Nataly
Acordei algumas horas depois com o sol batendo em meu rosto. Levantei confusa, estava no quarto de Alex. Havia adormecido ali junto a Louise enquanto o esperava voltar da floresta com a tal planta.
O que me faz lembrar….
Olho no relógio que havia no criado mudo ao lado da cama. Ele marca seis da manhã. Alex havia saído há mais de três horas e não havia voltado. Isso não era bom! Maldita hora que eu dormi!
Checo Louise que dorme sossegada do meu lado. Ainda estava febril. Porém nem sinal de dores fortes ou enjoos.
- Lou! – Tento acordá-la, e ela me resmunga algo chorosa, virando para o outro lado e dormindo novamente – Tudo bem! Às vezes ele está na sala. Ele chegou e não quis te acordar. Apenas relaxe e vá checar Nataly! – Digo a eu mesma enquanto me direciono a porta do quarto.
Desço as escadas rezando para todos os deuses existentes e os que já foram esquecidos. Quase dez minutos rodando a casa e gritando por seu nome e nada de uma resposta ou um corpo jogado por ali. – Meu desespero começar a aumentar gradativamente – Onde Alex poderia estar? E a única resposta que vem na minha cabeça é perdido, ferido ou preso em algum lugar dessa pequena, porém densa floresta que se estendia em nosso quintal.
- Mamãe??? – Ouço Louise gritar no andar de cima e corro até ela. Tudo que eu não preciso agora é que ela tenha piorado.
- A mamãe está aqui meu amor! – Aproximo-me dela que está sentada na beira da cama coçando seus pequenos olhos claros – Está tudo bem? Está sentindo alguma coisa? – Ela apenas balança cabeça negativamente e eu me sinto mais aliviada. – Então nesse caso nós duas vamos fazer um passeio para procurar o Alex, porque ele se perdeu.
- Onde? – Ela parece mais alegre e saudável, mesmo que sua temperatura elevada diga o contrário.
- Na floresta. – Ela sorri e eu me lembro que ela estava louca para passear na floresta e ver a praia do outro lado. – Vamos encontrar o Alex! – Digo essa última parte mais para me convencer do que para ela.
O clima ainda estava meio frio na ilha, então agasalho Louise por completo – mesmo sabendo que isso pode aumentar sua febre –, pego minha arma, por precaução, e sigo na direção em que vi Alex sumir na noite passada. Graças a chuva extrema na noite anterior, não consigo ver qualquer rastro da presença de Alex em lugar nenhum. Caminho por mais trinta minutos e paro para descansar numa arvore qualquer.
Não encontrar Alex, estava me assustando. A ideia de ficar sozinha aqui, não era boa. E para ser sincera eu não fazia ideia de como pilotar um barco.
Não que isso fosse o mais importante. Claro que não!
A verdade é que eu não conseguia imaginar um mundo sem Alex. Eu o amo e ele é dono de metade do meu coração.
Será que me perdi de vez? – E eu não estou me referindo a floresta.
Uma hora de caminhada e procura por aquela mata densa, e eu finalmente decidi fazer o que devia ter feito desde o começo: gritar!
Tão simples e foi a única coisa que eu não pensei em fazer. Me sentia estúpida por ter esquecido disso.
Alguns minutos a mais e eu já não conseguia aguentar o meu peso e o peso de Lou em meu colo. – Eu não treinava resistência há muito tempo. No fundo tinha esperanças de não precisar mais usar. – E quando pensei em simplesmente voltar e rezar para que ele estivesse lá, Louise viu algo se mover numa moita atrás de uma grande árvore.
Coloquei-a no chão e peguei minha arma, antes presa em minha cintura, e fui de contra o barulho, que para minha surpresa era de um animal qualquer que tentava puxar um ramo de planta de uma mão. – Espera! Uma mão. Ai meu Deus!
- Alex?! – Sussurrei, mas foi o suficiente para o pequeno animal correr e Louise pular atrás de mim. – Alex? – Disse mais uma vez, aproximando-me ainda mais, até perceber que além de caído ele estava desacordado. – Ai meu Deu! Alex, você está bem? – Digo mais alto correndo até ele.
Ele estava completamente encharcado e segurava a planta que prometeu buscar. Mas o que assustava era ele estar desacordado. Olhei seu corpo de cima a baixo para encontrar a causa, que só ficara visível quando estacionei minha visão em seu pé. Lá havia um corte bem profundo e sangrava que era uma beleza. Além disso ele parecia estar em choque e tinha um corte mais leve na lateral de sua cabeça.
- Alex, acorda! Por favor!? – Agachei-me do seu lado e comecei a sacudi-lo em desespero – Alex, eu preciso que você acorde para irmos para casa, eu não consigo te carregar. – Lágrimas começaram a descer e eu só tinha vontade de deitar ao seu lado e abraça-lo fortemente até toda dor ir embora. Mas eu estava esquecendo de uma coisa importante.
- Mamãe, porque você tá cholando? – Louise. Ela estava lá também e eu não conseguia ser uma mãe, uma socorrista, uma agente e a mulher apaixonada pelo cara morrendo nos meus braços agora. – O tio Alex tá bem? Ele ta dodói? – Perguntou sentando do meu lado esperando por uma resposta.
- Ele vai ficar bem – Tentei segurar o choro – Mas eu vou precisar da sua ajuda. – Sorri e ela levantou ficando de prontidão – Eu vou tentar acordar o Tio Alex e vou carregar ele para dentro da casa e você vai ter o trabalho mais importante – Sorri pegando o ramo que ele carregava – Você vai levar essas plantas mágicas que ele veio buscar. Elas precisam ser bem protegidas, nenhum ser que vive na floresta pode pegar de você. Você consegue? – Ela acena com a cabecinha empolgada – Tem certeza? É um trabalho bem difícil. - Encaro-a alertando sobre o seu grande “sacrifício”. Isso iria distrai-la.
- SIM!!! – Ela saltita, pegando o ramo da minha mão logo em seguida.
Era muito bom saber que ao menos eu conseguia ser uma boa mãe e alienar minha pequena do real problema pelo qual estávamos passando ali.
- Nesse caso, eu vou confiar essa missão a você. – Sorriu e volto minha atenção para Alex. – Vamos lá! Acorda!!! – Acaricio seu rosto algumas vezes. – Alex Bernoulli! – Falo mais grosso – Acorda agora! – Dou alguns tapas em seu rosto e vejo sua respiração ficar mais pesada. Respiro aliviada ao vê-lo abrir os olhos lentamente.
- O que....
- Shii – Interrompo-o – Não fala nada! Eu estou aqui com você agora, mas eu preciso que você me ajude a te levantar e caminhar. – Ele me olha confuso.
- Meu pé – Ele sussurra.
- Eu sei! Ele está um pouco machucado, então não faça força nele, ok? - Digo com a voz mais mansa que consigo.
Alex começa a levantar ainda tonto e atordoado. Eu o ajudo a caminhar durante todo o trajeto. Ele quase desmaiou algumas vezes o que dificultou nossa já longa caminhada e assustou minha pequena que caminhava ao meu lado concentrada em não deixar nenhum animal da floresta chegar perto de sua planta mágica.
Assim que chegamos a casa eu o ajudo a subir os degraus, já que não havia mais espaço na sala que ele transformou em um escritório. Louise decidiu ficar lá em baixo fazendo guarda para proteção da planta enquanto descansava sentada na escada. Ela havia andado demais para uma criança, e eu tinha pena de ter a feito fazer isso.
Coloquei Alex na cama retirei suas roupas, que se encontravam molhadas, para colocar um conjunto seco. Seu corpo era mais definido e trabalhado do que eu me lembrava. Cada detalhe era como se estivéssemos na nossa primeira vez, quando eu quis memorizar todos detalhes para sempre em minha memória. Tudo estava acontecendo de novo. Cada nova cicatriz, cada curva, cada pinta, cada pingo de água que escorria por seu abdômen mais que perfeito que me fazia perder o fôlego. Eu me sentia inebriada em um transe sem fim.
- Eu te amo Alex Bernoulli – Sussurro deixando uma lágrima solitária escorrer por meu rosto.
Termino de secar e vesti-lo e pego o kit de primeiros socorros para enfaixar seu pé. Cuido de cada ferida e depois dou alguns remédios. Desço até o andar de baixo e vejo Louise encolhida numa parte do sofá sem documentos espalhados. Ela abraçava a planta como se a vida dela dependesse daquilo.
Naquele momento eu me sentia uma péssima mãe, pois ela ainda sentia dores e alguns sintomas mais e eu não havia dado a atenção que ela necessitava. Mas era uma encruzilhada. Alex podia estar morrendo, eu não sabia pelo o que ele havia passado naquela floresta, e era tão inconsciente tentar melhorar o que ele estava sentindo.
Nossa!! Minha mente agora está uma bagunça.
Peguei as folhas de seus pequenos bracinhos, tomando o máximo de cuidado para não a acordar e fui até a cozinha fazer um chá daquilo para que ela pudesse beber.
Depois de alguns minutos de resistência, consegui convencê-la de que as folhas mágicas eram importantes e ela bebeu. Depois a levei para cima e lhe dei um banho. Coloquei ela na cama com Alex, pois a minha cama ainda estava completamente suja e eu não havia tido tempo de limpar e não estava com a mínima vontade de procurar um lençol novo pela casa nesse momento.
Depois de checar pela milionésima vez meus dois amores deitados ali, eu me entreguei ao sono ao lado de Louise que se aconchegava em Alex. Aquilo era como uma extensão dos meus desejos mais profundos. A coisa que eu mais queria. Uma família completa. Com os olhos fechados e me apoderando daquela situação, senti uma mão forte percorrer meu corpo e repousar uma mão em minha cintura me puxando ainda mais para aquele ninho de amor. Eu sentia a respiração de Alex perto do meu rosto e a de Louise próximo ao meu peito. Ela ainda estava entre nós e se aconchegava no meio de nosso abraço. Respirações calmas e sonhos lindos, assim começou mais um dia naquela ilha. Com todos indo dormir.
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S.W.A. 2 - Os Segredos Da Minha Verdade
RomanceLivro 1 DISPONÍVEL (S.W.A. 1 - As Mentiras De Uma Verdade) Livro dois da trilogia S.W.A. "- Acionem a Central em Ithaca. Encontramos a Ex-Agente Nataly Walter.... E ela é suspeita em um atentado terrorista." Após o sumiço proposital de Nataly...