Doze de Outubro, mais conhecido como o meu aniversário.
A música ainda não tocava tão alta ao ponto de explodir os meus tímpanos e mesmo sendo a minha festa de aniversário, nunca me senti tão deslocado.
Minha roupa era bem extravagante, daquelas que a um quilometro de distancia dava para notar que eu era um príncipe. Eu usava um traje que príncipes da Disney usariam, branca com duas fileiras de botões dourados, duas correntes ligando dois botões a um negócio esquisito no meu ombro, que também fazia parte da roupa exagerada.
Parecia que eu ia a uma festa a fantasia ou a um baile de debutantes. A única coisa familiar para mim era a minha coroa que permanecia intacta no alto da minha cabeça provocando inveja e cobiça em quem parasse para olhar.
Por isso eu adorava o meu aniversário, era engraçado ver as pessoas me cortejando e desejando por dentro terem a mesma vida que a minha achando que era fácil, que era legal.
A festa graças a Deus não era no salão, mas sim do lado de fora sobre a grama, — que finalmente se deram ao trabalho de aparar — onde haviam mesas e cadeiras forradas de vermelho e dourado cujos convidados se acomodavam depois de virem me cumprimentar.
Falei com todos mecanicamente, sem dar muita atenção. Eu sabia que a única pessoa que eu queria ver não estaria lá e isso fez as minhas esperanças de ter um aniversário perfeito murcharem na mesma hora.
Meus pensamentos foram afastados pela interrupção brusca da música e o palco de ferro dourado — que foi montado dias antes — se iluminando com flashes de luz revelando nada mais nada menos do que Ícaro Tramontini.
Cheguei mais perto do palco, ignorando as pessoas que viam me cumprimentar. Ele movia a sua cadeira de rodas motorizada apertando uma espécie de botão e com a outra mão segurava o microfone.
Engraçado que quando ele cantava não olhava para ninguém no palco, era como se todo mundo desaparecesse e só existisse ele e a música. Não pude deixar de notar uma coisa que ele segurava, parecia um colar porque a mesma era uma corrente em seu pescoço, mas naquela distancia eu não conseguia ver o pingente.
A voz dele tinha o poder de me acolher, de me mostrar que eu não estava sozinho. Esse era o poder que a música tinha, de te abraçar nos momentos mais difíceis e conversar com você como se fossem grandes amigos.
O show foi rápido, mas eu aproveitei cada detalhe. Chorei com algumas músicas, principalmente aquelas que eu cantava mentalmente no quarto tentando ignorar os toques da minha mãe.
Eu só queria que o Ian estivesse ali também, que pudéssemos ouvir aquilo juntos e ele finalmente compreendesse o porquê de Ícaro Tramontini ser tão importante para mim.
Um menino um tanto gorducho, que estava ao meu lado no qual eu nem tinha notado, correu até o lado oposto do palco assim que o show acabou e todos aplaudiram. Ícaro tinha falado meu nome antes de acabar, e por mais que eu tentasse, jamais esqueceria o som delicioso da sua voz me reconfortando.
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Feche a porta quando sair ✅
RomantizmPLÁGIO É CRIME! É proibida a distribuição e reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor. Noah Chevalier tinha um plano: iria se casar, ter uma filha e assumiria o posto de rei da Ilha das Flores como sempre sonh...