v i n t e & q u a t r o

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  Irado, sento-me no banco de suplentes inspirando o máximo de oxigênio que consigo na maldita esperança de que o ar puro daquela tarde neblinada purifique meu corpo totalmente dominado por ódio desde que vi o número de minha camisa naquela placa de substituição. 

Estava a ponto de marcar quando aquele filho da puta daquele maldito lateral do Bilbao enfiou-se no caminho e então eu fui obrigado a fazer o quê deveria ser feito, dei a ele o quê me implorava desde o inicio da partida, o chutei sem dó; o quê, obviamente, me rendeu um cartão.

  — Você quase quebrou a perna do cara, Antoine — critica Gaitán, que já estava na vaga de suplentes. Reviro os olhos. — Teve sorte de ter sido somente um amarelo.

Criticas, criticas, criticas. Estava de saco cheio de todas elas.

De boas intenções, o inferno está cheio, não é? Onde estava esta maldita preocupação pelo que faço quando o desgraçado do Fernando passou semanas enchendo minha mente?

  — Vi na ESPN que estava em negociação com um clube chinês — comento preguiçosamente — Por quê não se preocupa em ir logo encher o cu de dinheiro numa liga fraca ao invés de tomar conta das minhas atitudes em campo? Você nem estará nesse time em breve. 

Sávic, que estava do outro lado, solta uma risadinha.

 — Ah, entendi — Ele sorri, não gargalha ou sequer se ofende, o quê me deixa irritado, pois sei que a resposta me deixará mal. — Está fazendo greve desde que a prostituta te largou, né? 

Não estou fazendo greve de sexo. Não estou sequer pensando em Amber, eu só estou...

Esfrego os dedos no cabelo em um ato de nervosismo que não consigo controlar. 

 — Diego, vou pro vestiário —Levanto sem aguardar por uma resposta de Simeone que praticamente me fulmina com os olhos por chamá-lo pelo primeiro nome. Na real, ele já estava furioso pelo placar zerado e eu ter pego um segundo amarelo no campeonato prestes à uma partida contra o Sevilla, tendo o Barcelona em sequência, só o deixa ainda mais possesso. 

Consigo ver o "não" em seus lábios quando passo ao seu lado, mas não me importo com outra punição. O treinador suplente coloca a mão na frente da boca para me pedir para rever as atitudes e seguindo por seu olhar de desespero, me dou conta que mais da metade das câmeras estavam viradas para mim.   

Faz dez dias desde que Amberly voltou para a Inglaterra. Dez dias em que descobri a significância dela para mim. Tormento puro.
Eu havia transado com várias garotas durante a minha vida. É como se a fama nos desse isso de presente. Mulheres, sexo, e todas essas merdas. Amber se tornaria numa dessas one-night-stand também. Eu nunca a tornaria uma esposa, pois ela em si abominaria isso. Quando eu a vi dançando daquele jeito pra mim, precisava fodê-la. E só. Porém, não me dei conta de que trazer Amber para a minha vida mudaria tanto. Eu poderia ter levado-a para um motel, trepado a noite inteira e depois cada um seguiria o seu caminho. Mas obviamente eu trouxe-a para a minha casa, preparei um jantar e tentei fazer do jeito certo por pena. Eu só não me dei conta de que ao fazer isso iria a conhecer tão bem; sua impertinência e seu caos grudados a meu jeito, e, os seus demônios tão combinados com os meus...
Ela era perfeita sexualmente falando. Não era só o jeito, o sorriso, Amber era uma máquina de sexo e não tinha restrições a nada. Eu tinha de manter ela por perto, de algum jeito.
Então veio a porra dos seus pais, a mentira, o Ander, e todos aqueles momentos em família que me deixaram tão afeiçoados e eu vi que estava fodido. Estava me apaixonando por Amber e não me dei conta disso. Foi aí que transei com Gabrieli na casa de Torres para mostrar a mim mesmo que Amber não importava para mim, mas na comparação, eu só senti ainda mais a sua falta e lá estava como um cachorrinho atrás dela, que não me dava a mínima. Porra, havia algo errado. Ela tinha de vir atrás de mim. Me idolatrar como todas as outras faziam... Amber tinha de me amar também. Como todas.

