t r i n t a

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Bebo o líquido do copo de uma só vez, sentindo a ardência entorpecer a minha garganta.
Contabilizo como o terceiro ou quarto copo desde que cheguei nesse bar, trinta e sete minutos antes do arbitro iniciar a primeira etapa do jogo.

"Griezmann não acerta um passe, caralho"

Basta aquele comentário para que eu perceba o ruído de um trio de rapazes com a camisa do Atlético que comentam sobre a partida e o quão aéreo Antoine estava. Pergunto-me se sou o motivo daquilo, e tenho a resposta quando pego o seu olhar, vendo-o através da televisão, posso vê-lo encarar um ponto em fixo toda vez que perde a bola para um dos caras do Manchester. A cabine -eu penso.

Ah, Antoine...

Fecho os olhos e sinto-me indisposta. Rodo o molho de chaves em meus dedos e suspiro, estupefata.

Afim de fugir, -me reprimir de sentimentos- peguei o carro de mamãe escondido e sai em busca de qualquer lugar que me pusesse distante daquele estádio.
Pensava que sair de casa me tiraria daqueles pensamentos, mas, bastou que eu fizesse a curva num amontoado de bares para que visse que todos estavam com suas TVs de plasmas conectadas no jogo importante para a Manchester.

Sentei-me no lugar mais afastado do bar, perguntando-me o porquê me sentia tão... afetada. Não, eu sabia a resposta daquilo. Eu estava afetada porque também estava apaixonada por Antoine.

No fim do primeiro tempo, o meu telefone começa a apitar e sinto-me mortificada quando vejo uma chamada de Ander. Recuso uma vez. Duas, e mais.

Peço o garçom para que traga mais uma rodada, e ele logo retorna enchendo o meu copo com o líquido alcoólico. Engulo em duas goladas, apática.

- ISSO, PORRA! CARALHO, DE GEA!

Um homem grita eufórico. Percebo que o jogo retornou e que Dave logo no princípio fez uma defesa incrível contra um chute de Torres.
Na jogada seguinte, o goleiro lança a bola para o meio onde no contra-ataque o time de meu irmão segue libertino até que a bola ultrapasse a rede, deixando Oblak caído ao chão e Lingard fazendo uma comemoração esquisita com Pogba.

Gol do Manchester.

Controlo a respiração e as batidas descompassadas de meu coração quando vejo-os comemorar. Meu irmão pula sobre o colega e no segundo seguinte a câmera foca em Fernando, Gameiro, Oblak e nele.

Tento não me importar, mas dez minutos depois lá estava o Manchester novamente, balançando as redes de Oblak com Zlatan Ibrahimovic.

Apoio o rosto sobre as mãos, intrigada. Algumas pessoas no bar comemoram, enquanto outros -os com a camisa do Atlético- fecham a cara.

- Mais um! -indico o copo para o garçom que enche mais uma vez, olhando estranho para mim. Desta vez é diferente de antes, pois minha mão começa a tremular e o copo cai no chão, fazendo com que olhem para mim de um modo estranho.

O garçom retorna com um sorriso sem graça e eu respiro fundo, afundada em vergonha. - Não se preocupe com isso -ele diz. "Você pode me trazer a conta?" eu digo.

Ele limpa o vidro e some em seguida, retornando com o papel em mãos. Estendo o cartão de crédito de minha mãe e ele faz todo o processo de pagamento.
Quando terminado, agarro a bolsa, o celular e as chaves e me levanto para ir embora. No percurso dou uma última olhada para a tevê e é automático como o destino brinca comigo pois é o seu rosto que aparece lá. Corado, desesperado e parcialmente nervoso. O cabelo dourado jogado na frente do rosto e um esboço de irritação.

Minhas pernas começam a formigar e sem que eu perceba, estou pisando firme em direção as ruas pavimentadas da cidade.
Gritos irritados preenchem as ruas no mesmo momento, volto a olhar para dentro do bar para ver um novo gol no jogo: o time visitante marca desta vez.

Ele. Antoine faz o primeiro.

Levo as mãos até o cabelo desesperada pelos pensamentos que me invadem. No fim, escolho contrariar o meu bom-senso, pois sem que eu possa debater contra mim mesma, o meu amor próprio joga a listinha de prós e contras fora e une-se ao meu coração, escolhendo ele.

Guiada pela loucura, dou sinal para um dos táxis que ultrapassam a via. Não posso dirigir alcoolizada, mas não vou deixar que até mesmo o álcool me impeça de desistir de Griezmann.

Eu não posso mais negar para mim mesma o que sinto por este homem. Não posso negar!

Eu o amo, e, acho que ele me ama também.

- Qual o destino?

O taxista pergunta.

- Old Traf...

Nem mesmo consigo completar toda a frase, pois sinto o meu corpo amolecer e tudo escurece.

STRIPPER [GRIEZMANN] ✨Onde histórias criam vida. Descubra agora