A Dúvida

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Aqueles foram o trinta e nove minutos mais rápidos da minha vida. Não me sentia preparada para falar com o James.

Eu não fazia a menor ideia de como poderia iniciar aquela conversa. Não sabia se devia ter medo dele.

E se fosse real? E se ao descobrir que eu já sabia a verdade ele se transformasse no assassino frio e cruel que tinha matado todas aquelas mulheres?

E se a Fran estivesse presa em algum comôdo daquela casa desesperada e esperando apenas que eu contasse onde ele estava para ser salva.

E se o James fosse inocente e estivessem tramando contra ele?

Eram tantas suposições que eu estava caminhando rumo a casa dele completamente desnorteada. Conseguia sentir meu estômago queimando e minha boca seca.

Era quase como estar no final de um episodio de Criminal Minds. E eu só queria ter um dos agentes ao meu lado me dizendo o que deveria fazer. Ou que pudesse ver o resumo do que estava prestes a acontecer.

Quando cheguei em frente a porta da casa dele, eu respirei fundo e bati na porta.

Estava tremendo e sentia minha visão ficando turva. Uma sensação desesperadora de medo tomava conta de mim como se uma película invisível estivesse me envolvendo por inteiro. Era sufocante.

James abriu a porta e sorriu para mim. Sorriu com um daqueles sorrisos que são capazes de nos desmontar por completo.

Quando ele foi me beijar eu me esquivei. Foi um movimento involuntário, mas que o fez mudar completamente.

_ Está tudo bem? _ perguntou abrindo a porta para que eu entrasse.

_ Você matou a Susan? _ perguntei sentindo meu coração pulsar dentro da minha cabeça.

_ Não_ respondeu com tanta convicção que se estivesse em um episodio de Lie To Me, diria que ele estava dizendo a verdade.

_ Acho que você deveria entrar _ disse abrindo espaço para mim.

_ Para você me matar também? _ perguntei já sentindo meus olhos aderem. _ Como você pôde mentir para mim? Eu realmente achei que o que tínhamos era real _ gritei.

_ É real _ disse tentando incurtar a distância entre nós.

_ A polícia me mostrou as fotos do assassinato da Susan e elas são idênticas às das garotas assassinadas aqui! Quer que eu acredite que é uma coincidência?

_ Eu sei o que parece, mas não fui eu. Eu nunca seria capaz de algo assim _ disse com aquele olhar sincero que tinha feito eu me apaixonar. _ Me deixe contar a minha versão da história e ai você poderá decidir em quem acreditar.

_ Eu quero ouvir _ No fundo ainda estava apavorada, mas precisava ouvi-lo.

_ Quando voltamos para a pousada eu queria ter feito você entender, queria ter explicado que ouvir você dizer que me amava tinha feito eu me lembrar da minha irmãzinha, mas eu fui um idiota e deixei você ir. Fui para o bar da poudasa e Susan discutiu comigo, mas esse foi o único momento em que eu a vi. Voltei para o meu quarto e dormi, mas quando acordei e fui procurar por você, a camareira disse que já tinha ido embora. Fiquei louco e tentei fazer recepcionista me dizer para onde você tinha ido, mas ai a polícia apareceu e disseram que a Susan estava morta e que eu era o culpado.

Escutei a tudo tentando prestar atenção em cada palavra, queria de todo meu coração acreditar, mas como faria isso?

_ Fui jogado em uma cela e nos interrogatórios tive a certeza que eles não estavam dispostos a acreditar em mim, mas meu pai apareceu e me ofereceu ajuda _ continuou ele.

_ Seu pai bêbado? _ perguntei ainda mais confusa.

_ Ele não era um bêbado, aquela historia sobre ele era só uma forma de falar da morte da minha mãe sem admitir que ela estava doente!

_ E como posso saber que tudo que está dizendo agora não é pelo mesmo motivo?

_ Eu sei o que parece, mas quando contei a historia deles eu não imaginava que me apaixonaria por você _ pausou para olhar para mim. _ Meu pai me tirou da cadeia e me trouxe para essa casa, foi quando descobri pela internet onde você estava e acabei descobrindo os casos de assassinatos que envolviam você!

_ Sua história não faz nenhum sentido, eu não consigo acreditar _ disse fechando os olhos enquanto as lágrimas saiam sem que pudesse conte-las. _ Por que fez isso comigo? Por que? _ gritei.

_ Olha gente eu ouvi tudo ali de trás da porta, sei que não é o certo, mas vou ter que interferir _ disse uma garota estranha saindo de um dos quartos. _ Eu sou a T-Byte, prazer!

_ Quem é ela? _ perguntei ainda sem entender nada.

_ Eu já disse T-Byte! _ respondeu ficando entre nós. _ Olha Amanda eu conheço o James a menos tempo que você e em hipótese alguma duvidaria da inocência dele, poxa! O cara coleciona borboletas! _ e revirou os olhos. _ Alguém está armando para ele e vamos provar isso.

_ Eu queria acreditar, mas não da! Todas as provas apontam para você _ disse tentando ignora-la.

_ Você me lembra a Rose do Titanic, pobre menina rica e bla bla bla bla. Com a diferença que ela acreditou no Leonardo de Caprio mesmo quando tudo levava a pensar o contrário! Não que voce vá morrer congelado James, apesar que essa daí pelo jeito também não dividiria a porta!

_ Chega T-Byte! Eu não posso obriga-la a acreditar em mim, nem sei se eu acreditaria! _ disse a fazendo se calar.
_ Essa é a minha história, mas vou entender se quiser me entregar a polícia!

_ Ficou louco James? _ gritou T-Byte.

_ Nos deixe sozinhos, por favor _ disse para ela.

Assim que ela saiu ele abriu a porta para mim.

_ Tome muito cuidado e faça o que quiser, respeitarei sua decisão _ Passei por ele ainda sem ter a menor ideia do que deveria fazer. _ Eu amo você! _ soprou em meu rosto pouco antes de fechar a porta.

Fiquei paralisada naquela porta. Estava ainda mais confusa que antes.

Ele era o assassino?
Ele era inocente?

O Colecionador de BorboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora