Sem Saída

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_ Senhorita Amanda? _ ouvi a voz de uma mulher, mas minha visão ainda estava turva e os zumbidos no meu ouvido não tinham passado. _ Está tendo uma crise de ansiedade,  preciso que concentre-se na sua respiração, respire fundo e vá liberando o ar bem devagar. _ Ela falava enquanto segurava minhas mãos.

Eu tentei fazer o que ela havia pedido, mas minha mente estava confusa. Era difícil discernir qualquer coisa.

_ Amanda preciso que você fale onde o James está escondido _ disse tentando me fazer olhar para ela.

_ Quem é você? _ perguntei ainda tentando digerir o fato de ter ouvido o nome dele novamente.

_ Sou a agente Maciel,  mas pode me chamar de Ana Clara. Eu estou aqui para te ajudar, mas para que eu consiga preciso que me diga onde ele está!

_ Eu não sei! _ Eu não podia fazer isso com ele. Tinha certeza que havia uma explicação para tudo aquilo.

_ A vida da senhorita Francielly Rosne depende de você agora _ disse me fazendo olhar para ela novamente. _ Quanto mais tempo você demorar a nos contar, mais perigoso fica para ela e para você!

_ Eu quero ir para casa, por favor! _ disse olhando para os lados, tentando encontrar o agente Clark.

Ele não estava em lugar nenhum. E eu precisava dele. Não confiava em mais ninguém.

_ Amanda, vem comigo! _ disse o agente Clark me ajudando a levantar.

Fiquei tão feliz ao vê-lo que o abracei forte.

_ Me tira daqui, por favor! _ implorei.

_ Claro! _ respondeu me guiando pela delegacia.

_ Agente Dowson! Não pode leva-la! _ disse a agente Maciel se colocando entre nós e a porta.

_ Deixe eles irem _ interrompeu o agente Drake, abrindo passagem para nós.

Pela primeira vez na vida fiquei feliz por ele estar lá.

Passamos pelos fundos e o agente Clark me ajudou a entrar no carro. Deitei no banco e fechei meus olhos. Estava tensa, mas conseguia ver claramente cada momento importante que tinha passado com James.

Seu sorriso, seu olhar sincero, seu beijo. Cada lembrança me mostrava que era impossível que tudo aquilo que a polícia dizia fosse real.

James nunca mentiria para mim e muito menos mataria alguém. Um homem que preferia colecionar pinturas de borboletas para que elas não morressem, nunca seria capaz de todas aquelas atrocidades.

Quando o carro parou, o agente Clark abriu a porta e me ajudou a descer. Entramos no meu prédio pela porta dos fundos. Conseguimos chegar ao meu apartamento sem muitos problemas, mas antes de entrarmos ele segurou meu braço.

_ Amanda, eu prometi ao agente Drake que faria você falar _ disse me olhando como se fossemos velhos amigos.

_ Eu vou conversar com você e contar tudo que sei, mas preciso digerir isso_  respondi ainda desnorteada.

_ Eu entendo, mas precisamos salvar a vida da sua amiga e acho que ela não tem conseguido digerir isso muito bem se ainda estiver viva.

_ Eu posso pelo menos tomar um banho antes?

_ Está bem _ disse após um longo suspiro.

Entramos no apartamento e fui direto para o meu quarto enquanto ele se sentava no sofá. 

Ao entrar no quarto tranquei a porta e me sentei na cama ainda sem saber o que fazer.

Eu não poderia falar tudo que sabia sobre o James sem antes confronta-lo. Mas como iria até ele?

Como poderia sair daquele apartamento?

Estava completamente sem saída!

Mas ao ir até a janela me lembrei que alguém tinha conseguido invadir meu quarto exatamente por ali. Então não era impossível que eu também conseguisse.

Coloquei o mesmo disfarce que tinha usado na primeira vez que tinha ido ver o James. Ajeitei a peruca loira e desci pelas escadas de incêndio.  Parecia bem menos perigoso que fugir pela janela do banheiro.

Saí pelos fundos do prédio, e corri pelo menos uns dois quarteirões antes de parar um táxi, queria ter certeza que não me seguiriam.

Fui por todo caminho me apegando a ideia que tudo aquilo era um mal entendido e que James me explicaria tudo.

Do fundo do meu coração eu não conseguia acreditar que era ele.

O Colecionador de BorboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora