Noah
— Grávido? — custou muito para que eu finalmente conseguisse dizer. — Isso é loucura, Ian, como...
— Na verdade não é — disse, num tom um pouco mais animado. — Comecei meu tratamento hormonal muito recentemente e com pausas longas demais. — Ele fez uma careta e sacudiu a cabeça, como se quisesse afastar essa ideia, como se não se sentisse confortável em falar sobre isso comigo.— Nem ao menos retirei o útero, então sim, é possível.
— Tem certeza? — perguntei, meio inseguro. Estava surpreso e tentando controlar a minha vontade de surtar.
Ian alargou o sorriso e apontou para a pia na qual se apoiava, revelando uma fileira do que pareciam ser testes de gravidez, todos positivos.
— Absoluta — confirmou, voltando a olhar para mim.
De repente, meu coração começou a entrar em colapso e senti meu corpo cambalear. Tive que me apoiar na pia para me manter em pé. Meus olhos se arregalaram e imagens começaram a surgir na minha cabeça, minha tão sonhada Jasmim...
Algo molhado começou a escorrer pelo meu rosto, só que mal notei, eu estava estático e paralisado como uma estátua. Fiquei me perguntando por quanto tempo ele escondeu isso de mim, quer dizer, eu estava tão preocupado com a possibilidade de perder a coroa por não poder gerar filhos com a pessoa que eu queria, que já estava até mesmo cogitando a ideia de fugir com Ian e seguir a vida como um cidadão comum.
A imagem que eu tinha da paternidade já tinha sumido de meus planos, se dissipado completamente e ter essa notícia justamente quando pensei que tudo estava perdido era sem dúvida uma espécie de milagre. Como se um anjo tivesse descido para dizer ‘‘Está tudo bem’’.
— E-e-e-e-eu vou ser pai? — gaguejei, mal conseguindo falar, tamanho era o meu choque.
Ian assentiu enquanto me abraçava para afagar meu rosto e oferecer seu ombro para que eu chorasse nele. Eu já não estava mais conseguindo segurar a emoção, as lágrimas saíam como se estivessem ali o tempo todo para aquela exata ocasião, apenas esperando serem expelidas.
— Nós vamos ser pais — sussurrou, no pé do meu ouvido.
Afastei-me dele para olhar melhor para a sua barriga, que ainda não estava protuberante, porém na minha cabeça eu já podia ver uma menina ali dentro. Com a permissão silenciosa de Ian, toquei sua barriga, soltando o ar ao fazê-lo. Ele usava uma camisa muito larga preta de uma banda completamente aleatória e puxei-a para cima a fim de poder encostar em sua pele e vê-la melhor.
Passeei os dedos por ela, soltando um gemido a cada toque. Claro que ainda não tinha nada, o bebê seria apenas um embriãozinho, mas na minha cabeça de ser sonhador demais, eu já podia sentir os pezinhos chutando em minhas mãos. Sim, eu já estava ficando maluquinho!
— Estou com medo — disse Ian puxando a sua camisa para baixo.
— Medo de que?
— Quer dizer, eu fico feliz por não ter retirado o útero, até porque se eu tivesse feito isso nós não iríamos poder ficar juntos, não sem você perder a coroa. Eu quase cheguei a fazer a cirurgia, sabe? Pensei que não valia a pena manter um útero sabendo que ninguém nunca iria querer ter um filho comigo — A expressão que ele fez foi de partir o coração, suas mãos tremiam e as segurei assim que notei. — Tenho medo de que isso não dê certo, parece que tudo na minha vida está fadado a dar errado, tenho medo de que isso também dê.
— Não, tudo vai dar certo, Ian. Vamos fazer isso juntos, eu e você.
Ele assentiu, ainda inseguro.
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Feche a porta quando sair ✅
RomancePLÁGIO É CRIME! É proibida a distribuição e reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia do autor. Noah Chevalier tinha um plano: iria se casar, ter uma filha e assumiria o posto de rei da Ilha das Flores como sempre sonh...