Capítulo 28

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Fiquei fria com ela, depois do que ela fez com aquela garota inocente só porque estava com raiva de mim, não era justo.

- Se prefere assim, eu não vou mais te procurar. Pensa bem no que vai fazer. - Disse lançando um olhar firme.

Ela apenas deu um sorriso meio triste me entregando o prato com café, se vestiu e saiu. No momento em que ela bateu a porta, eu desabei fiquei no chão chorando por lembrar de ontem a noite de como foi lindo, tão mágico que era impossível acreditar que hoje seria nossa despedida, mas já era pra eu ter me acostumado com isso, pois no final das contas ela sempre vai embora, as promessas nunca são cumpridas. Talvez o destino não quer mesmo a gente junta. Talvez eu só entrei na vida dela pra mudar algumas coisas e com tudo eu acabei me iludindo como sempre faço... É tão errado assim? Você querer tanto uma pessoa ao ponto de sacrificar por ela? Ao ponto de você perder tudo só pra ficar com ela? Dói lembrar daquelas palavras que eu disse, dói saber que ela nunca mais vai voltar e quando eu mais preciso de alguém todos somem. Estava olhando para as armas de fogo que estavam esparramadas pela cama eu não sabia se ficava feliz ou se chorava, feliz por que era meu sonho e triste por que eu amava uma "psicopata" que irônico, eu deveria ter imaginado que nunca iria dar certo, onde já se viu uma policial ter um futuro com uma psicopata?

Fui tomar um banho para ver se conseguia relaxar, mas na minha cabeça só vinha pensamentos ruins. Peguei uma arma que estava na mesa ao lado da banheira e mirei na minha cabeça, eu queria muito puxar o gatilho naquele momento, mas não tive coragem, então eu apenas relaxei meu corpo na banheira e tentei me afogar...
Quando recobrei a consciência Cris estava desesperada me cobrindo com a toalha, fazendo massagem cárdia e respiração boca a boca, o telefone estava ao meu lado em chamada no viva voz para ambulância, quando eu comecei a tossir jogando a água para fora.
Ela respirou aliviada e falou calmamente.
- Mantenha a cabeça inclinada para trás e o queixo levantado - disse verificando meu pulso.
- Ela reagiu, muito obrigada pelo auxílio, mas não será mais necessário o socorro. - disse Cris ao telefone.

Quando eu finalmente consegui reagir ela me senta na cama e pergunta:
- O que você tava tentando fazer em Liny? Se matar? - disse olhando em meus olhos - É por causa dela né? Ela foi embora de novo não foi? Ela não te ama, eu te amo! - disse acariciando o meu rosto.
- Vai com calma Cris. - Respondi tossindo ainda, sentindo me frustrada e aliviada.
Eu não aguentava mais essa montanha russa que é um relacionamento com Tamires, se é que pode chamar de relacionamento, a angústia me tomou, eu realmente queria sumir deste mundo, mas morrer?!
-Te respondo tudo o que me perguntar, mas antes vai ter que responder a minha. - continuei, com a voz um pouco rouca.
-Tá, oque foi? - Disse ela levantando a sobrancelha.
- Como foi que você conseguiu a chave para entrar na minha casa? Sendo que troquei a fechadura por causa daquela sua amiga. O que você veio fazer aqui? Ah, já ia me esquecendo obrigada por me salvar, mas é estranho... - disparei a falar quando recuperei o ar.
- Eu tinha que buscar algumas coisas minhas que ficaram no apartamento,eu bati na porta, mas você não atendeu então liguei pra um chaveiro que tem por aqui perto. Quando entrei vi que estava no banheiro com a porta aberta, entrei e vi algo que não quero ver nunca mais... - disse é deu uma pausa apertando os olhos como quem quer esquecer - Eu pensei que você iria morrer Liny, você tem ideia de que se eu chegasse alguns minutos mais tarde, você estaria morta?! - disse é abaixou a cabeça com os olhos novamente apertados.
Não aguentei as palavras de Cris e as lágrimas começaram a descer do meu rosto, ela apenas me abraçou.
- Liny você pode ser feliz, eu posso te fazer feliz! - disse me olhando em meus olhos, tão de perto que puder ver cada traço de seus muitos pigmentos castanhos - Se você me der mais uma chance... - seu olhos brilhavam ao falar.
- Eu não aguento mais isso Cris, não aguento mais chorar - disse abafando o choro em seu ombro.
- Deixa eu te fazer feliz Liny, eu posso e eu nunca vou te deixar como ela já fez tantas vezes. - disse baixo perto do meu ouvido.
Então eu apenas ergui meus olhos, e encontrei os lábios dela, ela me abraçou com ternura, tirou a toalha que envolvia meu corpo, nos deitamos na cama seu corpo estava quente em contraste com meu corpo quase gelado, subi em cima dela completamente nua, seus olhos brilharam em êxtase. Sim ela me queria, ela me deseja, ela é quem eu deveria querer... Deslizei minhas mãos por seu corpo, segurando as lágrimas, pois a algumas hora era o corpo de Tamires que eu tinha em minhas mãos, mas eu também amava Cris... Sei que é errado amar duas pessoas, mas se eu escolher uma perco a outra e nesse momento eu não queria mais perder ninguém. Sim, eu estava com Cris mas cada beijo, cada toque eu imaginava Tamires ali na cama, era diferente sem dúvida, então resolvi esquece-la naquele momento e voltei a realidade. Tamires não estava ali, mas Cris estava e ela nunca me deixo. Isso começou a deixar minha cabeça pulsando de tanto que eu pensava... Levantei da cama e fui pegar uma bebida pra ver se parava um pouco, quando voltei olhei para cama e observei Cris dormindo, era tão bela, sorri para janela olhando para lua e imaginando por onde ela devia estar.
Na quela noite Tamires seguia com sua moto para sua antiga casa, as lágrimas cortavam seu rosto ela não sabia se realmente querer ir para lá, ela só queria ir para algum lugar que não trouxesse Liny a mente. Quando chegou em casa desabou a chorar, não sabia o que fazer, haviam incertezas na sua mente, já não sabia quem ela era... Encostou-se em uma parede e e permitiu apos anos deixar as emoções lhe consumirem, sentou no chão com o seu copo de Whisky e começou a lembrar de todos os momentos que passou ao lado de Liny , decidiu que precisava ir para mais longe, onde ninguém a conhecesse, talvez algum lugar onde pudesse ver o mar. Ao amanhecer, fez as malas e foi para o aeroporto, deixando a cidade é deixando Liny.

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