Capítulo 20

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Estava completamente imersa em pensamentos quando senti a mão quente dela me envolver carinhosamente pelas costas.
Não percebi que ela havia acordado, ela me virou e olhou no fundo dos meus olhos tentando decifrar meus pensamentos, ficamos ali nos olhando por longos minutos e definitivamente ela estava longe de ser um mostro que eu vi um dia.
Percebi que no fundo aquilo que a assombrava estava se tornando amor, mas será que meus pensamentos estão corretos? Ela poderia estar apenas fingindo ser assim...
E derrepente meus pensamentos foram interrompidos.
- Daria tudo para saber o que você está pensando.
-Nada de mais, apenas estou lembrando de ontem a noite.- apenas disse a ela.
-Liny eu preciso tentar te explicar o porquê eu não te procurei.
- Então explica. - Respondi brava
-Quase me pegaram- ela me disse com olhar decepcionado. - Desde daquela vez que você deixou aquela garota escapar. Não sabem que sou eu, mais desconfiam, só não me prenderam ainda porque eu não tenho passagem. Estão investigando cada passo meu, é perigoso para você está do meu lado. Você tem a chance de ter um futuro brilhante, a chance de ser feliz.- disse ela com os olhos cheio de agua. - Você precisa entender Liny, você não pode ficar comigo. Eu sou um caso perdido.

- Eii, não você não é o caso perdido Tamires, você apenas precisa querer mudar.
-Eu não consigo. Você precisa entender. Eu gosto.
- Pensei que me amasse Tamires. Que jogaria tudo de lado para ficar comigo.
- Eu amo você e acredite eu nunca disse isso para ninguém.
Me virei cruzando os braços, removendo as mãos dela do meu corpo. E disse:
- Ama de verdade?
Ela tocou meu rosto com ternura e disse apenas:
- Amo, na verdade você é a segunda pessoa que eu amo em toda minha vida, a primeira morreu causando o motivo dê eu ser assim. Você precisa entender Liny e é porque te amo que preciso me afastar de você e deixar você feliz.
- Se você me deixar eu não vou ser feliz, entenda isso Tamires você se encaixa perfeitamente em mim.
Seus olhos rebrilharam e apenas me abraçou forte, pudi sentir suas lagrimas pingarem no meu ombro. Ela se afastou afrouxando os braços e olhou nos meus olhos e disse:
- Eu vou tentar.
Ela ia me beijar até que a campainha toca, quando abro a porta é Cris.
- Estava ótimo o bolo que você me deu ontem. - disse ela com ironia.
-Tive alguns contratempos e não pudi ir.
-Poxa você poderia ter me ligado. Você não vai me convidar pra entrar?- disse ela ja entrando
E me cumprimentou com um beijo.
- Nossa muito bonito seu apartamento.- ela disse.

