Capítulo 34

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Hoje finalmente saio do hospital, foram dez dias, entediantes, quase uma tortura ficar longe da delegacia. Poder ter ação, ocupar minha mente, fazer meu papel de heroína, ter minha arma de volta, ir para casa, voltar a minha rotina, dormir em minha cama.

- Está pronta Line? – Pergunta Cris interrompendo meus pensamentos.

- Sim, ansiosa para sair logo daqui – Respondi apenas.

Havia uma enfermeira no quarto com uma pasta com um monte de folhas, esperando para o meu consentimento para falar e entregar algumas receitas passadas pelo médico.

- Olá, bom dia! Eu preciso que a senhora assine estes papeis antes de sair. É só rotina, normas do hospital para controle de pacientes – Disse me gentilmente a enfermeira.

Peguei os papeis de sua mão, passei os olhos rapidamente em cada item destacado em negrito nos papeis. Médicos responsáveis, medicamentos usados, enfermeiros de plantão durante os dias em que estive internada, visitas, percorri os olhos, o nome de Cris estava em quase todos os dias, não contei a ninguém que estava internada, não queria preocupara minha mãe, então só havia o nome de Cris, exceto por um nome no primeiro dia que quase passou despercebido.

Eu sabia que eu não estava sonhando, eu ouvi sua voz, ela veio, ficou poucos minutos, mas veio... Por que não me acordou? Queria anto ve-la novamente.

Assinei os papeis e entreguei para a enfermeira, percebia que Cris também viu o nome na folha de visitas, ou ela já sabia que e não queria que eu soubesse... Mas por que ela ligou para Cris vir, ela a odeia.

Saímos do hospital e estávamos no carro indo para casa e minha mente não parava de me fazer questionar as atitudes de Tamires, enquanto isso Cris me observava apertando suas mão no volante do carro, parecia tensa então resolvi brincar com ela.

- Desse jeito vai ranca o volante fora... -Disse dando um pequeno sorriso. 

- Ah para Line... Não tem graça - Disse ela revirando os olhos e com a perna inquieta no sinal vermelho.- Então meu amor  esta melhor? - Disse ela tentando tirar a tensão do ar.

- Um pouco tonta por conta dos remédios, mas estou sim. Se você puder me leva na delegacia tenho uns assuntos pendentes. Lá deve está uma bagunça, não quero nem pensar nisso, cê acredita que... - Antes que pude terminar fui interrompida pelo celular de Cris. 
Ela olho pra o celular e depois me olhou com desconfiança.

- Ehr... Eu não preciso atender, é do banco – Disse Cris e desligou o telefone.

Cris me deixou na delegacia, onde fui bem recebida , porem estava tudo diferente. A subdelegada que estava no comando havia montado o que me parecia um circo dentro da delegacia, na sala de reuniões todos falavam ao mesmo tempo com papeis espalhados na mesa. Bati devagar na porta e entrei: 

-  Ah, que bom que você esta de volta, estamos conseguindo terminar de fechar uma investigação para uma mega operação que vai prender uma quadrilha inteira de mercenários assassinos de aluguel ... E sabe o que é mais legal , descobrimos o envolvimento de alguns políticos bem influentes. Vai ser um escândalo - Disse-me a subdelegada ironizando a ultima frase.

- Você sabe que eles vão jogar um balde de água fria nessa operação né? Só esse cara aqui tem bilhões em contas estrangeiras e é dono de muitas industrias aqui. - Disse enquanto pegava uma das fotos espalhadas na mesa.

- Liny, com todo respeito, sei que a delegacia agora voltou ao seu comando, mas peço permissão para continuar com meu plano. A quadrilha é muito grande, minha ideia é o seguinte: Vamos preparar uma armadilha para um dos integrantes da quadrilha, o mesmo que deixou as pistas que nos levou a esta investigação, se a quadrilha é tão poderosa, ele deve ser o mais fraco, irá delatar todos os outros em pouco tempo – Disse a subdelegada, não se referindo apenas a mim, mas à todos na mesa exibindo a foto do que para mim passaria por um estudante nerd.

Apenas assenti com a cabeça e começamos a preparar para nesta mesma semana armarmos a armadilha que nos traria, o membro menos importante da quadrilha para eles e o mais importante para nós...

No hotel onde aconteciam as principais reuniões com o grupo de extermínio estavam todos apreensivos, sobretudo Daniel, quase um garoto ainda, usa óculos de grau, com espinhas no rosto, um pouco magro demais, mas um assassino frio... Gostava de matar por asfixia.

Estavam todos sentados à mesa, menos Tamires que se mantinha de pé afastada do grupo do qual não gostava de "socializar", quando Leticia entrou na sala.

- Mas que porra é essa? – Disse jogando o jornal aberto na página policial, com uma foto pouco nítida de uma foto tirada provavelmente de um circuito interno de câmeras, mas era fácil de reconhecer... Daniel.

" SUSPEITO DE ASSASSINATO DO SECRETARIO DE SEGURANÇA PÚBLICA"

- Eu fiz o meu trabalho, não fiz?! Nunca vão me pegar, eu tenho outras identidades em vários países e você sabe disso, posso ir para qualquer lugar. – Disse Daniel tentando não demostrar nervosismo na voz, mas ao falar se levantou da cadeira.

- Você é ótimo Daniel, ninguém disse o contrário... – Disse Leticia contornando a mesa abrindo um sorriso e acariciando de leve os cabelos de Daniel. – Mas para mim você agora é inútil... – Disse Leticia deixando o corpo sem vida de Daniel cair no chão, os olhos arregalados e garganta cortada. – Livrem-se dele – Disse por fim.

No mesmo instante três dos homens que estavam na mesa se levantaram e começaram a limpar o chão e recolher o corpo.

- Que feio... Trabalho sujo – Disse Tamires quando Leticia passava por ela.

- As vezes precisamos sujar as mãos meu amor – Disse Leticia erguendo a mão suja de sangue para passar no rosto de Tamires. – Não é assim que você gosta, sentir o sangue quente escorrer pelas tuas mãos?! – Disse Leticia mordendo devagar os lábios de Tamires, que neste momento olhava fixamente para a grande mancha de sangue no chão.

- A diferença é que eu não deixaria ninguém aqui vivo – Respondeu Tamires.

- Nem eu? – Disse Leticia mordiscando e beijando o pescoço de Tamires.

- Nem você...- Disse Tamires virou as costas e saiu andando.

- Eu poderia te matar... – Disse Leticia com indignação, com a arma apontada na direção de Tamires.

Tamires deu mais 3 passos, parou ainda de costa.

- Faça esse favor... (uma breve pausa) Aqui não existe vida a muito tempo. – Disse Tamires olhando por cima do ombro, com um sorriso triste e sarcástico.

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