Torres me deu o número da puta da boate, e eu liguei apenas para consumar o ódio de Amber por mim. Eu não podia me importar com essa garota. Mas o destino é cruel, fatal e me fez salva-la de um assédio. Me fez sentir impotente e nervoso e desesperado. Eu não tive qualquer remorso ao bater naquele homem, mas tive ao ter incitado Amber a ir para aquele lugar.
Foi então que eu não poderia mais voltar atrás, pois estava de vez completamente de quatro por aquela garota. Mesmo que a mídia, as fãs, o meu empresário... Mesmo que todos ficassem contra, eu iria ficar com Amberly Herrera. Iria fazer dela a senhora Griezmann, mesmo contra sua vontade. Então ela foi embora, acabando com tudo. Comigo.

Eu nunca pensei que fosse sentir tanta falta de alguém como estou sentindo nos últimos dias.
Mas havia algo louco nisso, pois Amber havia ido embora, só que havia deixado a sua marca em mim. Em meus pensamentos e no meio de minhas calças. Há confusão nisso? Sim. Eu não sabia se a odiava ainda mais ou se a amava o dobro.

Três noites antes sai para beber com Carrasco e Godin num pub da cidade. Haviam garotas lindas por lá, e bastou alguns caras terem nos parado para pedir fotos que logo as groupies já caíram matando em cima dos três alvos desacompanhados.
Levei uma delas para o meu carro com o intuito de preencher momentaneamente a saudade que eu sentia do sexo de Amber, mas fui pego com a maior surpresa que tive na vida... Meu pau não subiu.
A garota de codinome Shelley, fez de tudo o que podia para me ajudar e nada acontecia.

Á princípio, achei engraçado. Me desculpei com ela, dei-lhe um beijo e fui embora. No dia seguinte fui numa boate com Oblak, e, na segunda tentativa com uma morena de olhos esverdeados, também não aconteceu. Envergonhado, voltei para o meu apartamento decidido a dormir, mas foi só deitar na cama que lá estava a maldita stripper em meus pensamentos uma nova vez.

Recordei vagarosamente do dia em que a conheci, na casa de Godin. Amber era a garota mais bonita que já vi e havia me levado a loucura como nunca fiquei antes. Seu toque, seu rebolado, a foda no banheiro...
De repente senti algo subitamente crescer entre as minhas pernas e só então tive a certeza da merda que estava acontecendo. - Ah, não! Você não está fazendo isso... -grito revoltado com o meu próprio membro, não acreditando.

Até o meu pau se apaixonou por aquela garota? Puta merda. Eu estava mesmo fodido.






NA CHEGADA DA QUARTA-FEIRA, dia em que seria anunciado o sorteio da Champions League, todos no Atlético pareciam nervosos e tementes.
Metade do elenco queria um time forte, para mostrarmos o nosso potencial ao mundo. Outra metade desejava que enfrentassemos um time mediano, temendo com o jogo.

Théo -meu irmão- era o meu acompanhante na reunião feita no Wanda Metropolitana para vermos quem seria o nosso rival na próxima fase.

Bayern de Munique, da Alemanha, foi o primeiro sorteado. Pegaria o nosso maior rival, Real Madrid.

Em seguida, Manchester City era anunciado como um duelo de país contra o Liverpool.

A campeã italiana Juventus enfrentará o Barcelona.

E então, chegava a vez dos últimos sorteados. Não precisávamos ser tolos para saber qual era o último clube que faltava além do Atlético.
Mas foi apenas quando o cara falou o nome Manchester United que a minha ficha caiu. - Puta merda, Grizi! -Theo grita eufórico.
Não era surpresa para ninguém o fato de Théo ser um fanático pelos diabos vermelhos. Mas havia ainda mais por trás disso dessa vez. Havia eu. Amber. Tudo que aconteceu. - Será que essa mina é um daqueles acasos loucos que Deus fez pra tu? -questiona meu irmão caçula, zombeteiro.

E eu começo a acreditar naquilo.

STRIPPER [GRIEZMANN] ✨Onde histórias criam vida. Descubra agora