Capítulo 38 - Terá que guiá-la sozinho

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Quando Ian chegou, eu já tinha me acomodado ali, tanto que já estava largado em sua cama com a minha camisa jogada no chão enquanto batia no travesseiro querendo que ele tivesse ao menos um terço do conforto que o meu tinha.

Assim que olhei para cima, me assustando com o barulho da porta foi que pude ver a rigidez em sua expressão, o desconforto.

Nada tirava da minha cabeça de que tinha algo muito errado com ele. Pelo visto a discussão foi ainda pior do que pensei.

- Ian? - tentei, a fim de arrancar qualquer reação dele.

Ele se sentou na cama e demorou um pouco para deitar ao meu lado. Nem ao menos tirou os sapatos, simplesmente ficou deitado ali e imóvel, encarando o teto como se todas as respostas do mundo estivessem lá.

- Tem como você me responder? - insisti, começando a ficar impaciente.

Ian continuou sem falar nada e franziu a testa como se um desespero tivesse se formando ali e ele tentasse conter tudo dentro de si. Fiquei um pouco bravo com isso porque eu não queria que ele ficasse guardando segredo e escondendo as coisas. Poxa, ele descobriu o segredo mais vergonhoso que eu tinha, o mínimo que ele podia fazer era compartilhar os seus também, desabafar. Ninguém aguentava carregar o mundo inteiro nas costas!

Quem sabe ele podia estar com raiva de mim e por isso não queria falar comigo, ou estava com nojo de mim. Era uma hipótese que me machucava, mas que não podia ser descartada porque era uma coisa bem compreensível.

Aos poucos, o rosto dele começou a mudar, como se uma nuvem negra tivesse pairando sobre a sua cabeça, sugando o sorriso que sempre admirei e dando espaço a uma careta estranha que despejou uma enxurrada de lágrimas que apenas me deixou sem reação.

Por alguns segundos eu não consegui fazer nada além de ficar apenas olhando o Ian se desmanchar em lágrimas, como se tudo dentro dele estivesse aprisionado por tanto tempo que chegou uma hora em que ele não conseguiu aguentar a barra, a represa arrebentou causando uma avalanche de dor que o fazia desmoronar diante de mim.

- Ei - murmurei, sentindo uma pontada aguda no peito. Da última vez que o vi chorar eu não tinha a mesma compaixão e o mesmo carinho que eu tinha por ele agora, então não fiquei surpreso com o fato de que suas lágrimas eram tão minhas quanto dele e eu só não achava isso estranho porque eu sabia que para o Ian era a mesma coisa, tanto que quando o meu avô morreu ele estava lá comigo sentindo uma dor que não deveria ser dele, até porque ele nunca tinha conhecido o meu avô de fato.

Chegando um pouco mais perto, eu o enlacei em meus braços como ele fazia comigo, deixei que apoiasse a cabeça em meu peito nu e me deixasse ser o seu suporte, a sua estrutura pela primeira vez na vida.

Ele sempre esteve ali para mim, o mínimo que eu podia fazer era oferecer o mesmo.

Ian retribuiu o meu abraço e me puxou para mais perto, cravando os dedos nas minhas costas, mas tomando o cuidado de não me machucar. Seu rosto estava enterrado em meu peito, como se eu fosse um travesseiro e ele quisesse sufocar um grito ou até mesmo mascarar a sua dor.

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