Batidas insistentes me acordaram na mesma hora e me arrastei preguiçosamente até a porta. Abri apenas um pouco, para que o intruso não visse o Ian dormindo atrás de mim.Sem disfarçar a minha sonolência, fitei a visita indesejada um pouco incomodado com a luz forte do corredor, que parecia queimar minhas retinas.
— O que foi? — resmunguei, coçando os olhos.
Quando levantei o olhar e vi Catarina me encarando foi que tive vontade de fechar a porta na cara dela e ela deve ter notado essa minha vontade, pois segurou a porta na mesma hora antes de falar em tom de urgência:
— Príncipe! — choramingou, sem esconder o desespero. — Preciso que o senhor venha comigo.
— Para onde? — perguntei, desanimado. Eu ainda estava meio grogue devido à sonolência. Prometi a mim mesmo que quando Ian inventasse de nadar às três horas da manhã de novo ele ouviria poucas e boas.
— Algo horrível aconteceu, o senhor tem que vir comigo — Ela fez menção em encostar em mim e me afastei, enojado. Sério, eu não evoluí tanto ao ponto de deixar Catarina me tocar daquele jeito.
— Para onde? — repeti. Eu não iria sair dali até que ela me respondesse. Pessoas que faziam suspense demais me dava vontade de bater.
— Eu sinto muito... — Ela começou a chorar e arregalei os olhos, temendo o que tivesse a dizer.
— O que foi, Catarina? Para de enrolar!
— O senhor Otávio... — soltou entre um soluço e outro.
Ela não precisava continuar, eu não queria que ela continuasse...
Mas Catarina e o seu incrível dom de me irritar conseguiu soltar aquelas palavras, conseguiu destruir tudo com apenas uma frase.
— Ele está morto — continuou, um pouco engasgada.
E foi ali que meu mundo despencou de vez.
*********
Bati a porta com força e na cara da Catarina enquanto acordava Ian aos gritos, jogando tudo o que eu podia no chão. Eu parecia mesmo uma criança transtornada, um verdadeiro furação Katrina.
Ian se levantou e correu até mim quando comecei a chorar alto.
Tudo destruído...
Eu me lembrava perfeitamente daquela pele enrugada, daquela voz sábia que sempre sabia o que dizer, que não suportava me ver infeliz...
A única pessoa que me aceitou de verdade, que nunca me julgou, que sempre me amou...
Essa pessoa não existe mais.
— Meu príncipe, o que foi? — Ian tentou, mas comecei a empurrá-lo, não queria falar com ele agora. Queria ficar sozinho, lidar com tudo sozinho. Sempre foi assim, por que daquela vez seria diferente?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Feche a porta quando sair ✅
Roman d'amourPLÁGIO É CRIME! É proibida a distribuição e reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor. Noah Chevalier tinha um plano: iria se casar, ter uma filha e assumiria o posto de rei da Ilha das Flores como sempre sonh...