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ALGUNS MESES ANTES...

       [Neste capítulo contém gatilhos, como estupro, palavrões e violência]


  Contabilizo minha vida com base em três momentos: Antes de eu o conhecer, durante o sofrimento por ele e depois que o deixei.

Após dezessete anos morando em Madrid, tivemos de deixar tudo para trás depois que um olheiro de um clube muito famoso da Inglaterra viu potencial em Ander num teste esportivo.

Gritar, chorar — nada foi o suficiente para convencer meus pais — fui obrigada à me desfazer de tudo que construí para seguirmos meu irmão caçula em seu sonho.
       
Eu só não imaginava que a cidade para qual iríamos seria o meu juízo final.

Apesar do clube que o contratou ter nos fornecido de tudo — casa, carro, facilidade para minha transferência de faculdade —, não é como se fôssemos aprender tudo de um dia para o outro, ainda mais com a diferença do idioma.

No entanto, dois dias mais tarde, recebemos a visita de alguns atletas da equipe, afim de nos dar boas vindas.

E lá estava ele, o meu cavaleiro do apocalipse.
Com a barba por fazer, um sorriso presunçoso destacando as covinhas nas bochechas e um sotaque de tirar o fôlego.

Seu nome era Andreas, um belga brasileiro de rosto angelical que se dispôs a nos ajudar com a adaptação ao lugar.

O problema é que desde a primeira batida descompassada em meu peito, eu sabia, algo alertava que aquele cara seria a minha destruição.
Ele não era muito mais velho que eu, mas a sua experiência com a vida era infinita.

Foi numa manhã de sexta feira, um ano e meio mais tarde — um dia antes de minha formatura —, quando recebo dezenas de mensagens com o link do The Sun.
A matéria? Um sextape.
Não uma mensagem pornográfica qualquer que as amigas te enviam por diversão; naquela mensagem compartilhada muitas vezes, meu rosto era destaque.
Eles sequer tiveram coragem de borrar minha imagem ao usarem a foto do perfil do meu Facebook ao lado daquela notícia.

Menage à lá Manchester" Não houve qualquer resquício de piedade daquele blog ao divulgar sua capa do dia com a notícia de que um dos jogadores do Manchester United, Andreas Pereira, teve um vídeo de sexo vazado com duas stripper's; ao lado do vídeo borrado (por que a imagem de mulheres da vida eram valiosas para serem borradas, mas a minha não), uma fonte dizia que ele iria pedir a namorada em casamento após sua festa de formatura;
Um dia após tê-la covardemente traído.

Não precisou de muito para aquilo se tornar um viral.
E ao me tornar uma piada na cidade —pelo menos já formada —, convenci meus pais à aceitarem que eu deveria partir.
                                                                             
E dois anos após deixá-la à contragosto, retornava à minha amada Madrid.

Desta vez, com a minha liberdade. — sem uma mãe narcisista ou um irmão controlador —, e pude fazer o quê quis.

Beijar, transar, beber, me divertir.

Experimentei dos melhores pecados carnais da vida, e num destes momentos de insanidade numa festa, fui pega com uma proposta de emprego tentadora.

E foi ali onde tudo começou.








                                                   

STRIPPER [GRIEZMANN] ✨Onde histórias criam vida. Descubra agora