t r e z e

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                           ANTOINE

Estou sentindo cada parte de meu corpo reverberar com uma sensação esquisita em meu âmago; um vazio, um buraco, algo frívolo e escasso.

Eu fiz merda, é claro que fiz. É claro que ia fazer em um momento!

Ela havia acabado de me dizer palavras que eu precisava que alguém me dissesse. — Era como eu, exatamente igual. Ou tão problemática quanto.

Em um segundo estive com ela em minhas mãos, prestes a ter seu corpo, sua alma, toda sua devoção. Então agi movido à insanidade, por pré-julgamentos, rotulações fúteis que aprendi com essa vida horrível de fama.

É claro que eu fui idiota o bastante para achar que toda stripper/prostituta/acompanhante tivesse virado isso apenas por ter passado fome ou por não ter tido dinheiro, oportunidades de estudos, e etc.

Criei uma perspectiva tão limitada quanto à vida que nunca poderia imaginar que alguém com a vida praticamente feita entraria para esse meio libertino;

Mas... lá estava... Um soco forte em meu ventre.

Estava irritado — irado mesmo — e estava com raiva de mim mesmo também; Dividido entre arrependimento e compreensão, torcendo para que ela se dê conta que tive meus motivos para um pré julgamento, entretanto, eu também a dei motivos para acreditar que a taxava como um corpo escultural, um rosto bonito, mas zero de conteúdo.

Qual é o meu problema? Eu não devia me importar.

Eu a trouxe para este apartamento, eu fui atrás dela, eu a arrastei para toda essa merda estúpida que sabíamos que não daria certo. Eu dormi com ela!!! No meu tapete, na minha cama... Eu nunca havia dormido com nenhuma outra garota depois que entrei para essa vida badalada. Eu nunca havia sequer namorado.

No que eu estava pensando?

Até ontem, se tivesse me refeito essa pergunta, realmente a acharia burra. Ela era muito muito gostosa, e era linda, mas devia ser um protótipo desconexo.

Eu fiquei louco por seu sexo, seus gemidos, sua forma de demonstração ao ter e proporcionar prazer; E ela era bonita e tinha lábios carnudos como a porra de uma estrela modelo da Playboy. Um sonho juvenil eróticamente possível.

Então depois de toda aquela noite quente que tivemos, depois de todos aqueles atos pecaminosos, os sussurros vorazes, a troca carnal... Eu a peguei chorando, debrulhando-se como uma garotinha indefesa — tão diferente da mulher inabalável e calculista que conheci horas antes — e aí dei-me conta de que talvez eu estivesse errado. Talvez Amber não fizesse jogo duro comigo para querer me atrair buscando meu dinheiro ou fama, como a maioria daquelas garotas com quem ficava queriam, Amber realmente não me queria pois me considerava um problema. E ela já tinha seus problemas, pequenas mentiras que tornaram-se numa bola de neve que a encurralaram contra um beco sem saída. E foi nesse instante que eu senti a mudança em mim, que me senti obrigado a ajudá-la. Agi por puro impulso seguindo-a como um maníaco até o único aeroporto que julguei que a encontraria.

Acabei encontrando muito mais do que esperava.

E agora estou correndo atrás dela, eufórico, tentando me desculpar por ter sido um idiota, desesperado por perder a confiança que tive por minutos.

Eu a queria, a queria muito, e isso me assustava.

Bonjour, oui, oi. — comento para às três figuras em minha cozinha que olham com os olhos levemente arregalados. — Amber... Para onde ela foi?

STRIPPER [GRIEZMANN] ✨Onde histórias criam vida. Descubra agora