Capítulo 14 - Mais um dia

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Olá!!!! Aqui está mais um capítulo. 




Alex

Passei aquela noite sentado na escada ouvindo os soluços que vinham do quarto no segundo andar da casa. Nataly silenciara por volta das três da manhã e foi quando eu suspirei e decidi me levantar. Eu estava me sentindo péssimo com toda aquela situação. Ela não merecia esse tipo de notícia, pelo menos não agora. Ela só precisava estar de luto, chorar um pouco e recordar-se de bons momentos, mesmo que estes sejam poucos.

Mas acontece que eu não estava de luto. Não mais. E nem poderia, nossas vidas ainda corriam riscos. Então dependia de mim, fazer as coisas certas dessa vez. Seria eu a resolver esse caso de uma vez por todas. Sempre deixei para depois, por meu foco ser encontrar Nataly, desde que assumi essa posição, e porque esse não era um caso de verdade para poder gastar meus recursos e tempo. Mas, agora, tudo havia mudado, eu estava com Nataly e isso havia virado mais que um simples caso em minhas mãos. Era o que definiria a vida de uma nação, ou até mais de uma. Então eu iria estar mil passos à frente daquela louca que me usou todo esse tempo. Eu a pegarei e colocarei um ponto final nesse passado terrível que ainda nos assombra.

Decidi descer até o porão, onde tínhamos nossa base improvisada.

Graças ao meu senso paranoico, eu trazia todos aqueles papeis, que Antony manteve escondido por anos em sua escrivaninha, junto a mim. Não importava onde eu fosse eles sempre estavam na minha bagagem de mão, e claro que também tinha tudo em um pen-drive criptografado, que andava preso as minhas chaves sempre em meu bolso.

Puxei uma caixa que estava no topo de uma prateleira e a poeira subiu no ar. – o porão havia sido o único lugar que eu não havia limpado completamente, pois haviam caixas demais e eu estava no meu limite com lugares como aquele. – Levei a caixa, o notebook, o painel de vidro, onde fazíamos anotações e colocávamos fotos de suspeitos, e todas anotações que achei no banco de dados da sede brasileira sobre a fundação da agencia, para a sala da casa. Trabalhar em lugares como esse porão eram terríveis, e eu, além de ser um pouco claustrofóbico, achava um desperdício ficar dias enfurnado em um lugar como aquele quando tínhamos uma casa e uma paisagem tão lindas para apreciar.

Mais uma noite perdida desde que cheguei aqui. E dessa vez fora perdida transformando nossa sala em uma sala de comando tático e operações. E a sala que antes era aconchegante e gritava "família", agora parecia ter saído de um filme policial. Ironicamente muito parecido com o que acontecera comigo.

- Você realmente tem problemas com fuso-horários. – Vejo Nataly encostada no corrimão da escada, em pé sobre o penúltimo degrau, com Louise, sonolenta e o rostinho todo vermelho, grudada em sua perna.

- Bom dia! – Sorriu e levantando. – Você está melhor? – A olho preocupado.

- Estamos sim. – Termina de descer os degraus – Lou estava com fome, então eu a trouxe para comer.

- Quer que eu prepare algo? – Avanço em direção a cozinha antes dela.

- Você passou a noite acordado, tenho certeza que posso fazer meu café – Tentou não parecer grossa. Mas eu entendi o recado.

Eu estava indo rápido demais? Eu acho. Sei lá. As coisas estavam um pouco confusas agora. Eu não conseguia saber ao certo em que pé estávamos. Se ela me odiava, ou me amava. Se queria minha amizade ou só agiu daquela forma ontem para me perguntar sobre seu pai. Por que nada era fácil quando se tratava de Nataly Walter?

- Você quer alguma coisa? – Encarou-me esperando por uma resposta.

Eu precisava de uma conversa urgente com essa mulher ou eu iria enlouquecer.

- Não, eu estou bem. – Ela sorriu e deu as costas para mim virando-se para o fogão.

Sentei-me ao lado da, ainda sonolenta, Louise, no banco junto ao balcão.

Era difícil de acreditar que aquela coisa pequena com os olhos de um azul quase cinza era minha filha. Ela era tão perfeita e tão parecida com a mãe.

Caramba! Eu sou pai!

São tantas coisas acontecendo que eu ainda não parei para raciocinar o que estava por acontecer ali. Sabe, eu passei quatro anos da minha vida imaginando encontrar Nataly e minha filha, mas desde que a vi pessoalmente, eu não parei para sentir o que o momento oferecia. Eu não havia parado para sentir como é realmente ser pai. Era tão boa a sensação, mas infelizmente não era como eu imaginei durante os últimos anos. Eu não estava com Nataly e muito menos chamando a pequena ao meu lado de filha. Eu queria poder, mas se Nataly não queria me contar o obvio, eu não iria forçar. Ela tinha que confiar em mim e ver que eu realmente merecia ser pai, mesmo que eu não houvesse preparado fazer isso antes dos trinta.

- No que exatamente você transformou nossa sala? – De tudo o que ela disse eu apenas ouvi o "nossa". Sei que foi inconsciente, mas aquilo aqueceu meu coração.

- Não reconhece um centro de tática quando vê um? – Sorri observando que havia um prato com ovos e bacon na minha frente e um prato com um mingau na frente de Louise. O mundo era tão injusto com os bebês.

- Parece mais uma zona de guerra para mim. – Sorriu roubando uma tira de bacon do meu prato. Parecíamos uma família comum tomando um café da manhã numa manhã comum de domingo. Exceto pelo fato de que não éramos uma família e nem era domingo. Aliás, comum nem se quer fazia parte de nossos vocabulários.

- Ela parece mais interessada no meu bacon do que neste mingau sem graça aí. – Sorrio vendo Louise fazer birra para comer o mingau.

- Uma pena que eu não quero que minha filha morra de colesterol antes dos cinco anos, não é mesmo? – Ironiza.

Quando foi que ficamos numa boa assim? Ontem ela não estava bem com nada aqui. Bipolaridade é um caso sério meu povo.

- Vai me dizer o que tem ali? – Insistiu e então percebi que havia ignorado sua pergunta anterior sem querer.

- É apenas algo para ajudar na investigação. – Contornei a explicação lembrando do que se tratava toda aquela papelada agora espalhada no chão.

- Não sou uma criança, Alex. E também não sou idiota. – Me encarou desistindo de dar o mingau para Louise. – Eu sei que se trata do que falamos ontem. Até porque esse é o ponto chave para derrubar aquela maluca.

- Não precisa se preocupar com nada. Você não tem que...

- Eu já tive meu momento de luto Alex – Apoiou-se no balcão – Agora eu preciso fazer isso, preciso mergulhar em algo e ocupar minha mente. – Disse me olhando no fundo dos olhos.

- Tudo bem – Respirei fundo levantando do banco – Ali está tudo que eu tenho sobre essa teoria. Agora só precisamos comprová-la.

- Contatou a Sede? – Pergunta pegando Louise do banco.

- Sobre isso? – Ela acena positivamente – Não. Só vamos entregar isso quando for concreto. Se isso está escondido por anos, tem um motivo.

- Ninguém saber.

- Não vamos arriscar enlouquecer ninguém por causa disso. Se for algo concreto, se esse for realmente o motivo, muitos vão querer ir atrás do que está naquele cofre. Não podemos confiar em ninguém, nem ao mesmo naqueles que estão nos acolhendo.

- Igualmente minha mãe fez. – Suspirou.

- Igual sua mãe fez.

- Só que ela morreu. 

S.W.A. 2 - Os Segredos Da Minha VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora