v i n t e & u m

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 — Ei, menina, você não pode ir embora — o segurança grita quando corro.

Mas eu não dou a mínima.

Queria sumir; desaparecer para nunca mais ser encontrada, machucada.

Como pude cogitar me arriscar em tudo isso? Suas juras, todas elas não passavam de falácias treinadas para me arrastar outra vez para a cama.

Eu devia entender, não era digna para relacionamentos.

Todos ansiavam foder uma stripper, mas ninguém quer se casar com uma.

Antoine era um canalha manipulador, um desgraçado cruel que me fizera imaginar uma vida comum, com um cara comum e um relacionamento comum.

No fim eram apenas mentiras, mentiras e mentiras.

Enquanto caminho por ruas desertas sem me importar com nada ao meu redor, penso em tudo que acontecera, em tudo que poderia ter acontecido, em como as coisas seriam diferentes se eu não fosse o que fosse.

É errado ansiar ser amada e compreendida? Vago sozinha e silenciosa, chorando e me martirizando por tudo que tive de presenciar, pelo que tive de ouvir.

Meu provável dia mais importante do ano começava com uma humilhação pública; pessoas demais, vozes demais, gritos e ofensas. Aposto um rim que se os celulares não fossem proibidos, com certeza eu estaria estampando a minha segunda capa de tabloide. Um recorde pessoal. Duas cidades diferentes, dois caras diferentes, histórias tão parecidas, finais depressivamente iguais.

Talvez o problema seja eu.

Talvez eu devesse...

Não, não. Nem pensar.

Vagueio em meio a lágrimas e uma irritação profunda; quando finalmente chego em casa, o rosto manchado nem me dá o direito de esconder o que passara.

Megan vem até a porta e me envolve num abraço apertado.

— Eu sabia que isso ia acontecer! Acho bem feito!

Mia é pura ironia ao ver meu estado deplorável; por alguma razão, não consigo sequer lhe dar importância. Então ela recua um passo e me fita de novo, desta vez alterando sua expressão para pena e decepção.

— Você não seguiu o próprio conselho — murmura — Aquele dia, no aniversário dele, você disse para eu não me iludir, vociferou em um tom claro que caras como eles nunca ficariam com pessoas como nós, e olhe agora...

Fecho os meus olhos, envergonhada.

Mia estava certa.

Sou uma hipócrita. Uma maldita fracassada hipócrita.

— Diga o que aconteceu — Megan me afasta e me olha no fundo dos olhos. — Mia sabe sobre Benzema também e prometeu ficar calada; então, confie em nós, bê, nós podemos ajudá-la, somos suas melhores amigas!

Mas ao invés de me comover, me afasto, irritada.

— Você contou para Mia? De todas as pessoas no mundo, justo para ela?

— Não deveria? — Megan parece uma tola ao vociferar tais palavras, como pôde? — Independente de tudo, nós somos um trio, Amber. Mia tinha o direito de saber o por que você se tornou isso; e ela se arrepende de tudo que fez.

— Eu acho que você não deveria tomar partido por mim, Meg — E lá está a sua cara habitual, o nariz empinado, as sobrancelhas arqueadas — E quer mesmo saber, Amber? Eu não me arrependo de nada que disse no domingo. E não me arrependo de ter me encontrado com Antoine; e retifico que também não me arrependo de ter contado para toda a boate que você foi a garota estuprada. Sabe o que elas acharam disso? Quer mesmo que eu fale? Aposto que você sabe.

STRIPPER [GRIEZMANN] ✨Onde histórias criam vida. Descubra agora