Fantasmas da Memória

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- Você não vai sair daqui viva... - disse o homem com uma risada abafada. Ele era magro alto e absurdamente assustador.
Lentamente enquanto eu via eles injetando o líquido da seringa na minha bolsa de soro, deslizei as mãos por debaixo da coberta e apertei o botão de alarme de segurança. Uma luz vermelha começou a piscar no quarto, ao perceber que iriam ser pegos o homem correu para a porta, grande e covarde. A mulher ruiva não conformada de não conseguir concluir mais uma vez, me deu um soco no rosto que me deixou inconsciente.
Quando despertei percebi a presença de dois guardas na minha porta e Cris novamente ao meu lado.
- Meu amor você está acordando, fico feliz... Eu não deveria ter te deixado sozinha - disse Cris segurando minha mão.
- O que aconteceu, pegaram eles? - perguntei ainda meio tonta.
-Sim, mas a mulher conseguiu escapar... Os investigadores estão determinados arrancar informações do homem, a tentativa de assassinato de uma delegada é prova o suficiente para que ele fique preso por um bom tempo. Tenho certeza que logo ele dirá alguma  coisa - quando Cris parou de falar, minha mente começou a trabalhar.
Eu precisava sair do hospital o mais breve possível, ela iria voltar...
Na quela noite meus pensamentos eram intensos, tive sonhos a noite toda, basicamente eram uma mistura dos momentos em que estive com Tamires com o momento em que a matei, mas pouco antes de acordar sonhei que aquela mulher ruiva estava comela, com a minha Tamires. Ela a a abraçava e Tamires era completamente dela, como se eu não estivesse ali... - acordei e percebi que havia chorado enquanto dormia.
Quando aquele tormento de ficar no hospital acabou, eu só queria ir para casa. Eu estava convencida de que os pesadelos era apenas traumas da soma de coisas horríveis que me aconteceu.
Foi difícil convencer Cris que eu poderia ficar sozinha, no caso sem ela em minha casa, já que meu irmão ao saber que eu iria ficar uns dias de repouso decidiu vir ficar comigo,  eu já estava bem recuperada, uma "babá" já era o suficiente.
Os dias em casa pareciam uma eternidade de tortura, onde eu ia Fábio meu irmão ia atrás para ver se eu estava bem, eu detestava isso.Depois de duas longas semanas tendo Fábio como meu babá particular e a visita quase diaria de Cris, minha sobrinha estava tendo problemas com as notas da escola e ele teve que ir resolver.

Hoje foi a primeira vez que me vi realmente sozinha, o dia passou vagarosamente e eu evitei explorar os pensamentos que tentavam me consumir. Fui tomar um banho para relaxar, mas cada pedacinho daquele apartamento tinha lembranças dela para me assombrar. Me despi, entrei na banheira e fechei os meus olhos ...Tudo que vivemos, as lembranças desde o momento em que pus meus olhos naquele olhar misterioso, desde o momento que sentir o seu toque na minha pele...

A palavras ditas...

"Line eu te amo e eu nunca pensei que fosse capaz de dizer isso para alguém..."

"Tamires eu deveria prender você. Você é um monstro... Mas que droga, eu te amo e não consigo deixar de amar você!"

"Line eu preciso de você, quando estou com você eu sinto que sou capaz de ser alguém melhor ... "

Tudo que vivemos juntas, os nossos momentos, os beijos, nossa forma unica uma com a outra, o encaixe perfeito entre nós, o que ela mudou em mim, o quanto de sua alma eu pude ver, todos os momentos até o momento em que eu a matei...

Eu sabia que não deveria consumir nada alcoólico no período em que eu estava tomando todos os remédios para dor e antidepressivos, mas bati os olhos na garrafa que um dia foi dela, aquele whisky velho que ela só bebia quando o dia foi pesado demais, quando ela não aguentava os seus próprios demônios. Bebi assim como ela fazia, sem copo, apenas ela e os pensamentos.

Qundo a garrafa já estava quase no fim, minha mente era só um borrão, era como se eu pudesse ve-la na minha frente, me olhando como nunca olhou para ninguém, como ela só olhava para mim, não era um olhar assassino, havia doçura em seu olhar, eu queria encontra-la de novo, queria poder dizer a ela que a amo, queria dizer que não quero viver em um mundo sem ela... Afundei na banheira " meu amor, eu vou te encontrar..." Mergulhei nas águas daquele penhasco onde ela caiu.

IntensidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora