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Amber

 Uma coisa tem me intrigado nos últimos dias. Eu poderia quase tê-la deixado passar despercebido, mas não... Não era algo a se passar despercebido.

Os pesadelos... Aquelas lembranças... Elas simplesmente... Sumiram.

Eu não sei explicar como, porquê... Apenas não sei.

Se estou voltando a minha lucidez, o quê estou fazendo aqui?

Se estou em sanidade, por quê aceitei sair com Antoine Griezmann?

— Conte-me algo sobre você, Amber. — ele agora se importa com minha vida?

Seu olhos permanecem fixos na estrada, na movimentação dos outros carros, mas por alguns segundos, posso jurar que sinto olhares de hesitação queimarem sobre mim.

— Sou uma dançarina de striptease. Acho que é a única coisa que faço bem.

Não pretendo criar laços afetivos com esse cara, então por quê responder?

— Sabemos que isso não é verdade.  —um sussurro malicioso.

Ele me quer para sexo, só para isso. Ele não se importa.

Eu não posso simplesmente esquecer de como ele me tratou, de como o surpreendi com Mia naquele camarim meia hora antes. Por que estou aqui? Por que não ela? Por que não Mia?

Há uma hora eu havia ligado para Andreas — há uma hora estava repetindo em frente a um espelho que não deveria me importar pois atletas eram cruéis e insensíveis e influenciadores e babacas, agora olhe só como sou uma bela de uma hipócrita por aceitar jantar com um destes caras logo após ficar sabendo que o mesmo pediu o número de Mia depois de nosso ato naquele banheiro, logo após flagrá-lo com ela naquele camarim idiota.

Burra. Você é sempre tão burra.

O destino sempre faz questão de esfregar, mas a Amber entende? Ela não entende. 

Mas que culpa eu tinha também? Eu estava nessa vida há um tempo, minha rotina era dançar nua — dançar e rebolar e contar notas de euros no fim de cada noite.

Não é como se todo dia um cara diferente me convidasse para jantar.

Não era por ele, por seu dinheiro ou seu status, eu apenas estava curiosa.  Nunca havia sido convidada para algo do tipo. Isso é tão louco! Fiquei por quase dois anos namorando um cara que nunca me convidou para sair para jantar. — com excessão aos eventos do Manchester United — ele nunca sequer tocava no assunto, nunca me deu flores sem uma briga de motivo ou me elogiou. Para Andreas, boates e camarotes em jogos de futebol ou basquete e lanches no McDonald's eram a suposição de romantismo. Quando via que eu não estava feliz com todas aquelas coisas, ele comprava jóias de marcas caras para me presentear — jóias que fiz questão de enviar para seu endereço quando voltei para Madrid. 

Convidar alguém para jantar parecia algo de uma época errada; havia tornado-se tão raro de o fazer. Ser jantada era a moda. Ninguém mais se importava com a conquista, ninguém queria saber sobre a afetividade de um tempo a sós durante uma refeição. Bem, eu sei que Griezmann não é o exemplo perfeito para isso, e é extremamente bobo usar desta razão um contra-argumento para estar com ele neste carro indo para sei lá onde, mas, eu tinha o direito de me sentir curiosa numa posição o único relacionamento sério que tive nunca fora desse tipo.

— Eu estou falando sério — Na pouca iluminação da estrada, seu rosto é uma comoção pálida no meio de sombras e pouca iluminação dos postes, o tom de voz está tão rouco e ávido que fico tensa — Estou mesmo interessado em saber mais sobre você, baby.

STRIPPER [GRIEZMANN] ✨Onde histórias criam vida. Descubra agora