t r i n t a & n o v e

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Se sentir-se confuso com o salto de cenas da história, leia a introdução.

ANTOINE
-°-

Pego o meu carro e saio em disparada pelas ruas pavimentadas de uma Madrid anoitecida em direção a onde está meu coração.

O céu está escurecido e opaco, e eu percebo uma clara semelhança entre nós. Ambos possuintes de um gigantesca fortuna invisível, porém sozinhos e perdidos, habitantes de uma imensidão negra e aveludada dependentes de algo/alguém para que possamos nos manter iluminados.

Igualmente o céu precisa do sol para manter-se numa iluminação viva, eu preciso de Amber para me sentir claro. Perdê-la agora seria como viver num eclipse. Eu seria capturado novamente por aquela escuridão sem fim da qual eu não quero voltar.

Eu me sinto tão...fodido agora; Pois eu fui o culpado de toda essa merda estar acontecendo. Eu só não imaginava que iria me apaixonar tanto assim por alguém. Nunca havia me sentido desse jeito por ninguém antes e também nunca fui informado do quanto essa porra machucava.

Eu toco em meus lábios e tudo o que eu sinto é o gosto de seu beijo amargurado. O nosso último beijo. Uma lembrança dolorida da qual eu não quero levar comigo.
Eu preciso que Amber me perdoe.
Preciso que ela aceite ficar comigo mesmo que eu tenha que me humilhar para que isso aconteça.

Estaciono o meu carro no lugar habitual e sigo pelas portas duplas do prédio até o elevador onde o pressiono insistentemente até que as portas finalmente se fecham e estou a subir os andares até o meu apartamento com Amberly. Minha garota.

Eu a amo tanto.

Desde a primeira vez que a vi, eu era seu.

Ela me mostrou o quão diferente era das outras garotas quando não me pediu um mais. Todas queriam amor, relacionamento, mas Amber não. Ela chegou lá e me deixou fode-la inimaginávelmente apenas pelo prazer que poderíamos sentir entre nossos corpos. Não esperou eu dormir para tirar uma foto nossa para que caíssemos na mídia, ou implorou o número de meu telefone para humilhar-se por uma segunda foda mal-dada. Eu a tratei como um lixo, e ela me tratou como pouca merda. Eu me senti louco. Era absurdo as noites em que passei em claro pensando na forma que ela me tratou na casa de Godin. Eu não a tirei dos pensamentos depois daquilo. Queria ela.

O sentimento de conquista me bateu e eu sabia que tinha de investir nela. Só que ela apenas me usou quando eu pensei que eu estava usando-na. Mostrou-me o prazer ilícito, o ardor, o prazer físico e sentimental no oral mais fenomenal que eu já havia recebido. Amber sabia usar a língua, as mãos, os movimentos, suas curvas. Em sí era uma junção perfeita que poderia denominar-se facilmente como uma dessas deusas de sexo, mesmo quando já não significava apenas sexo para mim.

Mas em meio a toda perfeição, um defeito.

Ela se apaixonou por mim.

Eu não devia ter aceito isso. Eu tinha de tê-la dispensado quando isso aconteceu, pois assim como terminou o meu caso com todas aquelas garotas, eu sabia que seria o seu caos no fim. Eu era assim. Eu era um merda para todos ao meu redor.

Eu apenas não consegui lhe salvar a tempo.

Havia uma enorme diferença dela para as anteriores: Era recíproco. Eu dei a ela o meu lado amaldiçoado e ela ter me mostrado que eu merecia ser amado diante de todo aquele caos, fez com que me apaixonasse por ela também.

Eu só não sabia como agir, pois nunca havia me sentido daquela maneira. Fiz merda pois sabia que em meio a minhas merdas ela ainda me aceitaria pois me amava.

Se eu não tivesse conhecido o amor através de Amber, nunca teria descoberto a dor que eu causara em outras pessoas quando ela me deixou. Mas ela me fez sentir na pele. Assim como fez de mim alguém melhor quando estava comigo, me devastou quando me deixou.

Eu fiquei com outras pessoas quando isso aconteceu pois pensava que alguém poderia suprir a necessidade que eu tinha dela, mas num meio-termo, imprudentemente acabei engravidando alguém, mesmo quando eu sabia que o meu coração pertencia a Amberly.

Eu mereço sofrer no fim de tudo.

Eu só... Sei lá, quando pensava no passado de Amber como stripper me fez sentir medo de assumi-la. Fui covarde. Theo me disse que eu estava louco por pensar nisso mas eu acabei por sentir a pressão da mídia por ela e adiei aquele pedido que eu desejava ter feito todas as manhãs em que acordava do seu lado e a via me dar aquele sorriso amarrotado.

- AMBERLY -Grito.

Depois de bater dezenas de vezes na porta, eu começo a soca-la e gritar insistentemente pelo nome de minha garota.

Ela estava lá, eu sabia disso.

Provavelmente chorando num dos cantos daquele espaço, pensando no que poderíamos ter sido. Eu me sinto assim também. Mas nós já fizemos isso. Nós já vencemos os nossos medos e começamos do zero. Nós podemos ser felizes juntos.

- Sei que fui um merda, mas, eu te amo, Amberly. Ela... Ela não significa nada para mim, amor. Nunca significou. Eu sinto muito por ter complicado as coisas, não era a minha intenção te magoar.

Arrasto o meu corpo do lado de fora até o chão e fico sentado lá, com a cabeça apoiada nos joelhos enquanto choro desesperadamente.

Eu não aguentaria a dor de perdê-la.

- Amber, amor... -murmuro contra a porta, devastado. - Me deixe entrar e eu posso explicar para você. Só não... Desista de mim.

Do outro lado recebo nada.

Passam-se três minutos e nada.

Tudo está silencioso e eu começo a ficar desesperado. - AMBER -chamo uma nova vez começando a questionar se ela fez algo contra si.

Me levanto abruptamente e começo a bater com mais força contra a porta. Então decido tentar arrombar a maçaneta, mas quando a toco e a viro, ela facilmente se abre com o meu toque.

Aberta.

Entro no apartamento em busca de minha garota, decidido a fazer com que me perdoe mas encontro papéis e roupas jogados ao chão. Sigo a linha de bagunça em busca de um vestígio do que aconteceu naquele lugar e não encontro exatamente nada de Amberly nas gavetas.
Todos os seus documentos.
Todas as suas roupas.
As jóias.
Não havia nada ali.

- NÃO. NÃO. NÃO. -chuto o móvel de cabeceira derrubando o abajur, o vaso de flores e outras merdas fazendo com que os vidros tilintem num tom ensurdecedor.

Soco a parede com todo o meu ódio e caio de joelhos no chão em meio às lágrimas que brotam em meus olhos.

Ela foi embora.

Amberly me deixou pela segunda vez.

STRIPPER [GRIEZMANN] ✨Onde histórias criam vida. Descubra agora