Capítulo 5 - As três regras de um acordo improvável

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Acabei acordando mais cedo e, como estava um pouco mais frio, coloquei um moletom cinzento e substitui a coroa pelo capuz do mesmo.

Sentei-me na grama encolhido e tentando ignorar a ventania, enquanto me concentrava na música que tocava nos meus fones de ouvido, alta demais para que eu ouvisse o som da natureza.

O riacho da vasta propriedade Chevalier era sem dúvida um dos meus lugares favoritos, já que ninguém ousava me incomodar ali. As pedras eram de tamanhos variados, cobertas de musgos e bem escorregadias, tanto que já me machuquei em algumas delas em umas das minhas fracassadas tentativas de me divertir sozinho.

A cachoeira era tão hipnotizante que eu poderia ficar sentado por horas apenas observando aquelas águas cristalinas caírem em cima das pedras, deixando-as ainda mais escorregadias.

Pena que estava frio demais para um mergulho.

Desviei o olhar daquela paisagem maravilhosa e peguei o meu celular, feliz pelo idiota ter tido pelo menos o bom senso de ter me devolvido no dia anterior, e troquei a música, colocando uma do meu cantor favorito e me certificando de que repetiria infinitamente.

Eu nunca tinha uma música favorita, elas mudavam conforme eu mudava. Num dia eu podia estar gostando muito de uma música especifica de The Beatles, e no outro completamente obcecado por uma do Ed Sheeran.

Estava imerso em pensamentos quando senti alguém puxar meu capuz e se sentar ao meu lado.

Eu o encarei pelo canto do olho e tive que fazer leitura labial para entender o seu simples e direto ''E aí?''.

Não coloquei o capuz de volta e nem me atrevi a continuar olhando para ele, eu ainda estava irritado por ele ter me trancado no carro no dia anterior, como se pudesse ditar as regras sendo que era eu quem mandava em tudo e em todos.

— O que está ouvindo? — perguntou, puxando o fone do meu ouvido como se fossemos íntimos.

Aquela proximidade forçada dele me incomodava. Puxei o fone de volta sem falar uma palavra sequer.

Por que ele estava tão obcecado comigo?

— Você não tem mais o que fazer? — Me atrevi a dizer, olhando para ele com tanto desprezo que não entendi como ele ainda era capaz de sorrir.

— Eu perguntei primeiro — disse, como se estivéssemos numa brincadeira extremamente divertida. — O que está ouvindo?

— Ícaro Tramontini — respondi, bufando por dentro. — Agora vaza.

— Conheço ele — revelou, e senti ainda mais raiva por ele ter ignorado a minha ordem nada formal, mas ainda assim precisa.

— Não conhece não — Minha pele esquentou apesar do frio. Aquela voz calminha e bondosa dele me irritava tanto quanto aquele sorriso de comercial de pasta de dente.

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