t r i n t a & q u a t r o

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     Na noite seguinte, Antoine retornou e ficamos juntos por quase toda a semana; era como se toda sua rotina de compromissos tivesse parado apenas para que ficasse grudado ao sofá do apartamento assistindo alguma comédia romântica ou me pedindo para lhe ensinar a cozinhar.

E tudo aquilo soava como novo para mim.

Apesar do longo relacionamento com Andreas, nunca estávamos completamente sozinhos. Consideramos a ideia de morarmos juntos durante um tempo, entretanto, acho que a ideia do "compromisso" assustava à nós dois e acabamos por nunca o fazer até que chegara o término.      

Então surgia outra novidade.

Quando os caras do Atlético ligavam repetidas vezes para Antoine o convidando para bares ou boates, ele tranquilamente recusava, alegando já ter compromisso para aquela noite. Andreas, no entanto, me largava na primeira oportunidade para curtir com Jesse, Adnan ou Mat. 

Seria cômico de minha parte compará-los. 

Me sinto como uma adolescente idiotamente apaixonada.

E como não ficaria? Na primeira noite, ele apareceu com sacolas de supermercado cheias de mantimentos e vinhos; Ofegava e tinha os cabelos presos na testa pela quantidade de suor ao carregar as bolsas; parecia tão... normal. Tão Não-Antoine.

Num outro dia, me trouxe roupas numa sacola de uma marca/slogan que quase caí para trás. Também comprou muitos agasalhos alegando que eu devia estar sempre protegida do frio. Por um instante, me permiti sentir adorada com a preocupação em excesso; o agradecimento, no entanto, terminou numa trepada sob o balcão da cozinha que nos rendeu boas risadas.


    Como nada é perfeito, no terceiro e quarto dia de sua hospedagem, náuseas começaram. Forçava meu melhor sorriso do momento em que acordávamos até a hora dele ir treinar. 

No quinto dia, o choque de realidade me pegou e apenas um segundo após ele fechar a porta, vomitei por todo o chão da sala. Me forçar a tomar café apenas para que ele não desconfiasse de algo errado, se tornara cada vez mais difícil. 

  Estava na hora de contar, eu sabia, mas como o faria? Como seria sua reação? E se ele não quisesse ter um filho? Ou pior, e se achasse que eu me aproveitei da situação?

Não.    Antoine — meu Antoine — era altruísta demais para isso. 

Então esperei até que o Atlético de Madrid viajasse para uma partida contra o Barcelona para ir até o hospital próximo. Cheguei sorrateira, e depois de levar uma bronca gigante da obstetra por não ter ido antes, início finalmente o tratamento para a saúde do frutinho que cresce dentro de meu ventre. Meu pequeno pedacinho de amor com Antoine.

     Dizer que nunca pensei na possibilidade de ter filhos, seria mentira; Planejara um ou dois garotinhos com olhos azuis e cabelos escuros como os do pai — Andreas, claro —  A única pessoa que me despertara tais pensamentos. 

Agora, imaginar que esses pensamentos se tornariam em uma realidade de cabelos provavelmente louros e pele pálida, não coradas como um latino, era... Surpreendente. 




    Ao sair da clinica, mando uma mensagem para papai dizendo que finalmente visitei a obstetra, e que além de tudo estar bem, iniciaria tratamento com comprimidos vitamínicos. 

STRIPPER [GRIEZMANN] ✨Onde histórias criam vida. Descubra agora