Por que?

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_ Não precisa ter medo de mim! _ falou enquanto todo meu corpo tremia.

_ Vai me matar também? _ gaguejei.

Ele deu uma gargalhada. A mesma que tinha me feito confiar nele.

_ Você é diferente! Acha que fiz tudo isso por elas? _ respondeu olhando a nossa volta enquanto tentava parar meus tremores massageando minhas mãos.

Eu queria gritar, mas novamente o medo foi paralisante.

_ Então o que vai fazer comigo?

_ Acho que antes preciso começar a história do início! _ e sorriu novamente. _ Você entenderá no final.

Eu apenas fechei os olhos a espera do que ele iria dizer.

_ Seis gerações da minha família foram do FBI, todos com cargos de prestígio, mas esse não era meu sonho. _ mantive meus olhos fechados enquanto ele falava. _ Minha mãe já  sabia que eu era diferente, mas ela me amava demais para admitir isso para outras pessoas, então ela decidiu que eu precisava morrer, ela queria me libertar... _ consegui sentir o sorriso dele mesmo com meus olhos fechados. _ Porém ela não queria que eu fosse sozinho, ela disse que faríamos juntos e que não sentiríamos dor, mas eu não estava pronto ainda e apesar dela ser a única pessoa que cheguei mais perto de sentir o tão famoso e aclamado amor, eu não pude ir com ela.

_ Você matou sua mãe? _ perguntei por reflexo ao abrir os olhos.

_ Eu a libertei, mas depois disso um grande vazio me invadiu, eu queria sentir alguma coisa de novo, sentir o que sentia por ela e mesmo adulto, mesmo trabalhando para o FBI e sendo acobertado pelo meu pai durante todos esses anos, nada, absolutamente nada me fez voltar a sentir _ seu olhar escureceu enquanto serrava os punhos. _ Mas aí depois de um problema interno, meu pai me obrigou a ir até a Doutora Dunan, mas em seu consultório particular para não chamar atenção, ele temia que o nome da família fosse manchado por minha causa, e foi quando tudo mudou e eu vi você entrar chorando no consultório. Algo mudou dentro de mim e foi quando me lembrei da minha mãe. _ ele engoliu seco. _ Fiquei atrás da porta e escutei o quanto você desejava se libertar e essa era minha chance de pelo menos dessa vez cumprir a promessa que tinha feito a ela! Eu posso realizar seu sonho!  _ e voltou a sorrir daquele jeito que me dava arrepios.

_Eu não quero mais morrer! Por favor não faça isso! _ implorei sentindo as lágrimas do desespero voltarem a encharcar meus olhos.

_ Eu confesso que perdi um pouco do controle quando você não apareceu no consultório! Eu não conseguia te encontrar então... _ ele revirou os olhos. _ Enquanto te procurava decidi testar o seu sonho!

_ Matou todas elas como um teste? _ Oh meu Deus! Ele era ainda mais louco do que tinha imaginado. _ Como pôde? _ gritei sentindo meu estômago revirar. Estava cada vez mais nervosa.

_ Mas não foi tão difícil descobrir onde você estava e aguardei ansiosamente sua volta, o que não aconteceu! _ ele voltou a ficar nervoso e a apertar a minha mão com mais força. _ Eu hackeei seu telefone antes que o desligasse e te encontrei no Brasil, Chapada Diamantina! Mas... O Colecionador atrapalhou tudo! _ gritou apertando meu queixo com força. _ Ele se envolveu entre nós e por isso a liberdade não chegará para ele e sabe por que? _ e voltou a  sorrir de um jeito relaxado. _ Porque vou garantir que ele passe o resto da vida em uma prisão!  _ e voltou a gargalhar!

_ Não faz isso, por favor!  Eu imploro!

_ Não há como evitar, então curta sua estadia! _ falou se levantando e indo em direção a porta.

Eu tentei alcançá-lo mas o solavanco da corrente me jogou no chão.

_ Socorro, socorrooooooooooo _ gritei a plenos pulmões, mas sentia que ninguém poderia me ouvir!


O Colecionador de BorboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora