q u a r e n t a & c i n c o

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ANTOINE

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ANTOINE

Massageio as minhas têmporas numa tentativa fracassada de aliviar a dor insuportável que me atinge em cheio.

Deslizo os dedos apressadamente.

Encaro cada canto daquele lugar opaco intitulado como hospital e desejo ser arrastado para longe dali. Ou talvez eu deva mesmo estar ali; não como um visitante mas como um paciente pois a cada minuto sinto como se estivesse mortificado mentalmente ou algo do tipo. Tudo que vejo é escuridão, caos, névoa e medo. Minha mente está perdida, presa num lugar escuro.

Meu filho era tudo que eu tinha. E eu o perdi.

Estava em meio a um treino físico com o restante da equipe do atlético cumprindo mais um dos rituais antes dos últimos jogos que cumpririamos na tabela quando sou informado por Torres que Érika estava indo para o hospital com meu irmão.
Eu ainda não queria olhar na cara de Fernando -encara-lo me trazia lembranças doloridas- mas aceitei o seu recado e fui liberado por Simeone para ir a encontro da mulher que casei.

Não fui poupado da notícia pelo médico geral quando cheguei no prédio, e tal pressão me deixou completamente destroçado. . . Érika havia sofrido um aborto. Ele havia nascido morto.

Eu sou o culpado. O único culpado -repetia para mim, repuxando os cabelos em meio a tudo aquilo.

Me esforcei mentalmente e fisicamente para não deixar que ela, Érika Choperena -ou minha esposa, como eu deveria considerar- sofresse qualquer tipo de estresse ou comoção mental que pudesse prejudicar sua saúde para que a gravidez corresse bem, para então descobrir que no fim, não adiantou.

No primeiro mês depois de abrir mão daquilo que eu considerava como minha vida, com a mulher que eu almejava... Sofri pequenos colapsos. Acordar encharcado de suor e trêmulo depois de pesadelos em que ela me deixava durante a madrugada havia tornado-se um hábito comum.

Pensar em Amberly e em tudo que poderíamos ter sido juntos -e não fomos, por minha causa- faz com que lágrimas fodidas deslizem por minhas bochechas. Eu grosseiramente as esfrego numa tentativa fracassada de obriga-las a voltarem.

Estava cada dia mais dificil não pensar nela em cada pequena parte de minha vida. Desde o café manhã à hora de deitar no travesseiro para dormir. Nem nem em sonhos eu estava livre.
Ela sempre estava lá.
Descobri durante aqueles dias tardios que ela havia significado para mim algo que nenhuma garota jamais havia conseguido antes. Meu amor. Meu primeiro amor que eu fodi regiamente em uma separação trágica.

Mas eu sabia.

No fundo eu sabia que aceitar o fardo de que eu teria um filho envolvia coisas e peseoas -cada ação com sua reação- dentre aquilo, eu teria de ficar com Érika. Por sua família, por minha família, mesmo sem ama-la ou sem me importar com ela.
Como eu pude ter ido de uma noite perfeita com a mulher da minha vida para casar com alguém que eu jamais iria sentir qualquer coisa além de consideração?
Mas eu fodi tudo na porra da minha vida.

STRIPPER [GRIEZMANN] ✨Onde histórias criam vida. Descubra agora