25 de dezembro de 2003 – Columbus, Ohio
É Natal, afinal. Minha mãe fez os famosos biscoitos de gengibre, e eu liguei para Tyler bem cedo para desejar a ele Feliz Natal. A gente ficaria conversando o dia todo se a minha mãe não tivesse pedido o telefone para ligar para a família que mora longe, então eu vim para o meu quarto e me escondi da socialização.
Meus tios e primos que moram aqui em Columbus vieram para ceia de ontem, e voltaram hoje de novo para o almoço. Não gosto muito deles. Eu nunca sei como agir quando estou perto de todas essas pessoas. Acho que eles me acham esquisito.
Ok, uma coisa estranha demais acabou de acontecer. Estou tremendo muito e quase não consigo escrever, mas preciso anotar. Eu sei que preciso.
Eu estava escrevendo quando a porta do meu quarto se abriu. Até pensei que fosse Jordan, então eu falei “Vai embora, Jordan”, mas acontece que não era o Jordan.
A pessoa respondeu “Eu nunca vou embora, Josh”, numa voz terrível, que eu reconheci como sendo da dupla personalidade.
“Então você apareceu para me desejar Feliz Natal?”, perguntei enquanto tremia um pouco. A ansiedade atacou naquela hora. Eu tive muito medo de ele me causar algum mal, e eu sabia que ele podia. Tudo o que ele mais quer é me ver mal.
“Você é muito engraçadinho”, ele respondeu, se aproximando. Ele usava uma máscara de Papai Noel, e até seria engraçado se ele não me desse arrepios.
“O que você quer?”, eu disse com o último fio de voz que eu tinha. Ele deu uma risada, não assustadora, mas como se estivesse achando toda a situação um espetáculo de circo.
“Por que você tem tanto medo de mim?”, ele perguntou.
“Você é muito assustador,” respondi. “Você é horrível. Você diz e me faz fazer coisas horríveis. Você me faz sofrer e por sua causa eu não posso fazer muita coisa. Você odeia Tyler.”
“NÃO FALE O NOME DELE!”, ele gritou, correndo em minha direção assim que falei o nome “Tyler”.
“Por que você o odeia tanto?”
Ele bufou, pondo as mãos na cabeça e se afastando de mim.
“Eu tenho meus motivos.”
“Ele te fez alguma coisa?”, eu arrisquei.
“Fez, mas não a mim,” ele respondeu, se aproximando de mim. Eu dei um passo pra trás. “Ele fez a você. Fez você ficar todo apaixonadinho por ele, achando que ele podia me tirar de você. Mas, sabe, Josh, ele não pode. Até a Dra. Eva já sabe disso, mas você continua insistindo em acreditar que eu posso sumir, feito fumaça, puf!. E, claro, pra você, é Tyler quem pode fazer isso.”
“Eu não tô apaixonadinho por ele!”, falei, indignado, tentando não gritar. “Eu e Tyler somos amigos.”
Ele riu.
“Qual é seu nome?”, eu perguntei, depois de ficar um bom tempo esperando ele falar alguma coisa.
“Por que quer saber?”, ele rebateu.
“Eu não posso conversar com uma pessoa que eu nem sei o nome.”
Ele pareceu pensar.
“É interessante ver que você me toma por uma pessoa agora”, explicou, e eu revirei os olhos. “Me chame de Jim.”
“Jim”, repeti. Ele tinha nome.
“Você é surdo?” Jim sentou-se em minha cama. Eu continuava em pé, perto da janela.
Eu respirei fundo.
“Olha, Jim, eu... Eu adorei falar com você, mas acho que já é hora de você ir embora.”
Ele olhou pra mim por trás dos buracos dos olhos da sua máscara de Papai Noel.
“Lembre-se, Josh: Eu nunca vou embora”, ele falou, levantando-se da minha cama. Não mexi um músculo até que ele saísse do meu quarto, olhando diretamente para mim. “Eu vou voltar.”
medo
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Goner (don't let me be)
Fanfiction(baseada na música Goner) "Ele tirou de mim todas as esperanças que eu tinha de viver feliz por toda a minha vida. Ele é o que me faz ser infeliz. Você não fez nada de errado. A culpa é dele. A culpa é minha. A culpa é só minha. Eu já era um caso pe...