Derepente Tamires surge na sala.
-Liny você sabe onde está minha cami... Oi!
- Desculpa Liny não sabia que você estava acompanhada.- disse Cris se virando para ir embora.
-Eii Cris espera. Ela é só minha amiga.
- Amiga que fica andando pelo seu apartamento sem camisa? Ótimo Liny- disse ela indo embora.
Cris sai fechando a porta, quando me viro Tamires está com sorrisos sarcásticos no rosto
-Amiga? - Disse ela pegando a camisa e saindo pela porta batendo com força.
Peguei minha roupa e desci correndo atrás delas. Mas quando cheguei era tarde demais, elas ja não estavam no condomínio.
Tentei ligar para Cris mais caía na caixa postal e deixei um recado:
" Cris me desculpa pelo mal-entendido."
Vendo que minha decida foi em vão, voltei ao meu apartamento e peguei alguns livros para estudar, amanhã será um grande dia a prova para a polícia. Passei o resto do dia estudando, de noite resolvi ligar para minha mãe para saber como estão ido as coisas por lá...
Fiquei esperando que Tamires voltasse de madrugada, mais isso nao aconteceu. Amanheceu e fui logo me arrumar para fazer a prova, enquanto criava a redação que pedia na prova, com o tema de violência doméstica me lembrei do que aconteceu para Tamires ser como é, não consiga pensar em outra coisa a não ser nela.
Estava com uma certa dúvida sobre o certo e o errado...
Depois de terminar a prova fui para meu apartamento. Quando chego na portaria Cris estava a minha espera.
_ Oi Liny, a gente pode conversar?
_ O-o-oi Cris. Claro que podemos. Fica à vontade. -Ela entrou.
_ Olha Liny serei bem direta... - ela deu uma pausa - Não confio nesta mulher que você anda se encontrando, o jeito como ela te olha... Me dá arrepios!
_ É só o jeito dela... - disse, mas no fundo Cris tinha razão, não é atoa que Tamires tem esse ar sombrio.
_ Em fim, não foi apenas isso que queria conversar - disse me cobrando minha atenção.
_ Eu sei Cris...
Ela pega na minha camisa e me puxa pra perto dela, ela estava fixada na minha boca, chegando cada vez mais perto, até que ela me beija. Eu senti tudo de novo, todo aquele momento, deitei ela no sofá e beijei mais intensamente, ela foi abrindo os botões da minha blusa, enquanto eu mordia seu pescoço, ela me arranhava e eu arrepiava. Foi um momento que se tornou único e ficamos ali por várias horas...
Ela adormeceu e eu a apenas observei até logo cair no sono também.
Eram 2:40 da manhã quando meu telefone tocou, não reconheci o número mas atendi.
_Liny! Você precisa acreditar em mim, eu não fiz nada... - Era Tamires uma voz urgente - Liny... - sua voz foi interrompida. Tentei ligar de volta e caiu na caixa postal.
Droga o que ela fez dessa vez?!

No dia seguinte, abri o boletim oficial que chegou com uma semana após a prova, ansiosa pra ver o nome dos aprovados, e lá estava o meu nome... Eu passei! Finalmente e oficialmente agora sou uma Policial. Meu coração saltava de alegria, logo abaixo estava escrito o endereço de onde seriam os treinos que teríamos que fazer para exercer a função, durante a prova tivemos avaliações físicas, mas logicamente não nos ensinaram a manusear uma arma.

Os treinos foram rígidos, foram 3 meses de treino intensivo. Aprendi a atirar, aprendi jiu-jitsu como arte marcial de imobilização, aprendi a me esconder e me camuflar me tornando quase invisível. Me pergunto se Tamires já fez esses treinos, como ela consegue entrar por janelas, em condomínios sem ser percebida, e ainda pior, ter assassinado tanta gente sem nunca ter levantado suspeita? Lembrei do que ela me falou sobre estarem rastreando ela, e se ela foi pega? E se mataram ela? Meu Deus... Pensar nisso me causou náuseas.

Hoje começa o meu primeiro dia de trabalho, visto meu visto a camiseta com o emblema discreto no canto, entro no meu carro e me dirijo para a delegacia.
Chegando lá fui direto para uma sala de reuniões, o delegado falava alto e apontava para a imagem do retroprojetor na parede.

_Quinze assassinatos sem solução! Quinze vidas inocentes que deixaram suas famílias desoladas e nenhum suspeito apenas uma testemunha que achávamos ser suspeito mas acabou se tornando vítima.
As palavras do delegado eram como laminas afiadas, no momento que apareceu ela na imagem sentada em uma sala de interrogatórios, estava de cabeça baixa, mas era impossível não reconhecer aquela camisa surrada e os cabelos coloridos.
Meus devaneios foram interrompidos de súbito quando o delegado perguntou olhando cada um na sala.
_Precisamos de mais informações, ela não lembra de muita coisa, mas estava na cena do crime, então precisamos dela.

Quando estávamos saindo da sala me ofereci para ir fazer perguntas a nossa testemunha. Ao entrar na sala levei um susto ao ver que ela estava com marcas de agressões visíveis no rosto...

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