Capítulo 44 - Segredos bem obscuros

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 Antes que ela pudesse sequer começar a falar, eu a enchi de perguntas — pertinentes, é claro —, coisas que nunca tive coragem e nem interesse em perguntar antes

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 Antes que ela pudesse sequer começar a falar, eu a enchi de perguntas — pertinentes, é claro —, coisas que nunca tive coragem e nem interesse em perguntar antes.

Seus olhos continuaram cheios de lágrimas e ela não falou nada, simplesmente emudeceu, me deixando num vácuo vergonhoso.

Mas eu não desisti, continuei pressionando, perguntei o porquê de ela ajudado a esconder o meu relacionamento com o Ian e porque ele pediu para ela ficar de olho em mim quando ficou claro que ele não se importava.

— Eu o ajudei — sussurrou com a voz fraca, mal conseguindo formar as palavras. — Porque já passei por algo parecido.

— Você é lésbica? — minha testa vincou.

Para a minha surpresa, ela riu.

— Não, príncipe — disse com soluços que faziam seus ombros sacudirem de um modo que me deixava meio incomodado. — Meu falecido irmão tinha um relacionamento com outro menino.

— Seu irmão — confesso que me senti meio idiota depois e até tive um pouco de compaixão por Catarina — mas bem pouco mesmo. Eu sabia melhor do que ninguém como era perder pessoas, parecia que eu era craque nisso!

— Sim, o Raphael — pude sentir o peso que a rondava, a dor transparecida em seus olhos grandes e azulados. — Tenho dois irmãos, um deles faleceu há um tempo e foi por isso que vim trabalhar aqui, não suportava ficar na Ilha dos Camaleões me lembrando dele.

Ilha dos Camaleões. Nunca tinha ido para lá, mas eu sabia que era uma das ilhas que compunham Grande Sunshine e isso só deixou tudo ainda pior, porque se era difícil ser quem você era na Ilha das Flores, em Grande Sunshine era ainda mais complicado, porque Christian tinha leis muito rígidas e que combatiam e repeliam qualquer tipo de diversidade.

— Mas sei que para o Thiago foi ainda mais difícil — ela continuou, limpando as lágrimas intrometidas.

— Thiago é o seu outro irmão?

— Não, era o menino de quem o meu irmão gostava — explicou, com um sorriso no canto dos lábios. — Ele se tornou um grande detetive e sei que até hoje ele se sente mal pelo que aconteceu e ainda pior quando soube o que o meu irmão tinha feito por ele. Nem eu sabia na época, mas sei que ele queria muito ter a chance de tê-lo agradecido.

Fiquei ali inerte, me perguntando o que ele tinha feito pelo Thiago, mas Catarina pigarreou, um tanto envergonhada enquanto colocava o vidro de volta na maleta.

— Desculpe, príncipe — falou, encolhendo os ombros. — Acho que falei demais, deve estar cansado.

— Não — Eu a puxei pela manga de seu casaco que a deixava ainda mais magra. — Me conte mais dessa história.

— É melhor não — ela sorriu. — Não gosto de ficar falando dele, mas quero falar outra coisa com o senhor.

— Pode falar então.

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