Mel e eu fizemos um acordo: cada um vivia a sua vida como bem entendia, sem se meter na do outro. Claro que ainda éramos obrigados a ficarmos juntos nos jantares e festas de gala que meus pais faziam questão de fazer, já que a coroação aconteceria em breve, me provocando um leve rebuliço no estômago.O casamento ainda não tinha data marcada, entretanto a coroação seria logo após o mesmo deixando tudo ainda pior.
Ian ainda ficava incomodado quando a Mel se aproximava, mesmo eu falando com todas as letras que não tínhamos nada. Pelo menos ela tinha parado de me agarrar em público, caso contrário Ian não ia acreditar no que eu tanto ressaltava.
Ainda bem que quando estávamos juntos não éramos interrompidos e o dia parecia ser mais curto.
Ian me levou mais uma vez ao orfanato e fiquei babando pela Jasmim de novo, fantasiando com o dia em que teria a minha própria e torcendo para que fosse tão linda quanto ela.
Algo em meu coração fez com que eu decidisse doar uma boa quantia para aquela instituição e entrasse em contato com pessoas que poderiam fazer uma boa reforma e desse um jeito naquele parquinho medonho.
Fomos também para um hospital para visitar umas crianças com leucemia e Ian levou o violino para tocar para elas. Confesso que senti um pouco de desconforto ao entrar ali, fiquei com medo de que aquele mero ar pudesse me contaminar, tanto que hesitei até mesmo em tocar na maçaneta com medo de que aquela doença estivesse impregnada ali também.
Quando pedi a Ian que me desse uma máscara antibacteriana antes de eu entrar, ele me xingou dizendo que eu era um insensível e que eu parasse de frescura porque o que elas tinham não ia passar para mim.
Ele ficou zangado comigo na maior parte do tempo e só voltou a dirigir a palavra a mim quando uma das crianças veio falar comigo e seu olhar temia que eu fosse magoá-la ou insultá-la.
Era uma menina com um rosto redondo e que possuía tubos no nariz e algumas agulhas no braço. Aquilo me deu um pouco de aflição, mas me concentrei na voz dela procurando esquecer a situação em que se encontrava.
— Você é mesmo um príncipe? — perguntou, com a voz fanha. Eram poucas as que conseguiam correr e brincar, Ian disse que aquela ala em especial era concentrada nos estágios mais avançados de leucemia.
— Sou sim — concordei, tentando dar o sorriso mais espontâneo do mundo.
Algo intragável estava preso em minha garganta. Era triste ouvir aquela voz fraca de uma criança tão pequena deitada numa cama mil vezes maior do que ela.
Não era apenas triste, era injusto.
E eu ali, passando meses me autodestruindo antes de conhecer o Ian, bebendo tudo o que tinha direito, deixando de me alimentar...
Tudo bem que eu tinha um bom motivo, mas nada justificava a minha falta de amor próprio, o quanto eu deixei de cuidar de mim apenas para preservar a imagem de alguém que nunca fui.
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Feche a porta quando sair ✅
RomancePLÁGIO É CRIME! É proibida a distribuição e reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor. Noah Chevalier tinha um plano: iria se casar, ter uma filha e assumiria o posto de rei da Ilha das Flores como sempre sonh...