Os raios de sol ofuscantes que adentram pela parede de vidro me faz despertar num sobressalto. Espera! Parede de vidro? Ah, não. Não, não, não! Isso não pode estar acontecendo. Não comigo, não com ele, não depois de tudo aquilo...
Meu telefone está tocando em algum lugar do apartamento.
Tento tatea-lo com o olhar, mas acho que o esqueci na varanda.
Minha nossa! Megan deve estar surtando!
Apesar de toda a vida libertina, eu nunca havia passado uma noite fora no último ano — e além disso, ninguém me viu saindo do clube além dos seguranças, e é claro, minha companheira de apartamento com certeza pôde reparar que não acordou com os meus gritos desesperados nesta madrugada.
Espere aí.
Eu não tive o pesadelo outra vez. Pelo segundo dia consecutivo, não acordei aos berros e as lágrimas com as lembranças daquele estupro. Ao invés disso, sonhei com cabelos louros e olhos azulados. Cristo! O quê está acontecendo?
O telefone volta a tocar, tilintando um som irritante.
Me forço a levantar para ir de pressa atendê-lo, entretanto percebo que ainda estou com as mãos atadas por aquele cinto — e pior que isso, um braço torneado com a pele pálida completamente coberta por dezenas de tatuagens envolve meu corpo possessivamente e me mantém imóvel no tapete felpudo. Me obrigo a não olhar para o lado mas não posso evitar reparar que ele soa angelical enquanto dorme. A respiração contra meu rosto causa-me sensações inoportunas.
Intimidade.
Não podemos criar momentos íntimos. Isso nunca vai durar.
Tento me levantar, e o francês desperta num segundo.
— Bonjour, beaut — sussurra, os olhos levemente vermelhos.
Sem intimidade, sem intimidade, sem intimidade.
— Você pode tirar essa merda? —estendo as mãos em constrangimento.
Tentava muito não demonstrar minha falta de paciência. A noite havia sido incrivel e quente, mas, Como eu pude adormecer ao lado de Antoine Griezmann? Isto automaticamente me transformava numa one-night-stand.
Eu não queria ser uma one-night-stand. Não queria!
O telefone continua fazendo um barulho terrível.
Minha cabeça está doendo feito uma porra.
Bebemos demais ontem.
Minha nossa! Megan deve estar surtando!
— Fique calma, bebê — o louro desafrouxa a amarração e quando livre, corro até a varanda em busca de minhas roupas e do celular dentro do jeans.
Atendo sem nem hesitar.
— Oi, Megan. Fique calma, ok? Eu estou viva!
Quase grito, temendo o esporro de minha amiga.
Mas uma risada rouca e masculina preenche a ligação ao invés disso.
Andreas? Stevie? Papai? Mas eu sabia que conhecia aquilo.
Ah, não.
— Hmm, eu não faço ideia de quem é Megan e do por quê você estaria morta, mas já estive na faculdade antes... E se essa Megan for gostosa, não me importo mesmo em ser apresentado para ela. —a voz carregada de divertimento, o tom cafajeste... Eu o reconhecia tão bem. E estava sem palavras, sem palavras mesmo.
Dois anos inteirinhos e ele nunca me ligou.
— Ander — meu irmão caçula e rico e famoso — Que surpresa!
— Oi, cat.
— À que devo o prazer de receber a ligação de uma celebridade?
No fundo, gostaria de não ser arrogante com ele. Mas Ander ainda estava assombrando minhas memórias com aquela discussão idiota, lembro como se fosse hoje quando gritou comigo e disse que eu estava sendo estúpida ao fazer tudo que fiz com Andreas — que eu o estava matando, e me sentiria culpada.
Nunca me senti culpada, na verdade. Depois do que me fez, Andreas merecia morrer de todas as formas inimagináveis pela qual me matou.
Mas Ander mudou desde então.
E nunca me ligou, nem em aniversários, nem em comemorações de fim de ano, e quando eu fui visitar meus pais em uma fim de semana livre, ele mal frequentou a casa, disse que tinha treino para um jogo e alguma merda mas apesar de não entender de futebol, eu sabia que a temporada já havia acabado.
— Ei — Antoine surge na varanda e para na minha frente, olhando fixamente em meus olhos com uma pontinha de timidez — Tudo bem?
Balanço a cabeça em um aceno e ele tira uma mecha de cabelo de meu rosto, me deixando estática e apreenssiva com a aproximação repentina.
O sol bate contra seus cabelos dourados e o deixam perfeito.
— Nós estamos no aeroporto —- meu irmão indaga eufórico — Você vai demorar muito para vir nos buscar?
Pisco, tentando me dar conta de que isso não é um sonho.
— Aeroporto? Como assim? —balbucio.
Estou nervosa. Muito nervosa.
— Você não sabe? — posso escuta-lo perguntar algo ao fundo da ligação, e com a resposta, dou-me conta que as vozes indicavam que meus pais também o acompanhavam. — Porra, acho que estraguei uma surpresa, Amber!
Ai não.
Não, não, não, não.
— Nós acabamos de pousar em Madrid —Ander confirma o óbvio — Já que você não vai até a Inglaterra, nós viemos até você.
Estou fodida.
Dezenas de vezes fodida.
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STRIPPER [GRIEZMANN] ✨
FanfictionAlgumas pessoas foram feitas para serem amadas, outras apenas para ficarem nuas. +18.