A esperança

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Ainda estava jogada no sofá pensando no quanto minha vida estava de cabeça para baixo. As meninas ainda não tinham voltado, mas ouvi leves batidas na porta e meu coração congelou.

Pensei que poderiam ser repórteres tentando me obrigar a falar ou o FBI querendo mais explicações.  Caminhei temerosa até a porta e espiei pelo olho mágico.

- Oh meu Deus! - pensei ainda sem acreditar no que estava vendo.

Olhei pelo menos mais umas 3 vezes e só então abri a porta. Era ele. Parado em frente a minha porta. Olhando para mim.

Minhas pernas bambearam e até imaginei que estava ficando louca. Afinal, não podia ser ele. Eu queria que fosse, mas não fazia sentido.

E aquela miragem continuou lá parada de jaqueta de couro, a mesma que eu tinha vomitado ha um tempo atrás.  Cabelos soltos e barba por fazer.

Mas se era uma miragem eu não poderia perder tempo ou ele desapareceria no ar. Então eu o abracei. Me agarrei em seu pescoço e suguei  toda essência que emanava dele. E sim! Sim! Ele era real.

Ouvi sua voz e fiquei atenta a cada pequeno detalhe, mas quando ele me beijou... Ahh... Não havia palavras ou formas de explicar tudo que senti.
Paz...
Euforia...
Alegria...
Sorte...
Era um misto de tudo, mas após o nosso beijo e após olhar para ele, minha realidade bateu de volta para mim, como um elástico quando puxado que retorna a sua origem trazendo a dor a tona.

Ele estava ali por mim. Tinha enfrentado Deus sabe o quê, para me encontrar e eu não podia ser egoísta. 

Minha vida estava de cabeça para baixo e eu não podia carregá-lo comigo para o fundo.

Juntei o pouco de força que tinha restado e disse que não podia e me afastei. Eu não encontraria forças se seu corpo estivesse próximo ao meu.

   A Amanda Lorrayne nunca poderia inserir alguém em sua vida nesse caos,  mas foi aí que tudo pareceu mais claro. A Amanda não poderia, mas e se eu me tornasse outra pessoa?

Isso não era nenhuma maluquice. Eu já tinha conseguido passar despercebida por diversas vezes. E com certeza poderia unir as duas coisas.

Contei a ideia para o James e ele a aceitou minha proposta. Nossa história ainda tinha esperança e estava muito longe do fim. E se ele sentisse um terço do que eu sentia com certeza conseguiria enfrentar tudo aquilo ao meu lado e o melhor de tudo, sem ser respingado por nenhuma gota de sangue.

Peguei o endereço dele e o deixei ir. Não podia arriscar nosso plano perfeito.

Quando a porta se fechou eu tive vontade de gritar. Pulei de volta para o sofá a abafei o grito com a almofada.  Em seguida me levantei. Pulei feito criança no sofá e sorri até minhas bochechas doerem.

Sim, sim, sim eu estava muito feliz.

- Amanda? Está tudo bem? - perguntou Carol assim que me viu pulando no sofá.

- Sim! - respondi me sentando e cruzando as pernas como se estivesse num jantar de gala.

- Achei que te encontraria aos prantos - disse Fabricia sentando-se ao meu lado.

- Se você soubesse o que estão especulando a seu respeito, acho que não estaria tão animada - continuou Francielly como se quisesse completar a frase da irmã.

- É tão ruim assim? - perguntei lembrando do agente Drake.

- Vou ligar a televisão! - disse Carol já pegando o controle e colocando na CNN.

Eu era a principal notícia. Minha foto estava ao fundo enquanto várias pessoas discutiam a minha participação nas mortes. Vi pessoas chegarem ao absurdo de dizer que eu provavelmente queria eliminar a concorrência.

- Eu nem sabia que essas coisas estavam acontecendo,  como posso ter participado? - perguntei ainda olhando para a televisão.

- Você deveria dar uma entrevista e contar sua versão da história - disse Fabricia de um jeito tão sério que quase não a reconheci.

- Verdade Amanda! - disse Carol segurando minha mão.  - Aceite dar uma entrevista e acabe com isso.

- Eu acho que estão certas, mas antes preciso falar com o agente Clark - e suspirei fundo. - Acho que ele pode me instruir quanto a isso.

- Hum... Está tão próxima assim do agente gatinho - disse Francielly me acotevalando.

- Ele é só um amigo! - respondi tentando conter os olhares delas.

- O cara é a versão do FBI do Super Man  - disse Carol e todas caímos na gargalhadas.

Eram brincadeiras bobas, mas eu estava amando nossa reaproximação.  Era como quando tudo começou.

Não podia contar a elas sobre o James, mas a ideia de dar uma entrevista esclarecendo tudo não podia ser descartada.

Eu sabia que aquelas notícias deveriam ter me deixado triste e paranoica, mas quando esses pensamentos ameaçavam vir a minha mente meu reencontro com o James os mandava para bem longe e enchiam meu coração de esperança e de amor.

Agora me sentia pronta para enfrentar o mundo.

  

O Colecionador de BorboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora