Não consegui mais falar com Ian, porque cada segundo da minha vida foi preenchido pela Mel, que mal me deixava ir ao banheiro sozinho.
Sempre que eu conseguia poucos segundos para apenas cumprimentá-lo, ela corria e me dava um daqueles abraços esmagadores e Ian nos ignorava encostado no carro e com óculos escuros, me privando de ver sua real expressão.
Ele estava magoado, dava para ver isso e só de ele tratar Mel com naturalidade, como se isso não o ferisse foi que vi o quão forte ele era e o admirei ainda mais.
Se fosse comigo, eu não sabia se aguentaria. Ver Ian conversando com alguém já dava vontade de jogar uma bomba na tal pessoa, quem dirá ele abraçando e beijando a mesma. Só de pensar nisso meu punho já cerrava e meus dentes trincavam.
Isso não estava certo, eu e Mel não éramos compatíveis em nada. Eu não sentia nem um terço das coisas que Ian me provocava. Nossos beijos me davam ânsia de vômito e seu toque me fazia querer cortar os pulsos.
Eu tinha que contornar isso, caso contrário eu acabaria o perdendo. Ele ia desistir de mim e a única forma de não deixar isso acontecer era mostrar que eu jamais desistiria dele.
Ele abriu a porta do carro para que entrássemos e quando vi seu rosto, tive vontade de abraçá-lo, isso porque ele parecia inchado e sem vida, como se ele tivesse passado a noite insone ou chorando.
— Ian — tentei, antes que ele fechasse a porta e a segurei para que ele não concretizasse tal feito.
Não sabia se ele estava olhando para mim ou não, mas pude ver seu pomo de adão descer assim que engoliu em seco e suas mãos tremiam enquanto ele segurava a porta do lado oposto.
— Sim, príncipe — sua voz era engasgada, chorosa, mas ele parecia fazer força para que ela soasse o mais límpida possível e certamente não deu muito certo.
Me senti mal pela carga de formalidade que emanava de sua voz, como se tudo o que tivemos juntos não passasse de um sonho ou de uma memória distante que só aconteceu na minha cabeça. Era como se deixássemos de ser Noah e Ian e nos tornássemos apenas o príncipe e o motorista.
— Você pode... — cochichei baixinho para que Mel não ouvisse, mas ela me interrompeu com um abraço apertado, que me desequilibrou por alguns segundos antes que eu conseguisse formar as palavras.
— Para onde vamos, meu amor? — ela perguntou e vi Ian enrijecer como se estivesse sentindo alguma espécie de dor.
Ele não merecia isso, não merecia sofrer por minha causa e prometi a mim mesmo que falaria com ele a sós mais tarde, mas o pouparia de ter que conversar comigo na frente da Mel como se nada tivesse acontecido.
— Vamos para o Clube5 — falei, tentando fazer com que Ian protestasse ou algo assim, mas ele não o fez. — Nos leve para o Clube5, Ian — procurei colocar mais força na voz, para arrancar qualquer hesitação da parte dele e novamente nada disso aconteceu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Feche a porta quando sair ✅
RomancePLÁGIO É CRIME! É proibida a distribuição e reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor. Noah Chevalier tinha um plano: iria se casar, ter uma filha e assumiria o posto de rei da Ilha das Flores como sempre sonh...