Queria ter passado mais tempo com o James, mas tinha que voltar para casa.
As meninas fariam muitas perguntas e quanto mais demorasse , mais seria difícil respondê-las sem ser pega em alguma contradição.- Eu preciso ir embora - disse entre um beijo e outro.
- Queria poder te fazer ficar - pausou para olhar para mim. - Mas você terá um momento difícil hoje e não quero atrapalhar.
- Você iria fazer tudo hoje se fosse comigo, menos atrapalhar - sorri ao vê-lo sorrindo também. - Mas eu não quero que se preocupe ou que vá até lá, porque eu já me sinto mais forte só de saber que vai estar bem.
- Você vai se sair bem, só precisa escutar com calma cada palavra antes de responder, para não se contradizer ou falar demais.
- Vou seguir seu conselho Colecionador - e o beijei de novo. Não me cansava de fazer isso.
Era tão natural quanto respirar, ou quanto o movimento das asas de uma borboleta ao voar.
- Posso vir amanhã até sua casa? - perguntei já tramando nosso próximo encontro.
- Pensei em irmos almoçar juntos - respondeu rápido demais para alguém cheio de pausas.
- Seria ótimo- respondi tentando ignorar minhas paranoias.
Se ele não me quisesse onde estava hospedado, não teria me dado o endereço.
- Seu amigo não gosta muito de visitas? - perguntei curiosa.
- Ele é discreto... Gosta de privacidade - respondeu me estendendo a mão para levantarmos.
Caminhamos juntos no sentido contrario ao de onde tínhamos vindo. Ele parou um táxi para mim e me beijou demoradamente, quase como se estivéssemos nos separando de novo.
Não gostei da sensação de pensar assim. Eu não queria e nem poderia perdê-lo agora que estávamos juntos de novo.Seria injusto...
Seria cruel...Entrei no táxi e o vi se afastar enquanto James continuava lá, parado e olhando para mim como se essa fosse a última vez.
- Deixa de ser paranoica Amanda, está tudo bem, está tudo bem...
- Disse alguma coisa senhorita? - perguntou o taxista ajeitando o retrovisor.
- Não, só pensei alto - respondi me recostando de novo no banco.
Assim que cheguei a entrada do prédio, fiquei observando aqueles repórteres falar da minha vida como se eu fosse apenas uma notícia. Ninguém parecia se importar com a pessoa real.
Passei por todos sem ser reconhecida e ao chegar na porta do apartamento, retirei a peruca e entrei.
As meninas estavam empoleiradas no sofá olhando para mim.
- Amanda, onde você estava? - perguntou Fabricia.
- Saí para tomar um ar - respondi tirando as sandálias.
- Ficamos preocupadas - disse Carol vindo na minha direção. - Tem um louco a solta querendo te matar e aí você some, o que imaginou que íamos pensar? - concluiu com a respiração irregular.
- Ficamos assustadas Amanda - disse Francyelli.
- Me desculpem, vocês tem razão, eu não poderia ter saído assim - disse me sentindo culpada. - Eu só não aguentava mais ficar presa aqui.
- Entendemos você, mas não faça mais isso, por favor - continuou Carol.
Me sentei no sofá e disse a elas o meu plano de contar a minha versão da história no NBC Nightly News. Elas aparentemente esqueceram toda chateação e ficaram empolgadas com a ideia.
Afinal todas iriam aparecer na TV, nem que fosse em um pequeno resumo sobre mim.
Passamos o restante da tarde numa discussão supérflua sobre a roupa que usaríamos. Escolhemos roupas sóbrias e em tons escuros para demonstrar respeito aos parentes das vítimas.
Saímos juntas por entre o mar de repórteres tentando ouvir algo para lançarem como um furo de reportagem. Os policiais enviados pelo agente Clark nos salvaram de sermos engolidas por todos aqueles urubus.
Fomos no carro da polícia até o estúdio. Quando desci do carro me surpreendi ao perceber que o motorista era ninguém menos que o próprio agente Clark.
As meninas começaram com os risinhos sarcasticos. Insinuando sempre que ele não estava olhando, que havia algo a mais entre nós.
Não desmenti para não atrair mais atenção sobre com quem eu poderia estar na fuga da manhã.
Fomos escoltadas até o estúdio 3 e entramos sob olhares curiosos, mas respeitaram meu espaço.
As meninas ficaram sentadas próximas a bancada e eu fiquei frente a frente com o âncora queridinho da América, Lester Holt e sua parceira Kate Snow.
- Entraremos no ar em 15 segundos - escutei uma voz dizer por trás das câmaras.
Olhei rapidamente para o estúdio e vi dois policiais próximos a entrada e o agente Clark ao lado das meninas, com uma expressão serena e relaxada.
Senti como se borboletas fossem sair do meu estomago, abrindo espaço com uma furadeira. Estava acostumada com as câmaras e com o ambiente frio de estúdios, mas dessa vez era diferente.
Todos os olhos estariam voltados para mim e mesmo que não quisesse pensar nisso, os olhos do assassino também estariam.
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O Colecionador de Borboletas
Mystery / ThrillerAmanda é uma modelo de sucesso em Nova York, que se vê perdida num mundo em que muitas garotas sonham em viver. Após ler um livro inspirador, ela decide copiar a personagem principal e foge para a Chapada Diamantina, onde ainda no caminho conhece...