Capítulo 11 - O apavorante som dos trovões

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O som quase ensurdecedor dos trovões fez com que eu me encolhesse na cama. Estava tremendo, com medo e apavorado. Sempre tive um pavor inexplicável de tempestades, e quando vi que não conseguiria dormir com aqueles barulhos martelando em meu ouvido foi que me levantei, arrastando comigo o meu inseparável ursinho de pelúcia que apelidei carinhosamente de Max — eu dormia com ele desde os meus sete anos, pois ganhei do meu avô e nunca tive coragem de me desfazer dele.

Andei pelo longo corredor, um tanto intimidado e me encolhendo sempre que ouvia o som do trovão que me fazia engolir em seco, e fui em direção ao quarto do meu avô, quase surtando ao me deparar com a porta trancada.

Abracei-me sem ter a menor ideia do que fazer e desci as escadas, sendo movido pelo meu próprio instinto. As luzes se acendiam conforme eu avançava e fui a passos lentos com as minhas pantufas arrastando no chão até os quartos dos empregados enquanto eu me perguntava qual era o de Ian.

Não queria voltar para o meu quarto sabendo que não conseguiria dormir.

Nem se fosse a última alternativa, eu me atreveria a ir até o quarto da minha mãe. Já coloquei o remédio para ela e provavelmente estaria dormindo. Tinha mais medo dela do que do trovão em si, então uma coisa jamais amenizaria a outra.

Portanto, a minha única saída era o Ian.

Deparei-me com várias portas todas iguais e fui na sorte, batendo na primeira delas. Catarina a abriu após um tempo, usava um roupão rosa e bobes azuis nos cabelos, o que não a deixava nem um pouco atraente. Não que ela um dia tenha sido, Catarina nunca encheu meus olhos, apesar de ser a mais nova dos empregados depois de Ian.

Haviam fiapos de seus fios castanhos nada elegantes escapando dos bobes que estavam tortos, provando mais uma vez a sua incapacidade de fazer algo direito.

— Aconteceu alguma coisa, príncipe? — perguntou, meio sonolenta, piscando os olhos azuis, que eram a única coisa bonita que ela tinha.

— Onde fica o quarto do Ian? — inquiri com a voz baixa.

— É o próximo — disse desconfiada. — Acho que ele está dormindo. O que o senhor quer com Ian uma hora dessas?

— Cuida da sua vida, Catarina — rosnei num tom grosso e rude. Odiava quando os empregados faziam perguntas como se tivessem o direito de terem as respostas.

Ela abaixou o olhar e a cabeça, como sempre fazia quando eu era grosso, e assentiu calmamente, forçando um sorriso que me deu nojo e fechou a porta, me desejando um rápido boa noite que nem me dei ao trabalho de retribuir.

Assim que ela me deixou sozinho naquele corredor mal iluminado, fui até a próxima porta e dei batidas fracas com as mãos úmidas, tentando controlar a tremedeira que tomava conta de mim cada vez que eu ouvia o som nada agradável dos trovões, que me provocava uma vontade inexplicável de me esconder embaixo da cama como uma criancinha assustada.

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