Intensidade

Sweet Dreams

" Em meu sonho, era tudo muito confuso era escuro, mas reconhecia o lugar, era meu quarto, meu antigo quarto na casa da minha mãe. Ela estava em minha janela, curvada pronta para pular como um gato, eu via o bilhete na minha mesa e ela me olhava com um olhar que dizia: eu lamento.

Eu gritava para ver se ela me ouvia - Não me deixe, por favor! – Eu conseguia ver apenas seu olhar, mas mesmo a distância sentia o aroma de sua pele, do seu hálito.

- Eu não posso te fazer bem sendo o monstro que sou, você precisa ficar bem.... Eu te amo! – Dizia ela e a última frase ecoava em meus ouvidos EU TE AMO.

- Não vá embora.... Eu te amo! – Dizia aos gritos, mas ela já havia pulado para fora da janela.

Suas palavras se misturavam com a minha EU TE AMO, EU TE AMO.... "

Line... Line... Line acorde por favor...

Alguém me chamava e eu me recusava a abrir os olhos, queria continuar em meu sonho, queria ve-la novamente, queria impedi-la de escapar pela janela e sumir no mundo, queria abraça-la, segurar tão forte que ela sentisse o quanto preciso dela.... Não era sua voz que me chamava agora, era Cris. Eu nem me lembrei de mandarem ligar para ela, abri os olhos.

- Line.... Graças a deus você acordou! – Disse Cris de pé ao lado de minha cama, segurando minha mão. A claridade era intensa, já era dia.

- Oi Cris... – Respondi sem conseguir disfarçar o desanimo em minha voz, ainda bem que tenho a desculpa de estar meio grogue dos medicamentos.

Fechei a cara por um momento olhando o dia pela janela do quarto de hospital, minha mente ainda vagava pelo sonho, se perdendo em pensamentos... " Porque ela não atendeu? Ela não me quer mais.... Onde estará a essa hora? Que droga, porque eu não consigo parar de pensar nela? Eu sinto tanto sua falta, é como se estivesse perto, mas não está"

Eu estava longe em pensamentos que nem ouvi que Cris continuou falando e neste momento estava me chamando loucamente.

- Line...Alô, Terra ta me ouvindo? Volta para o mundo real... O que aconteceu me conta. – Dizia Cris impaciente.

- Sim, eu só não esperava ver você aqui.... Quer dizer, não tão cedo, você não acorda a essa hora. – Acabei deixando escapar minha decepção em ver Cris e não Tamires.

- Sim, eu fiquei sabendo era por volta das 4 da manhã... – Cris deu uma pausa olhando do chão para a janela como quem quer afastar algum pensamento talvez – Me arrumei, chamei um táxi e vim.

Contei sobre o acidente para Cris, mas logo adormeci. Quando acordei estava sozinha no quarto, estava com sede, olhei ao redor não havia nenhuma enfermeira e Cris provavelmente foi para casa.

Tentei me levantar com cuidado, sentei na cama testando meu equilíbrio e me levantei lentamente segurando na beira da cama, na parede, até que eu estava no corredor, ouvi a voz de Cris e segui na direção de sua voz, ela estava em outro corredor.

- Eu não tenho que lhe dar satisfações... Line está no hospital, em vez de eu estar ao lado dela desde o primeiro momento, eu estava com você – Dizia Cris no celular. Fiquei escondida, queria saber com quem Cris estava.

- Não, eu não vou voltar aí, foi um erro ter ficado com você outra vez... Sabe quem teve que me ligar para eu saber que Line estava aqui?! Sim ela mesma... Ela é uma sombra, quando penso que me livrei, ela aparece... – Disse Cris olhando para trás como se pudesse sentir que alguém estava ouvindo sua conversa.

Voltei meio tonta para o quarto, era informação demais para minha cabeça, que agora latejava, deitei em minha cama novamente até esqueci que estava com sede, eu apenas precisava deitar. Então Cris estava com alguém em minha ausência, mas quem? Tenho minha suspeita, mas vou dar um jeito de saber depois. E quem Cris estava se referindo, quem ligou para ela, seria muito egoísta imaginar que que Tamires estava esse tempo todo me vigiando e sabendo avisou a Cris? Não, Tamires não viria aqui... Ela foi embora, me deixou sozinha, ela não voltaria.

Quando Cris voltou para o quarto, rapidamente fingi que estava dormindo, ela parou ao lado de minha cama segurou minha mão e eu fingi acordar.

- Oi... Acho que eu dormi de novo – Disse com um breve sorriso.

- Sim, você dormiu e eu aproveitei para ir beber água. Trouxe também para você caso sinta sede – Disse-me sem olhar nos meus olhos. Fiquei agradecida pelo copo com água, mas não disse nada, apenas peguei e bebi toda água, eu estava realmente com sede.

- Eu estava com sede... – Disse e dei um breve pausa – Como soube que eu estava aqui? Quem te ligou? – Tentei não parecer rude, mas estava com raiva de ela estar com alguém enquanto eu estava aqui e também porque a curiosidade estava me matando.

- Não sei, apenas me ligaram e disseram que você estava aqui... Deve ter sido alguém que pegou teu celular no acidente. – Disse forçando desdém.

Ela está mentindo, ela sabe quem ligou, talvez eu não esteja tão louca em imaginar que tenha sido Tamires. 

Quando Tamires voltou para o hotel, Letícia estava se arrumando para sair parecia estressada com algo, ao passar uma pela outra apenas trocaram olhares.

- Bom trabalho, a policia está desesperada em busca de suspeitos... - Disse Letícia ao passar pela porta sem olhar para trás.

- Eu nunca deixo rastros, meu trabalho é sempre bem feito. - Disse apenas antes de se jogar no sofá.

- Você só precisa controlar seus impulsos e principalmente destruir qualquer resquício de sentimento que de repente de uns tempos para cá começou a ter. - Disse Letícia batendo a porta com força.

A principio Tamires se assustou com a possibilidade de Letícia saber onde ela esteve na madrugada anterior, mas o ódio que crescia dentro dela era muito maior.

" Mas que merda é essa? Agora também vão ficar me perseguindo, monitorando cada passo que eu dou... Algumas coisas aqui vão ter quer mudar." Pensou Tamires e fechou os olhos ali mesmo no sofá.