço me envolver, desta vez era frio como a morte... Sim, morrer não me parecia uma má opção agora, ela estava comigo.
Beijei seus lábios, uma corrente elétrica passou pelo meu corpo...

AFASTA

Um aperto em meu peito, seu abraço afroxou... A electricidade continua.

AFASTA

Volta, por que está me deixando? Meu peito está doendo, o ar está de volta!

AFASTA

Uma confusão de vozes..."Temos pulso", "tragam a manta térmica"

Ela se foi, abri os olhos e não a via mais... A claridade incomodava.

"Line, você está me ouvindo?" essa eu reconheço, é Cris.

- Line por favor, volta pra mim... - dizia com voz de pavor.

Ela não entenderia o motivo de eu não querer voltar, ela ainda me amava, isso era um fato mas, seria eu capaz de ama-lá da mesma maneira novamente?
Fechei os olhos, quando abri, já estava no hospital novamente. Cris estava cochilando ao lado da cama segurando minha mão, eu não podia mais fazer isso com ela, eu deveria viver por ela e aceitar o que eu fiz, não existe nada que eu posso fazer para voltar no tempo e evitar que a matasse, eu não poderia ter ela de volta, ela morreu, eu a matei e tirar a minha vida agora, seria algo covarde, preciso vive e encarar as conseqüências.
Depois de dois dias, recebi alta e voltei para o meu apartamento, agora com instruções claras de um psiquiatra, que eu não fique sozinha pelos próximos meses, já que estava com um caso claro e grave de depressão, sozinha eu poderia novamente tentar o suicídio.
Certa manhã, decidi que iria acabar com a minha dor, procurei pela casa e dentro do meu guarda-roupa tudo que eu ainda tinha de Tamires. E encontrei guardada ainda com uma mancha de sangue, a blusa xadrez que ela tanto adorava, furada por um tiro que eu disparei sem querer contra ela.
Essa lembrança me fez rir com ironia, desde o princípio estava fadada a matá-la e  chega a ser cômico, pois no início de tudo, ela pretendia me matar.
Quando  Cris acordou, eu estava na varanda colocando fogo dentro de uma lata com todas as coisas que encontrei de Tamires, usei seu próprio whisky para alimentar a fogueira, depois de ter bebido um gole.

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