sexagésimo terceiro

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30 de novembro de 2003 – Columbus, Ohio

Eu acabei contando para a Dra. Eva o que aconteceu na escola, e acabei chorando enquanto contava.

Ela disse que não fazia ideia de como era estar na minha pele esse momento e pediu que eu contasse pra ela só o que eu me sentisse confortável em contar.

Eu nunca tinha percebido como a Dra. Eva era legal.

Aí eu falei o que a voz dentro da minha cabeça me disse e depois eu perguntei: “Por que ele só aparece quando eu tô escrevendo no diário ou sozinho?”

Ela pensou um pouco e falou “Você disse que ele odeia Tyler, não é?”

“É”, respondi.

“Quando Tyler não está por perto, ou quando você está sozinho e pensando em Tyler, é o momento que ele está mais propenso a aparecer”, ela disse. Vou até pesquisar o significado de “propenso”. Às vezes ela fala umas palavras difíceis.

“E o que isso quer dizer?”

“Tyler consegue anestesiá-lo, entende? Como a dor de um dente cariado. Você toma um remédio para passar a dor, mas uma hora ou outra você terá que ir a um dentista para tratar a cárie.”

Do jeito que ela explicou eu consegui entender.

“Ele pode afastar seu alter ego por um tempo, mas ele vai voltar”, ela continuou. “Se você quiser que ele vá embora, você mesmo terá que dar jeito nisso. Mesmo que você e Tyler sejam amigos durante a vida toda, vão haver momentos que você vai ter que se virar sozinho, e é nesses momentos que esse alter ego vai se aproveitar de sua fraqueza para te fazer sentir medo ou até tomar conta do seu corpo.”

Eu senti medo naquela hora. Pensei ver algo se movendo ao meu lado, mas quando olhei, não era nada.

“Eu quero mudar de assunto”, falei. Ela sorriu um pouquinho.

“Quer falar sobre o quê?”, ela perguntou.

“Segunda-feira é o aniversário do Tyler”, eu respondi.

“Ah, sério? Já pensou no que comprar pra ele?” ela me pareceu muito animada.

“Eu vou comprar um ukulele pra ele”, eu falei, mexendo nas minhas unhas. Não queria olhar pra Dra. Eva naquela hora.

“Tenho certeza que ele vai adorar!”, ela disse. “Vai fazer mais alguma coisa especial?”

“Eu vou pra casa dele depois da aula”, falei, olhando pra Dra. Eva.

“E... Mais alguma coisa além disso?”

Eu estranhei na hora.

“O que você tá querendo dizer com isso?”, perguntei.

“Bem... Nenhum abraço ou coisa assim?”

“Dra. Eva, não me pressione”, eu falei, sentindo vergonha. “Eu ainda não decidi nada sobre isso.”

“Tudo bem, Josh”, ela parecia se desculpar por ter falado aquilo pra mim. “Não queria que você tornasse isso tão pessoal.”

“Eu só gosto dele como amigo”, eu respondi. “Só isso.”

Ela só sorriu pra mim depois disso.

Bem, amanhã é o aniversário do Tyler. Espero que a neve não seja forte demais. Tomara que tudo dê certo.


Gente, a Waifuzinha tá escrevendo uma fic linda linda linda, se chama Stressed Emails, me surpreendeu demaaaaaais! Vale a pena dar uma passadinha lá, garanto que vocês vão amar <3

Ah, já olharam a oneshot que postei ontem? Meio que tinha muita gente pedindo por aquilo, então eu decidi escrever sem incluir na história original (pra não atrapalhar os rumos rsrs). Quem já leu deve ter gostado – eu espero.

Beijos e até amanhã ❤

Goner (don't let me be)Onde histórias criam vida. Descubra agora